O Festival do Contrabando não se vai realizar em 2024 e só voltará em 2025. A dificuldade em garantir apoios públicos para realização do festival levaram a Câmara de Alcoutim e o Ayuntamento de Sanlúcar de Guadiana a repensar o modelo do evento, tornando-o bienal, revelou ao Sul Informação Osvaldo Gonçalves.
«No ano passado, fizemos uma reflexão sobre qual seria a frequência ideal do festival, perante as dificuldades que tivemos e o corte nos apoios que se verificaram», explicou o presidente da Câmara de Alcoutim.
«Tínhamos duas hipóteses: ou diminuíamos a dimensão, projeção e impacto do festival ou tornávamos o evento bienal», acrescentou.
Isto com a certeza de que, fosse qual fosse a opção, há sempre uma despesa que não se pode cortar: a da ponte pedonal flutuante entre Alcoutim e Sanlúcar, que é o elemento diferenciador e a principal atração do evento.
Reduzir custos para conseguir realizar o Festival do Contrabando todos os anos passaria por «abdicar de alguma da animação» e fazer sacrifícios ao nível da programação, algo que para Osvaldo Gonçalves não é aceitável – «a nossa ideia é fazer o festival crescer, não reduzi-lo».
Assim, a opção foi por só fazer a festa de dois em dois anos, de modo a manter – ou mesmo aumentar – o nível de oferta e qualidade que o festival teve, noutros anos.
«Para o ano, o festival vai voltar com toda a pujança, com uma edição mais robusta e com a dimensão que merece», prometeu Osvaldo Gonçalves, que tomou esta decisão em conjunto com o seu congénere de Sanlúcar de Guadiana, uma vez que o festival é organizado pelos dois municípios, cada qual responsável pela animação do seu lado da fronteira.
Já a ponte, «é paga na totalidade por Alcoutim», revelou o presidente da Câmara de Alcoutim.
A edição de 2023 foi a primeira em formato “normal” realizada sem o apoio do “365Algarve”, um programa de animação cultural e turística no âmbito do qual o Festival do Contrabando nasceu.
Apesar disso, Alcoutim e Sanlúcar arriscaram avançar com uma edição, com capitais próprios e, no caso do município espanhol, com apoios do Governo regional, até porque, como confessa Osvaldo Gonçalves, «mantivemos a esperança até ao último momento de que poderia surgir algum apoio, mas isso não aconteceu».
A única coisa que foi “oferecido”, e já no dia da inauguração do festival, foram as boas intenções da ministra Ana Abrunhosa, que prometeu lutar pelo regresso do “365Algarve”.
Sem qualquer perspetiva real de que voltasse a existir uma linha de apoio para eventos da tipologia do Festival do Contrabando, a solução foi mesmo adotar um formato bienal, para não desvirtuar o evento.