Escassez de água deve ser combatida através de diferentes eixos

Defende o investigador Rodrigo Proença de Oliveira

A escassez de água deve ser combatida através de pelo menos quatro eixos de atuação diferentes, defendeu ontem, dia 23, o investigador Rodrigo Proença de Oliveira, no âmbito de um colóquio dedicado ao tema, em Ferreira do Alentejo.

“Não há balas de prata nestas questões da água. Vamos ter de desenvolver vários eixos de atuação. A dessalinização é um, a reutilização da água é outro, novas captações e, sobretudo, muito maior eficiência”, disse à Lusa o consultor da Agência Portuguesa do Ambiente.

Doutorado em Planeamento e Gestão de Recursos Hídricos pela Universidade de Cornell (EUA), Proença de Oliveira falou sobre o tema no colóquio sobre “Alterações Climáticas, Seca e Recursos Hídricos”, promovido pela Associação dos Ex-Deputados da Assembleia d República (AEDAR).

Defendeu a “análise da componente económica” para chegar a conclusões sobre “a relação custo-benefício” das intervenções propostas e, nesse sentido, revelou-se cético em relação aos transvases de água do Norte para o Sul do país.

“Tem custos bastante acentuados, custos ambientais, custos sociais e, sobretudo, não é evidente que seja sustentável num clima futuro. Ou seja, o Norte do país também vai enfrentar menores afluências de água. É preciso assegurar que não estamos também a criar um problema para o Norte no futuro”, sustentou o professor do Instituto Superior Técnico, em Lisboa.

Por isso, é preciso avaliar “se os custos dessas obras são justificáveis perante o benefício que proporcionam” e admitiu que a dessalinização pode ser uma alternativa mais viável.

“O custo da dessalinização é elevado, tem vindo a descer, mas nós todos vamos ter de nos habituar a pagar mais pela água. Portanto, a certa altura, o argumento do custo não é assim tão significativo na análise que temos de fazer”, comentou.

No que diz respeito à eficiência, lembrou que “há muito trabalho a fazer na redução das perdas físicas das redes de abastecimento para consumo humano e agrícola”, onde viu “uma oportunidade”, assim como “usar melhor as águas superficiais e subterrâneas”.

Por isso, apontou como exemplo o Algarve, onde se está a tentar mitigar os efeitos da seca ao “combater as perdas de água e reutilizar na rega dos campos de golfe”, assim como a dessalinização que “já estará em concurso público”, ou “uma nova captação de água no Guadiana”.

“Só aí o Algarve é um bom exemplo de como o problema da água está a ser resolvido com três ou quatro eixos de atuação e é assim que vai acontecer em todos o país. Temos de intervir em várias áreas”, defendeu Rodrigo Proença de Oliveira.

 

 



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