O ministro da Economia advertiu esta terça-feira, 27 de Fevereiro, que as empresas serão julgadas, no futuro, pelo seu compromisso com a sustentabilidade, e que é «o grande mantra» do turismo.
«O turismo, com o grande mantra de apostarmos na sustentabilidade dos destinos, das empresas e das suas práticas, está no coração da experiência gastronómica do país», afirmou António Costa Silva, intervindo na gala de apresentação dos restaurantes portugueses galardoados no Guia Michelin Espanha e Portugal 2024 que decorreu em Albufeira.
O governante deixou um alerta: «não vamos ter nenhuma ilusão. As empresas vão ser julgadas sempre. Vai haver uma espécie de licença social para operar e no futuro vão ser julgadas pelo seu compromisso com a sustentabilidade», disse, comentando que a gastronomia já assumiu esse compromisso.
O ministro salientou que o turismo em Portugal está a crescer exponencialmente, com um recorde de 30 milhões de visitantes no ano passado e receitas de 25 mil milhões de euros – números que representam um crescimento de 11 por cento nas visitas, mas uma subida maior (19%) nas receitas, «algo que nunca tinha acontecido».
Razões para «defender uma vez mais a qualidade e importância deste setor, contra alguns detratores que continuamente tentam diminuir a sua importância para a economia nacional».
Costa Silva destacou ainda que Portugal tem «dos melhores produtos gastronómicos» a nível nacional, como o peixe, o marisco ou o azeite, uma «combinação vitoriosa» que permite «reafirmar o papel da gastronomia e, em torno dela, toda a alavanca que cria para os outros setores».
O ministro expressou o desejo que uma das estrelas Michelin anunciadas fosse atribuída a uma mulher, mas tal não se concretizou: a seleção portuguesa do guia 2024 atribuiu duas estrelas ao Antiqvv (chef Vítor Matos, Porto) e quatro novas primeiras estrelas aos restaurantes 2Monkeys (Vítor Matos e Francisco Quintas, Lisboa); Desarma (Octávio Freitas, Funchal); Ó Balcão (Rodrigo Castelo, Santarém) e Sála (João Sá, Lisboa).
Na mesma cerimónia, o diretor internacional do Guia Michelin Gwendall Poullennec salientou que a cerimónia de hoje – a primeira exclusivamente dedicada a Portugal – é «um momento histórico».
«Reflete o nosso desejo de dar a Portugal e ao seu panorama gastronómico o seu próprio momento de celebração e exposição e ilustra também a qualidade do panorama gastronómico», destacou.
Os inspetores da Michelin «têm observado como o cenário da culinária local se tem desenvolvido e elevado o nível», comentou.
«Reconhecido originalmente pela sua cozinha tradicional baseada nos excelentes produtos locais, ou pelos seus restaurantes de elevada qualidade em famosos hotéis, o panorama gastronómico está a atravessar um período de desenvolvimento, diversificação e prosperidade gastronómica memorável», disse Poullennec.
No guia deste ano, Portugal contabiliza oito restaurantes com duas estrelas (‘cozinha excelente, vale a pena o desvio’), 31 com uma (‘cozinha de grande nível, compensa parar’), cinco restaurantes com estrela verde (gastronomia sustentável), 32 Bib Gourmand (boa relação qualidade/preço) e 98 recomendados.
«Esperamos que a seleção encoraje qualquer gourmet, desde o local ao internacional, a visitar o país, enquanto estimula o desenvolvimento sustentável do panorama gastronómico local», salientou o diretor internacional do Guia Michelin.