Eleições: Mortágua em Odemira diz que ligar imigração à insegurança «é mentira»

O ex-primeiro-ministro e antigo líder do PSD Pedro Passos Coelho participou na segunda-feira, em Faro, num comício da AD

A coordenadora do BE Mariana Mortágua considerou hoje «um disparate de todo o tamanho» a associação entre imigração e insegurança feita por Passos Coelho, defendendo que esta ideia é uma «mentira desmentida por todos os factos».

A agenda do BE para o terceiro dia de campanha já estava marcada antes da entrada do antigo líder do PSD, Passos Coelho, na campanha da AD, mas a visita a uma escola em São Teotónio, Odemira, Beja, na qual mais de 40% dos 400 alunos não nasceram em Portugal e onde se falam duas dezenas de línguas serviu para Mariana Mortágua criticar as declarações do antigo primeiro-ministro sobre imigração e insegurança.

«É um disparate de todo o tamanho», começou por responder a líder do BE aos jornalistas.

De acordo com Mariana Mortágua, «a ideia de que há um problema de segurança associado à imigração é uma mentira, é desmentida por todos os factos».

«O que nós temos que dizer ao país é que, para que a economia funcione, para que a Segurança Social funcione, para que as pensões sejam pagas, Portugal tem o dever de acolher as pessoas que o procuram e tem o dever de acolher as pessoas que procuram em nome dessas pessoas que querem uma vida melhor, mas em nome das pessoas que já cá viviam e que também têm o direito de viver nesta sociedade pacífica, em paz, tolerante, capaz de integrar todos», defendeu.

O ex-primeiro-ministro e antigo líder do PSD Pedro Passos Coelho participou na segunda-feira, em Faro, num comício da AD, acusando o PS de ter aumentado a insegurança no país, que associou à imigração.

Passos recordou no seu discurso uma afirmação que fez em 2016, na Festa do Pontal, no Algarve, quando liderava os sociais-democratas na oposição: «nós precisamos de ter um país aberto à imigração, mas cuidado que precisamos também de ter um país seguro».

«Na altura, o Governo fez ouvidos moucos disso, e na verdade hoje as pessoas sentem uma insegurança que é resultado da falta de investimento e de prioridade que se deu a essas matérias. Não é um acaso», sustentou o antigo presidente do PSD.

Dando por diversas vezes o exemplo da escola que visitou como um modelo de integração, Mariana Mortágua insistiu que a ideia de Passos Coelho «não tem qualquer justificação nem é baseada nos factos», admitindo que há desafios neste processo.

«Quando chegam imigrantes e chegam porque há trabalho, porque a economia precisa dos imigrantes, esses imigrantes, obviamente aumentam a população e colocam uma pressão sobre os serviços públicos, sobre a escola, sobre os centros de saúde, sobre as repartições dos vários serviços públicos», descreveu.

A solução da líder do BE é aumentar «a resposta dos serviços públicos e dar uma resposta adequada», considerando que «há duas formas de olhar para a imigração», sendo «uma boa e outra má».

«A boa é regularizar, dar condições, acolher, criar serviços públicos para os que estão e para os que vêm. A má é fechar as portas da emigração regular e abrir as portas das máfias da imigração clandestina, da imigração sem direitos, da imigração em contentores», disse, recuperando o discurso da véspera num comício em Évora, também no Alentejo.

Mariana Mortágua disse querer «construir um país melhor, mais solidário, mais justo, em que toda a gente pode viver».

«Não foi isto que os portugueses procuraram quando saíram para uma vida melhor», questionou.

Questionada sobre se o discurso de Passos Coelho pode significar uma aproximação ao Chega, a líder do BE afirmou que já se ouviu «tudo e o seu contrário do PSD».

«Sabemos que ninguém se quer sentar ou ninguém diz que se quer sentar com André Ventura e isso ficou muito claro nos debates. Sabemos também que o PSD vai flertando com estas ideias e levantando medos, nomeadamente sobre a imigração, que são irresponsáveis, que são falsos, que não têm qualquer contacto com a realidade ou com os factos», criticou.

Para a dirigente bloquista, «Portugal é outra coisa».

«Portugal é um país de esperança, é um país de solidariedade, é um país de justiça que quer uma vida melhor para toda a gente que aqui vive. Uma vida boa para toda a gente que vive», defendeu.

 



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