Empresa do Alqueva faz simulação de caudal de cheia no rio Guadiana

O presidente da EDIA frisou que a simulação do caudal de cheia vai igualmente beneficiar a biodiversidade a jusante da barragem

A empresa gestora do Alqueva vai realizar, a partir de hoje, uma ação de simulação de caudal de cheia no rio Guadiana, para garantir «o cumprimento do regime natural daquele curso de água», foi anunciado.

Em comunicado, a Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), que tem sede em Beja, indicou que, ao final do dia de hoje, vão ser libertados 45 hectómetros cúbicos (hm3) de água a partir da Barragem de Pedrógão, localizada no concelho de Vidigueira (Beja) e integrada naquele empreendimento de fins múltiplos.

A operação, «essencial para limpeza e manutenção dos ecossistemas ribeirinhos no leito do rio Guadiana até à foz», vai atingir «o pico» na quarta e na quinta-feira, «com uma média de 300 metros cúbicos (m3) de água libertada por segundo».

A simulação configura «uma obrigação ambiental que decorre do regime de caudais que a EDIA está obrigada contratualmente a cumprir», explicou hoje à agência Lusa o presidente da empresa, José Pedro Salema.

O gestor acrescentou que a operação vai replicar uma situação de cheias, «uma condição natural que ocorre frequentemente» num rio e que aconteceria também no Guadiana «se não houvesse a barragem».

«Isto é tentar minimizar o impacto que uma construção de um muro com 100 metros de altura causa ao funcionamento natural do rio», disse.

O presidente da EDIA frisou que a simulação do caudal de cheia vai igualmente beneficiar a biodiversidade a jusante da barragem.

«Há uma série de espécies dos nutrientes que são transportados, principalmente em momentos de cheia. Por exemplo, diz-se que, nos anos em que há cheias, há mais sardinha no Algarve, porque há mais nutrientes que chegam ao mar pela foz do rio», justificou.

Em simultâneo, a descarga vai evitar «assoreamentos grandes no rio» causados pelos afluentes do Guadiana, «que vão depositando os seus sedimentos» nas respetivas zonas de foz, «que são o leito do rio».

«Portanto, há aqui um efeito de limpeza muito importante nestes caudais», frisou José Pedro Salema.

O presidente da EDIA afiançou que a operação prevista não coloca riscos de segurança, pois, «são caudais relativamente pequenos» e «as entidades estão avisadas».

«Uma grande cheia no Guadiana [implica] alguns milhares de m3 por segundo e nós vamos ter algumas centenas de m3 por segundo. É uma ordem de grandeza abaixo», acrescentou.

José Pedro Salema observou ainda que «caudais desta ordem de grandeza já chegaram a Alqueva este ano» e teriam acontecido no Guadiana se não existissem as barragens de Alqueva e Pedrogão.

«Este ano já tinham acontecido, com certeza, caudais desta grandeza e vamos fazê-lo em muito menor grau, porque estamos a guardar a água para usar no Verão», concluiu.

No comunicado, a EDIA revelou que o caudal de 45 hm3 a libertar «representa cerca de 7% do volume encaixado em Alqueva desde o dia 1 de Janeiro até à data de hoje, não colocando em causa a garantia de água de Alqueva para os diferentes fins a que se destina».

A empresa referiu ainda que «este é o segundo ano consecutivo» em que o empreendimento «procede à libertação de água, no âmbito do regime de caudais ecológicos definidos para as albufeiras de Alqueva e Pedrógão», constante do contrato de concessão celebrado com o Estado Português.

Este contrato prevê a simulação de um caudal de cheia, a jusante da barragem de Pedrógão, «caso as afluências naturais, em ano não seco, não atinjam valores iguais ou superiores a 300 m3 por segundo desde o início de novembro na secção do Pulo do Lobo», lê-se na nota.

 



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