Atravessou pela primeira vez a porta da então Unidade de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade do Algarve, «ainda no século passado», e desde aí criou com ela uma relação íntima e emocional. Luís Serra Coelho é, desde dia 12 de Junho, o diretor da Faculdade de Economia da UAlg, onde fez todo o seu percurso académico, desde aluno a professor e investigador, e da qual é há muito um dos principais rostos.
No dia em que se tornou o novo diretor da faculdade, substituindo no cargo Efigénio Rebelo, Luis Serra Coelho não escondeu ao Sul Informação que o momento da tomada de posse foi muito emotivo.
«Isto porque eu sou filho da Faculdade de Economia. Vim para cá estudar muito jovem, com 18 anos, saí do Alentejo e vim para Faro. Na altura, decidi vir para a Unidade de Ciências Económicas e Empresariais, ainda no século passado, para estudar gestão de empresas. E isso marcou a minha vida. Foi aí que eu comecei, de alguma forma, a caminhar do ponto de vista técnico-científico», revelou ao nosso jornal o novo diretor da Faculdade de Economia.
Mas aquilo que mais o marcou, disse, «foi ter conhecido um conjunto de pessoas e encontrado um conjunto de valores que me acompanharam até este momento. Assumir a responsabilidade de ser o diretor da Faculdade de Economia, tendo esta carga emocional adicional, é, de facto, uma coisa muito forte para mim», confessou.
«Tirando o Sporting [risos] e a família, há pouco paralelo na minha vida do ponto de vista da emoção. É uma responsabilidade muito forte, que eu sinto com muita força e espero estar à altura do desafio», reforçou.
Sendo alguém que está ligado à “casa” há quase três décadas, Luís Serra Coelho é, também, alguém que conhece bem a realidade desta unidade orgânica.
«Nós estamos a herdar uma casa devidamente arrumada. A Faculdade de Economia é um projeto consolidado, um projeto maduro e – acho que é justo dizê-lo – reconhecido interna e externamente à Universidade do Algarve. Acho que o que nos cabe, essencialmente, é tratar bem da herança que recebemos e, naturalmente, olhar para um ou outro aspeto que, eventualmente, mereça a nossa atenção e que possa ser corrigido ou melhorado», disse.

E o novo diretor da Faculdade de Economia da UAlg tem já algumas dessas questões identificadas.
«Há três coisas que, eventualmente, fazem sentido nesta matéria. Primeiro, e desde logo, a relação com os estudantes. O facto de ter feito cá o curso e de ser professor nesta casa já há bastantes anos, permite-me notar que os nossos estudantes vão mudando um bocadinho o perfil, para não dizer muito», enquadrou.
Esta realidade «levanta considerações diferentes quando estás em frente de uma turma, quer de licenciatura, quer de mestrado, até de doutoramento. E, portanto, é preciso pensar melhor a prática pedagógica, a abordagem e a avaliação, como é que se ganha os estudantes, conteúdos, abordagem letiva, como é que se faz a prática, etc. Porque isso eu acho que é um tema mesmo importante, e não só para a Faculdade de Economia, acho que é para o ensino em geral e, em particular, para as universidades».
«Segundo aspeto: a questão da internacionalização da Faculdade de Economia. Nós já temos um produto, vários produtos, nomeadamente o mestrado e doutoramento, que “tocam” o mercado internacional. Acho que ainda há espaço para melhorar a forma como recebemos esses estudantes, a forma como nos apresentamos lá fora», defende.
«O terceiro vetor fundamental, eu diria que é casar melhor o bom da investigação que nós fazemos, com o reconhecimento, nomeadamente aqui dos nossos stakeholders, que de alguma forma não notam o que está a fazer na universidade. Porquê? Porque nós temos muito conhecimento em casa – Faculdade de Economia e Universidade do Algarve -, que eventualmente pode até ser mais bem aproveitado pela região, quer pelas entidades públicas, quer pelas entidades privadas, e até pelo país», acrescentou.
Caso a Faculdade de Economia tenha a capacidade de trabalhar melhor esse aespeto, isso, «eventualmente, trará frutos para todos, para os estudantes, para o corpo docente e, já agora, para a realidade que nos envolve».
«Nós temos aqui várias áreas que, do ponto de vista científico, estão bem afirmadas. Destaco o turismo, porque é conhecido que a Universidade do Algarve é das universidades portuguesas que está mais bem classificada nos rankings científicos na área do turismo. Sendo o Algarve uma região turística, faz-me sentido que aquilo que nós vamos produzindo do ponto de vista científico vá perpassando mais para a nossa região. Já se vai fazendo, mas eu acho que ainda há espaço para melhorar», enquadrou ainda.
Esta é uma estrada de dois sentidos, acredita Luís Serra Coelho, que diz ser necessário, «por um lado, nós apresentarmos o que fazemos aos operadores turísticos regionais e não só, mas também receber, desses próprios operadores turísticos, desafios, oportunidades de investigação, que possam alimentar o nosso pipeline, em termos daquilo que vamos fazendo aqui nesta casa».
Na mesma cerimónia, tomou posse como subdiretor da Faculdade de Economia da UAlg Rúben Peixinho.
Fotos: Cátia Rodrigues | Sul Informação