Com milhares de pessoas em férias no Algarve, o treinador do Farense, cuja SAD decidiu passar a receber os chamados três “grandes” no Estádio Algarve por razões financeiras, antecipa que o recinto situado na fronteira de Faro com Loulé, onde o Sporting já foi feliz para a I Liga em duas ocasiões anteriores, esteja esta sexta-feira, dia 23 de Agosto, maioritariamente decorado a verde e branco na receção aos “leões”. Mas a formação de Faro deve agarrar-se a esse fator para ser mais forte, defende José Mota.
Supertaças e Taças da Liga à parte, em que o Sporting soma vitórias, empates e derrotas no Estádio Algarve, o registo histórico mostra que os “leões” já “caçaram” Portimonense (3-1) e Olhanense (2-0) em encontros da I Liga no recinto situado na fronteira de Faro e Loulé. Esta sexta-feira, a partir das 20h15, o Sporting vai, portanto, procurar repetir o feito, desta vez contra um Farense à procura de retificar o mau arranque de campeonato, com duas derrotas em dois jogos.
No dia 5 de Dezembro de 2010, com o Municipal de Portimão em obras, o Portimonense teve de utilizar o Estádio Algarve para receber os “verde e brancos”, à 13ª jornada do escalão principal. Hélder Postiga, Maniche e André Santos marcaram para os lisboetas, Pires assinou o golo “alvinegro”.
Quase três anos depois, em Setembro de 2013, com a então recém-criada SAD do Olhanense a optar por jogar no Estádio Algarve desde início da época – face ao mau relvado do Estádio José Arcanjo –, os “rubronegros” foram derrotados pelo Sporting logo à 4ª jornada, com tentos decisivos de Fredy Montero e André Martins.
Não há duas sem três, deverá ser o pensamento do técnico “leonino” Rúben Amorim para a terceira aparição oficial do Sporting no Estádio Algarve em jogos do escalão principal, desta feita tendo como adversário o Farense, cuja SAD decidiu trocar o centenário Estádio de São Luís pelo Estádio Algarve para as receções aos ditos “grandes” do futebol português.
Em causa, está a diferença entre a lotação de quase 7.000 espetadores do São Luís e o triplo dessa capacidade no recinto situado no Parque das Cidades, o que pode representar um impacto de 1,5 a 2 milhões de euros nas receitas anuais de bilheteira do Farense, estimou o presidente dos algarvios.
O Estádio Algarve começou a ser idealizado, a partir do final do século passado, para ser o novo palco do Farense, que até se mudou para este recinto quando teve de recomeçar o futebol sénior do zero, nos escalões distritais, em 2006. Mas, mais tarde, voltaria ao São Luís e só necessitaria novamente do equipamento situado no Parque das Cidades no início da época 2020/21, mas sem adeptos nas bancadas, devido à pandemia de Covid-19.
Esta sexta-feira, porém, com milhares de turistas portugueses a aproveitar o sol algarvio, a expetativa, à qual o treinador do Farense não fugiu na antevisão da partida, é que o Estádio Algarve esteja maioritariamente decorado a verde e branco, com uma previsão de 20 mil espetadores.
«Eventualmente», o Estádio Algarve vai ter «mais gente do lado do Sporting», reconheceu José Mota. «Sabemos que vai ser um jogo de grande emoção. Estamos no Algarve, é um período de férias. Muita gente de todas as zonas do país vai com certeza querer estar presente.»
Mas, para o técnico, os algarvios têm de alhear-se dessa contrariedade, ou até transformá-la em «fator de motivação».
«Vamos jogar em Faro, vamos jogar na nossa terra, os nossos adeptos vão com certeza estar presentes e vão apoiar-nos porque nós precisamos do apoio deles. (…) Vamos agarrar-nos com certeza a tudo isso para nos tornarmos mais fortes e para fazermos com que o adversário possa ter algumas dificuldades, porque vai ter com certeza», disse o técnico de 60 anos, cuja coroa de glória na carreira foi a conquista da Taça de Portugal de 2018 ao serviço do Desportivo das Aves, precisamente contra o Sporting (2-1), numa das oito vitórias alcançadas em 30 jogos contra os “leões”.
Se o Estádio Algarve estivesse «metade-metade», já «seria extremamente motivante» para os algarvios, que querem repetir o que já fizeram noutros «grandes palcos» sob orientação de José Mota. «Na época passada, em Alvalade, na Luz e no Dragão, tivemos excelentes prestações. Fizemos o resultado estar ali sempre numa incógnita até ao final do jogo, e na Luz empatámos», recordou.
O Sporting é, dos três ditos “grandes”, aquele que apresenta registo histórico mais positivo no reduto do Farense nas 25 anteriores presenças dos algarvios no escalão principal, com 17 vitórias, 5 empates e 3 derrotas.
Para o campeonato, os algarvios venceram em 1986/87 (2-1), 1988/89 (1-0) e 2000/01 (2-1): em 3 de Maio de 1987, Carlos Pereira e Lucas Cocada marcaram para o Farense e Vítor Duarte assinou um autogolo; em 4 de dezembro de 1988, foi o “trinco” brasileiro Sérgio Duarte que decidiu a partida frente aos “verde e brancos”; e em Janeiro de 2001, foram determinantes os golos de Rui Jorge (na própria baliza) e Marco Nuno, contra o tento tardio de Pedro Barbosa.
Depois de 2000/01, o Farense parece ter-se transformado em talismã para o Sporting: três visitas a Faro nas três presenças algarvias na I Liga, três triunfos como visitante e três títulos de campeão nessas mesmas temporadas (2001/2002, 2020/21 e 2023/24).
Agora, será uma visita à terceira ronda, com o Sporting na liderança e o Farense sem pontos. «É uma equipa que está com grande confiança, embora não tivesse começado bem o seu “campeonato”, porque o jogo da Supertaça também teve alguns dissabores. Isto também serve de atenção para nós percebermos que, independentemente de ser uma equipa muito, muito forte, também tem os seus pontos fracos, que nós teremos de saber explorar», frisou José Mota.
O Farense-Sporting está agendado para as 20h15 e contará com arbitragem de Tiago Martins, da Associação de Futebol de Lisboa.
