João Silva Miguel, presidente da Fundação Manuel Viegas Guerreiro (Querença), é um dos autores de “O que se passa na infância não fica na infância” e participou, no passado dia 6 de Julho, na apresentação deste livro, em Loulé, acompanhado de outras duas autoras: Sónia Almeida e Rosário Farmhouse.
A coletânea de textos persegue o combate aos maus tratos infantis, reunindo 50 textos de vários autores. Entre eles, Álvaro Laborinho Lúcio, Joana Marques Vidal, recentemente falecida, Marta Santos Pais, Pedro Strecht, Rosa Clemente e Rute Agulhas.
Na apresentação coletiva, todos sublinharam a relevância do livro no alerta para o direito das crianças a uma infância feliz, sem traumas que, ocorrendo na infância, marcarão para sempre.
Algumas das histórias narradas revelam pedaços de vida em quadros de famílias harmoniosas e felizes. Outras narram infâncias desavindas, nas quais os autores são sujeitos a situações de violência e opressão, perpetradas por familiares ou por professores.
Ao longo das 242 páginas do livro, a rua surge como centro de brincadeiras, de relacionamento, de sã convivência e é constantemente relembrada, também pelo significado de liberdade que lhe está implicitamente associada.
Na análise que fez da obra, o presidente da Fundação destacou os espaços da família, da escola e do espaço exterior, livre, como elementos omnipresentes num crescimento feliz e na modelação dos valores em desenvolvimento.
«A conjugação desses fatores», disse João Silva Miguel, «contribuiu para a formação e consolidação dos valores que hoje constituem e formam a personalidade de cada um».
O presidente da Fundação destacou que o livro corresponde a um mosaico sociológico do país no período abrangido, apesar dos mais de 70 anos de diferença de idade entre o autor mais novo e o mais velho.
«A ruralidade, a pobreza, a fome, a mortalidade infantil e outras fraquezas sociais imperavam e eram incompatíveis com uma infância feliz», considera ainda.
João Silva Miguel concluiu a sua apresentação com uma citação de Benedict Wells, em ‘O fim da solidão’, lembrada por um dos autores: «Uma infância difícil é como um inimigo invisível. Nunca se sabe quando nos vai atingir».
O livro “O que se passa na infância não fica na infância” tem a chancela da novel Editora D’Ideias, representada na sessão de Loulé por Paula Valente.