Foi uma “tromba de água” o que causou inundações na aldeia alentejana de Brinches

“Choveram 150 milímetros [ou 150 litros por metro quadrado] durante cerca de meia hora” disse o presidente da Câmara de Serpa

Foto: Daniela Ferreira

Uma espécie de “tromba de água” registou-se na aldeia de Brinches, concelho de Serpa (Beja), na sexta-feira, tendo chovido “150 milímetros em cerca de meia hora”, provocando inundações e derrocadas, disse hoje o presidente da câmara.

“O que aconteceu foi uma tromba de água. Choveram 150 milímetros [ou 150 litros por metro quadrado] durante cerca de meia hora e, na zona mais baixa de Brinches, houve inundações”, explicou à agência Lusa o presidente do Município de Serpa, João Efigénio Palma.

Segundo o autarca, “ninguém estava à espera” deste “fenómeno meteorológico localizado em Brinches”, porque o previsto “era trovoada e chuva, mas nada com este volume”.

“Caiu uma quantidade de água muito elevada. Só como comparação, quando anda nos 20 ou 30 milímetros de chuva já achamos muito”, afiançou.

 

Foto: Daniela Ferreira

 

Contactado hoje pela Lusa, o Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil do Baixo Alentejo indicou que, “a partir das 18:00” de sexta-feira, recebeu os primeiros alertas de inundações em Brinches, em casas e vias públicas.

“Temos registo de 10 inundações e uma queda de estrutura no concelho de Serpa”, precisou.

O autarca de Serpa referiu que as inundações deram-se “numa rua mais baixa”, com a água a entrar pelos quintais “em cerca de 20 habitações”.

“Há casas que têm o mobiliário e eletrodomésticos destruídos, porque a água chegou muito alto. Em algumas chegou talvez a um metro de altura”, especificou.

As habitações não apresentam problemas em termos estruturais, mas “há muros derrubados nos quintais”, acrescentou João Efigénio Palma.

Os bombeiros e os serviços da câmara procedem hoje a trabalhos de limpeza nas ruas e casas afetadas e está em curso um levantamento dos danos e das necessidades da população.

“Os serviços sociais estão a preparar roupa, porque, como algumas pessoas ficaram com a mobília e roupas molhadas e estragadas, vão precisar desse apoio. Mas não há propriamente desalojados, as casas estão a ser limpas e ficam com condições de habitabilidade”, frisou.

 

 

Fonte do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em declarações à Lusa, especificou que este organismo não possui qualquer estação oficial naquela zona do Alentejo, para medir a quantidade de chuva que caiu.

Mas, de acordo com os dados indicados no radar, o valor estimado de chuva na zona “foi de 80 milímetros em três horas, entre as 17:30 e as 20:30”, afirmou a fonte.

“É uma estimativa, não quer dizer que não possa ter chovido mais. Mas até este valor já é bastante elevado, porque, só como termo de comparação, um aviso vermelho é emitido a partir de 60 milímetros em seis horas”, afiançou.

Já comandante sub-regional de Emergência e proteção Civil do Baixo Alentejo, Carlos Pica, também disse à Lusa que Brinches foi “o epicentro de um fenómeno meteorológico extremo localizado”.

“No espaço de meia hora, caíram 140 a 150 milímetros de chuva, um quantidade de pluviosidade que causou inundações e fez com que a localidade fosse afetada pelo escoamento da água”, disse.

Além das inundações, a Proteção Civil tem conhecimento oficial “da queda de um muro que afetou dois automóveis e de um veículo sem ocupantes arrastado pela enxurrada”.

Esta “espécie de tromba de água” fez ainda com que “várias estradas, nacionais e municipais, que ligam a Brinches, tivessem de ser temporariamente cortadas”, para segurança dos condutores, durante a chuvada, e porque “houve arrastamento de inertes, como terra e pedras, para as vias”, que foram depois limpas e reabertas.

 

 

 

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