Se ontem não pôde assistir, hoje não perca: em Portimão, há este sábado mais dois espetáculos de novo circo ao ar livre, o primeiro às 19h00 (“Horizon”) e o segundo às 21h30 (“La Spire”).
O final de tarde na zona ribeirinha de Portimão (19h00), junto ao Clube Naval, voltará a ser marcado pelo espetáculo a solo “Horizon”, durante o qual Chloé se suspende a tudo o que a rodeia para provocar uma nova perspetiva, restando apenas o seu corpo, uma estrutura metálica, o ar e a gravidade.
Já em “La Spire”, às 21h30, no largo em frente à Câmara Municipal, cinco outras mulheres habitarão uma espiral, formando três laços sucessivos com sete metros de diâmetro e 18 de comprimento, onde inventam jogos e ligações.
Ambos os espetáculos são da autoria da companhia francesa Rhizome, trazida a Portimão pela cooperativa Lavrar o Mar, no âmbito da programação que produziu para comemorar os 100 anos da elevação a cidade.
No primeiro espetáculo, o silêncio respeitoso do público, apenas interrompido de vez em quando por um toque impertinente de telemóvel ou pelos gritos das gaivotas espantadas com toda aquela movimentação.
Mas Chloé movimenta-se naquele arco erguido para o céu, com as nuvens por trás e às vezes banhada pela luz do sol poente, como se tudo aquilo fosse fácil, como se tudo aquilo fosse um movimento normal do dia-a-dia.
Sem música, apenas se ouve praticamente o seu respirar e as palmas entusiastas do público que segue quase sem fôlego os movimentos daquela dança no ar.
O segundo espetáculo, com as cinco performers, cada uma mais fantástica que a outra, que parecem tornar aquela espiral num centro de movimento e de dança no ar com uma leveza sensual, uma souplesse (é mesmo esse o termo, em francês), uma souplesse fantástica.
Uma leveza que faz esquecer as horas de treino que é preciso para chegar ali, que faz pensar que nada daquilo é feito em esforço. E, no entanto, elas suam, elas arfam, elas gemem com o esforço.
E estão a usar músculos que o comum dos mortais não sabe que existem e certamente nunca utilizou.
Acompanhado por música executada ao vivo, tudo aquilo resulta num espetáculo de uma beleza, de uma lentidão criativa que inspira e emociona.
Quando finalmente as cinco bailarinas-trapezistas tocam o chão, é audível o suspiro de alívio do público, logo seguido de uma explosão de aplausos.
Os espetáculos têm lugar ao ar livre e são gratuitos.
Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação