As comissões de utentes do Litoral Alentejano criticaram hoje “a proliferação” de Balcões SNS 24 para teleconsultas ou renovação de receitas e exigiram do Governo mais recursos humanos que garantam «uma medicina de proximidade» na região.
Num comunicado divulgado hoje, a Coordenadora das Comissões de Utentes do Litoral Alentejano denunciou «a política do Governo no que toca à proliferação de Balcões SNS para prestação de serviços digitais» aos utentes, «ao invés de investir em recursos humanos que garantam uma medicina humanizante e de proximidade».
Como exemplos, a estrutura coordenadora aludiu a quatro localidades daquela zona alentejana onde foram instalados balcões desse tipo: Luzianes-Gare e Bicos, no concelho de Odemira (Beja), São Francisco da Serra, em Santiago do Cacém, e Rio de Moinhos, em Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal.
Os utentes dessas povoações «não têm acesso aos mais básicos cuidados de saúde» e estão «privados da visita de médico e enfermeiro às suas localidades», criticou.
Contactado pela agência Lusa, o porta-voz das Comissões de Utentes do Litoral Alentejano, Dinis Silva, argumentou que estes balcões representam «uma falsa segurança para os utentes e para a população em geral».
«As pessoas pensam que estão a ser bem atendidas, mas o médico precisa de observar os utentes e esta proliferação de Balcões SNS no litoral alentejano é uma infelicidade que veio a acontecer» a esta região, acrescentou.
De acordo com o responsável, trata-se de «consultas por videoconferência, feitas por trabalhadores das juntas de freguesia e com os custos da energia elétrica, entre outros, também [a cargo] das juntas de freguesia».
No comunicado, a Coordenadora das Comissões de Utentes do Litoral Alentejano notou que esta não é “uma solução para o problema” da falta de profissionais de saúde neste território.
E a instalação de Balcões SNS 24 «desvirtua o princípio humanizante da medicina de proximidade, induzindo a robotização da medicina, com consequências negativas para a avaliação clínica realizada», frisou.
«A chantagem indireta a que os executivos das juntas de freguesia são sujeitos, uma vez que não têm resposta do Ministério da Saúde para a colocação de recursos humanos», e a «pressão de tentar garantir o acesso da população a cuidados de saúde, faz com que acabem por aceitar uma ‘não solução’», disse a entidade.
Nas declarações à Lusa, Dinis Silva defendeu que o que é necessário é «a reabertura das extensões de saúde, a colocação de médicos com especialidade de medicina geral e familiar», assim como «consultas, no mínimo, uma vez por semana».
Os Balcões SNS 24 têm por objetivo prestar apoio a quem não tem acesso a equipamentos tecnológicos ou à Internet ou não tem condições ou as competências necessárias para aceder remotamente aos serviços digitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), de acordo com o Ministério da Saúde.
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