Colocar a «mobilidade no centro da estratégia de desenvolvimento territorial, como um elemento chave para a valorização, atração e fixação da população». Este é o objetivo do protocolo assinado esta sexta-feira entre a AHSA – Associação de Horticultores, Fruticultores e Floricultores dos Concelhos de Odemira e Aljezur e a Câmara Municipal de Odemira, durante a FACECO.
Luís Mesquita Dias, presidente da direção da AHSA, explicou ao Alentejo.Sul Informação que o protocolo pretende estudar a mobilidade no concelho de Odemira de modo a contribuir para resolver «um problema que é muito antigo, que o território já tinha e que se agravou pelo aumento do número de pessoas que vivem hoje em dia no território».
«Há 10 anos, havia menos 10 mil pessoas aqui do que há hoje. Portanto, se já então existia um problema de mobilidade, agora esse problema é maior», acrescentou.
E porque é que é uma associação ligada ao setor agrícola que se preocupa com esta questão da mobilidade? Porque a esmagadora maioria dos 10 mil novos habitantes do concelho de Odemira são pessoas que vieram para trabalhar na agricultura, muitos deles imigrantes.
O protocolo, cujas primeiras conclusões deverão estar prontas dentro «de três, quatro meses, até ao fim deste ano», vai começar por fazer «um mapeamento das necessidades, desafios, rotinas e expetativas de mobilidade da comunidade nacional e migrante».
«Vamos falar com famílias, falar com instituições, falar com empresas. Ver, em cada um dos casos, quais são os fluxos de mão de obra ou de particulares que não estão a ver a sua necessidade de transporte resolvida. E, a partir daí, tentar encontrar formas de mobilidade sustentável, tão sustentável quanto possível, na base do mínimo de poluição possível», explicou Luís Mesquita Dias.
O objetivo é que seja criada uma rede de mobilidade «cobrindo todo o território, inclusivamente regiões mais interiores, que, neste momento, não estão a ser servidas por transportes».
Além dos transportes públicos, que são deficitários, muitos dos transportes são feitos pelas próprias empresas agrícolas, em alguns «casos garantidos por particulares que, sabendo que existe essa necessidade, se oferecem para o fazer, mas naturalmente a troco do pagamento».
Luís Mesquita Dias admite até que, por vezes, pode haver «aproveitamento menos lícito das condições de transporte que são oferecidas particularmente aos trabalhadores migrantes».
No entanto, insistiu, o estudo pretende «resolver não só o problema de transporte e de mobilidade dos imigrantes», que trabalham sobretudo na agricultura, mas «de toda a gente, embora a questão dos imigrantes tenha um papel muito especial neste momento».
Os objetivos do protocolo passam por promover a «coesão e integração», promovendo e criando «oportunidades de diversificação e multiculturalidade», garantir o «acesso a serviços», facilitando a «aproximação estratégica dos serviços públicos», e ainda a «promoção da saúde», de modo a «combater o isolamento e facilitar o apoio comunitário através de intervenções de mobilidade sustentável».
Centrando o esforço na «usabilidade para todos», garantindo «transporte flexível e dedicado», a aposta futura deverá passar por «parcerias público-privadas», que promovam uma «mobilidade partilhada para máxima eficiência».