Sindicato e Somincor divergem quanto a adesão à greve na mina de Neves-Corvo

Trabalhadores cumprem hoje o primeiro de dois dias de greve geral

Os trabalhadores da Somincor, concessionária da mina de Neves-Corvo, no concelho de Castro Verde, cumprem hoje o primeiro de dois dias de greve geral, com sindicato e empresa a divergir nos números da adesão.

Em declarações à agência Lusa, o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM), Albino Pereira, fez um balanço “positivo” da paralisação, revelando que até às 8h00 esta teve “uma boa adesão”.

Albino Pereira precisou que, no primeiro turno, a greve contou com uma adesão de cerca de “metade” do pessoal que trabalha no fundo da mina, enquanto nas equipas de superfície fizeram greve “sensivelmente 30%” dos trabalhadores.

Contactada pela Lusa, fonte oficial da Somincor revelou que, de acordo com os registos de assiduidade da empresa, a adesão à greve “foi de 9,6%”.

A greve geral aos quatro turnos diários na mina de Neves-Corvo foi aprovada pelos trabalhadores, em plenário, no início deste mês e vai prolongar-se até às 08:00 de quinta-feira.

No pré-aviso de greve apresentado, o STIM exigia aumentos dos salários em 150 euros e “das demais matérias de expressão pecuniária”, nomeadamente os subsídios de fundo e de horário longo, e melhoria das carreiras profissionais e promoções automáticas.

A tomada de medidas que salvaguardem a vida, a saúde e a integridade física e psíquica dos trabalhadores foi outra das exigências apresentadas à empresa.

Em declarações à Lusa, em 13 de março, o coordenador do STIM disse que em 2024 a Somincor apenas concedeu “um aumento de 4,3% [nos salários], que não corresponde de forma alguma àquilo que foi reivindicado” pelos trabalhadores, além de “barrar qualquer negociação”.

Na mesma data, o administrador-delegado da Somincor, António Salvador, considerou que o aumento de 4,3% nos salários está “acima da média nacional e muito acima da média do setor mineiro nacional”.

De acordo com o gestor, a empresa mineira enfrenta «uma situação económica e financeira de grande dificuldade”, motivada por “uma forte pressão inflacionária dos custos, a desvalorização dos preços dos metais base nos mercados internacionais e a desvalorização do dólar», moeda referência na venda dos metais.

Portanto, acrescentou à Lusa, «este aumento é o possível dentro deste contexto e qualquer outro cenário coloca irremediavelmente em causa a sustentabilidade financeira da empresa e a continuidade da relevância local, regional e nacional da Somincor, que é aquilo que certamente todos desejamos».

Propriedade da multinacional sueco-canadiana Lundin Mining, a Somincor é a concessionária da mina de Neves-Corvo, que produz, sobretudo, concentrados de cobre e de zinco, assim como prata e chumbo, e onde trabalham cerca de 2.000 pessoas.

No ano passado, foram produzidas em Neves-Corvo um total de 108.812 toneladas de zinco e 33.823 toneladas de cobre, segundo o relatório de produção de 2023 e perspetivas para o triénio 2024-2026 divulgado pela Lundin Mining.

Além de Neves-Corvo, a multinacional sediada em Toronto (Canadá) é ainda detentora das minas de Candelária e Caserones (ambas no Chile), Chapada (Brasil), Josemaria (Argentina), Eagle (Estados Unidos) e Zinkgruvan (Suécia).

 



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