O presidente do Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo (CEPAAL) disse hoje que, apesar do aumento vertiginoso do preço do azeite, a quebra no consumo português «foi apenas de 11%» em 2023.
«É interessante que, apesar deste aumento vertiginoso dos preços, que aumentaram mais de 100%, a quebra no consumo português no ano todo de 2023, entre Dezembro de 2022 e Dezembro de 2023, foi apenas 11%», afirmou Gonçalo Morais Tristão, que falava em Valpaços, à margem da 7ª edição do Congresso Nacional do Azeite.
O responsável considerou que «é uma quebra importante, mas que, comparando com o aumento dos preços, significa que o consumidor é resiliente, gosta de azeite e não quer mudar para outro óleo ou outra gordura».
O preço do azeite foi um dos temas em debate no congresso que junta, em Trás-os-Montes, profissionais da área. Em todo o mundo o preço do azeite aumentou de forma exponencial nos últimos meses, transformando-o no novo «ouro verde” e colocando mais e novos desafios ao setor olivícola e oleícola nacional.
Gonçalo Morais Tristão referiu que se verificaram alterações no consumo já que, por exemplo, o consumidor que ia ao lagar ou lojas comprar garrafões de cinco litros de azeite, passou a comprar garrafões de três litros, mas «não deixando de comprar».
«Tanto que os produtores também começaram a ter que criar novos formatos para venda de azeite», frisou.
Segundo dados divulgados a 27 de Fevereiro pelo Eurostat, o preço do azeite subiu em Janeiro 69% em Portugal, registando o maior aumento homólogo do produto, que na média da União Europeia (UE) aumentou 50%.
De acordo com os dados do serviço estatístico europeu, na UE, o preço do azeite disparou na segunda metade de 2023, com um pico inflacionário de 51% em Novembro, face ao mesmo mês de 2022.
Em Dezembro de 2023, o aumento homólogo do preço do azeite abrandou ligeiramente para 47% e voltou a acelerar em Janeiro.
Em Janeiro, o preço do azeite aumentou em todos os Estados-membros.
Fracas produções em Espanha nas duas últimas campanhas, que produz cerca de 40 a 50% da produção mundial de azeite, alterações climáticas e a inflação decorrente da pandemia de covid-19 e da guerra da Ucrânia, foram fatores que, segundo o dirigente, fizeram aumentar o preço do azeite.
Agora, acrescentou, se a campanha deste ano e nos próximos for boa «é natural que os preços desçam».
«Não me pergunte exatamente para que valor, mas é natural que desçam», realçou, mas, acrescentou, não para valores como os verificados há uns anos em que o quilo do azeite era vendido a cerca de dois euros.
«E isso é bom para todos, para o produtor e para o consumidor, porque o consumidor também tem que valorizar o produto excelente que fazemos em Portugal», salientou.
Organizado pelo CEPAAL, em parceria com a Câmara de Valpaços, o Congresso Nacional do Azeite realiza-se no âmbito da Feira Nacional de Olivicultura, que decorre entre hoje e domingo.
Segundo a organização, o congresso quer «contribuir para a dinamização do setor olivícola e oleícola nacional, um dos mais importantes da economia nacional».
Desde o ano 2000 a produção nacional de azeite mais do que quintuplicou e as exportações aumentaram já mais de 12 vezes, ultrapassando a fasquia dos mil milhões de euros em 2023.