O serviço melhorou, mas ainda há muito a fazer. É este o balanço «positivo» que a AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve faz da concessão dos transportes públicos rodoviários que criou a rede “VAMUS”, no final de 2021. Para o futuro, há que «mudar o mindset do utilizador».
António Pina, presidente da AMAL, foi um dos oradores convidados da conferência “Contratos de Serviço Público de Passageiros de 1.ª Geração – Balanço e Futuro”, organizada esta terça-feira, 9 de Janeiro, pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), no Barreiro.
Em declarações ao Sul Informação à margem da sessão, o também presidente da Câmara de Olhão vincou o que já tinha dito no painel em que participou: o serviço de autocarros na região melhorou.
«O balanço é positivo. Houve melhorias do ponto de vista do serviço, devido às novas fórmulas de financiamento e à redução do tarifário, mas também ao nível da comunicação, da imagem e da fiabilidade do serviço», considerou.
Ainda assim, na opinião de António Pina, houve dois entraves: a pandemia, «que dificultou algumas melhorias», e o facto de a concessão ser apenas de cinco anos.
Apesar dos progressos, o presidente da AMAL aponta baterias também à necessidade de se alterar «o mindset do utilizador».
«Não podemos continuar a querer, nalguns territórios, que o autocarro passe às mesmas horas e vá vazio, sem ninguém a usá-lo. Isso tem um prejuízo ecológico e financeiro enorme», considerou.
Para António Pina, uma das soluções é passar a ter «novas formas», como «o serviço de transporte a pedido, que é mais flexível».
«É preciso que as populações e os autarcas reconheçam que essa adaptação não é uma perda de serviço, mas um aumento da qualidade e da sustentabilidade ambiental e financeira», vincou.
É que, reconheceu António Pina, a mobilidade no Algarve «não é de excelência, nem nunca será».
«No Algarve, somos 400 mil pessoas polvilhadas pelo território. Temos uma grande dispersão e é evidente que servir localidades de 10, 20, 30, 40 pessoas é impossível, mas esse mindset tem de mudar», disse.
Outro dos problemas reconhecidos pelo autarca é a falta de motoristas que resulta «do valor que é pago», mas também do facto de ser uma «concessão a cinco anos, tornando difícil dar uma estabilidade e uma carreira».
Por isso, para o futuro, António Pina disse que a AMAL vai «aproveitar o conhecimento adquirido» para «começar a preparar a nova concessão que terá um prazo de 10 a 15 anos».