Botânicos “descobrem” nova planta no Alentejo, só conhecida junto ao Castelo de Noudar

Devido à sua raridade e ameaças, planta devia ser classificada como “Criticamente Em Perigo”

Foto: Daniel Porto (DR)

Uma nova espécie endémica da Península Ibérica, conhecida apenas num único local, nas proximidades do castelo de Noudar (Barrancos), no Alentejo, é uma das 19 novas plantas que onze botânicos portugueses descreveram no ano passado, em vários locais do mundo.

A nova planta descoberta no Alentejo, a que foi dado o nome comum de erva-toira-de-noudar, tem como nome científico Orobanche nepetae. Segundo a Sociedade Portuguesa de Botânica (SPB), trata-se de uma espécie parasita, que habita em azinhais sombrios, bem preservados, e tem como único hospedeiro uma outra planta, a labiada Nepeta multibractea, também ela rara em Portugal.

«Embora morfologicamente próxima de O. minor, distingue-se, por exemplo, pelas brácteas e cálices muito compridos, os últimos de ápice quase filiforme. Ademais, o seu aspeto geral e perfume das flores são muito característicos no campo, o que torna fácil a sua identificação».

De acordo com o comunicado da SPB sobre as novas espécies, Miguel Porto, investigador do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto, descobriu, com um investigador da Universidade de Córdova, esta nova espécie de planta parasita apenas conhecida, de momento, nas imediações do castelo de Noudar, Barrancos.

A erva-toira-de-noudar é uma nova espécie de erva-toira, plantas que são holoparasitas, o que significa que não realizam a fotossíntese, dependendo exclusivamente dos hospedeiros para se alimentarem.

No entanto, segundo este investigador, é preciso classificar a espécie como Criticamente Em Perigo, devido à sua raridade e às ameaças que sobre ela impendem.

Aliás, de acordo com os botânicos portugueses, 60% das novas plantas por eles descritas estão ameaçadas de extinção.

A contribuição dos portugueses para o esforço global da descrição da biodiversidade vegetal de 2023 foi divulgada em comunicado pela Sociedade Portuguesa de Botânica (SPB), especificando que, ao todo, descobriram seis novas espécies, oito novas subespécies e cinco novos híbridos naturais.

As espécies, de sete países, foram descritas pelos 11 investigadores em cinco publicações científicas internacionais.

A SPB diz ainda que, na escolha dos nomes das plantas, foram homenageadas pessoas de quatro nacionalidades, as localidades ou países onde foram descobertas, e até, num caso, a planta hospedeira parasitada pela “nova” planta.

Também em 2023, os investigadores Ana Carla Gonçalves e Paulo Silveira, da Universidade de Aveiro, descreveram 10 novas calêndulas das montanhas de Marrocos e da Argélia.

A maior parte das novidades está criticamente ameaçada pelo aumento das secas nas montanhas e vales onde ocorrem.

Na África do Sul, a investigadora Estrela Figueiredo, em colaboração com o britânico Gideon F. Smith, ambos afiliados à Universidade Nelson Mandela, descobriram uma nova planta suculenta, na cordilheira do Drakensberg, África do Sul.

E o investigador João Farminhão, do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, identificou, em colaboração, duas novas orquídeas epífitas (que crescem sobre as árvores) na África Tropical.

A SPB refere ainda que o ano de 2023 foi marcado em Portugal pela publicação de uma nova listagem dos carvalhos existentes no país.

 

 

 

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