Serão «quatro grandes dias de promoção do motociclismo», mas também de «muita amizade e saber receber». A 42ª Concentração Internacional do Motoclube de Faro já começou e vai animar o Vale das Almas, o recinto da festa, na zona do Aeroporto de Faro, mas também a capital algarvia até ao próximo domingo.
Em 2024, a organização preparou-se para acolher 20 mil motos, o que equivale a este número de pessoas «e mais uns quantos milhares», muitas das quais irão acampar no recinto da festa, situado em plena Mata do Ludo.
A expetativa da organização foi verbalizada por José Amaro, o presidente do Motoclube de Faro, na tradicional conferência de imprensa de lançamento da concentração, que teve lugar hoje, quinta-feira, dia 18, de manhã.
«Houve muitas inscrições antecipadas, algumas 7 ou 8 mil», revelou. Entretanto, a organização deu conta que, a meio da tarde de hoje, já estavam vendidas 12.300 inscrições das 20 mil disponíveis.
«Espero que venham as 20 mil motos, mas que não venham mais que essas, pois não podemos acolher mais», disse o presidente do Motoclube.
Em causa estão questões de segurança, nomeadamente para quem acampa, tendo em conta que as limitações de espaço fazem com que o acampamento seja sempre «um problema».
Segundo Zé Amaro, o Motoclube tem-se visto impedido de usar um terreno no Vale das Almas, na zona por detrás do palco principal, com o Instituto de Conservação da Natureza de Florestas (ICNF) a alegar que ali existem valores naturais que interessa preservar e salvaguardar.
«Um dos argumentos tem a ver com as dunas, que não há nada ali, e com uma planta que nem sequer existe», assegurou o dirigente do Motoclube, que disse que já foi feito um estudo «por dois biólogos e por um especialista da Universidade do Algarve» que sustenta esta afirmação.
Este trabalho vai ser entregue ao instituto e Zé Amaro espera que o ICNF, para o ano, «possa dar autorização para o utilizar».

«Sempre são mais alguns milhares de pessoas que conseguimos ali meter. Na parte do alojamento, quanto mais espaço tivermos, mas segurança há», assegurou.
Entretanto, vai ser estreado este ano um novo espaço de campismo, em terrenos pertencentes ao Aeroporto de Faro e que são utilizados pelos escuteiros para fazer acampamentos.
De resto, a concentração vai seguir o mesmo modelo habitual, com animação e concertos no recinto, mas também na cidade de Faro, numa operação que implica uma grande logística.
Para isso – e fora os trabalhos mais especializados, que são contratados a empresas -, a organização conta com a ajuda de «cerca de 1200 voluntários», entre sócios e amigos do Motoclube.
São estas pessoas que ano após ano fazem o grosso do trabalho e permitem que a concentração se realize e traga largos milhares de pessoas a Faro.

Parte destes voluntários são profissionais de saúde, que garantem o funcionamento do hospital de campanha existente no recinto.
«Este ano, contaremos com 42 médicos, que trabalharão por turnos, quatro ou cinco de cada vez, e 100 enfermeiros, socorristas e tripulantes de ambulância. Este ano, temos o dispositivo reforçado com mais meios da Cruz Vermelha. Até teremos uma Unidade Móvel de Saúde», revelou, por seu lado, o médico João Ildefonso, da organização.
Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro, entidade que «dá apoio a este evento ao nível da segurança e do licenciamento», salientou, por seu lado, «o impacto muito grande na economia do concelho e da região» que o evento tem.
Na mesma ocasião, Zé Amaro, o eterno presidente desta associação farense – é o responsável máximo pelo Motoclube de Faro desde a sua fundação, há 42 anos – anunciou a sua intenção de passar o testemunho e disse que não irá apresentar nem integrar qualquer lista, nas eleições de Novembro do Motoclube.
Quem vier a seguir, disse «terá a felicidade de encontrar uma associação sem dívidas, com tudo bem arrumadinho», mas também a responsabilidade de continuar um legado construído ao longo de mais de quatro décadas e que divulgou o nome de Faro em todo o mundo.
«Espero que os próximos mantenham o evento com o mesmo espírito e que não façam do Motoclube uma empresa», desejou.
E qual é o espírito da concentração?
«Nós somos um grupo de gajos que gosta de andar de mota. Isto [a concentração] até foi sempre um bocado à balda e foi à balda que cresceu e se tornou naquilo que é hoje», brincou.
Fotos: Beatriz Bento | Sul Informação