Produção de vinho da talha inscrito no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial

Reconhecimento será oficializado em breve, com a publicação em Diário da República

A inscrição da produção de Vinho da Talha no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial foi aprovada pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), através de um despacho datado de 28 de Novembro, que «em breve será publicado em Diário da República».

A inclusão no Inventário Nacional é um reconhecimento da «importância da “Produção de Vinho de Talha” enquanto reflexo da identidade da comunidade envolvente e a sua profundidade histórica e evidente relação com outras práticas inerentes à comunidade», segundo a DGPC.

O pedido de inscrição foi feito pela Câmara Municipal de Vidigueira, «entidade que encetou trabalho de investigação para aprofundar o conhecimento sobre a “Produção de Vinho de Talha”, com o objetivo de inventariação na plataforma MatrizPCI, onde, a partir de agora, o público pode ter acesso a toda a documentação», acrescenta a DGPC.

A produção de vinho da talha, «também conhecida pelas denominações de “vinho do pote” ou “vinho do tareco”, segue o seu próprio ciclo no calendário, com início em Agosto com as vindimas e o encerramento em Novembro».

«Com a abertura das talhas, chega a altura de o produtor dar a conhecer os vinhos. Têm, então, início as provas e o convívio à volta dos vinhos novos», pode ler-se na ficha de inventário da manifestação.

«Na comunidade os grupos organizam-se e percorrem as adegas cantando, petiscando, provando o vinho, comentando qual é o melhor. É o convívio, a partilha e alguma rivalidade entre produtores sobre qual terá o melhor vinho. Todos os anos este ciclo se repete, as comunidades voltam às técnicas tradicionais e aos hábitos de convívio tão antigos como o próprio “saber-fazer”».

A produção do vinho da talha, própria do Alentejo, «caracteriza-se por um processo de vinificação natural que remonta à época romana, em que as uvas, depois de esmagadas com recurso a um moinho ou uma mesa de ripanço, transformam-se no mosto que se deposita em talhas de barro para fermentação e cozedura por um período aproximado de 40 dias, até o vinho ficar pronto a ser bebido», lembra a DGPC.

Este é um processo «que é sobretudo levado a cabo pelos homens e que tem resistido com base na transmissão oral, num saber-fazer experimentado, na partilha do conhecimento de geração em geração, em respeito por tradições antigas. Esta transmissão e saber-fazer têm permitido a preservação das adegas de construção tradicional, das talhas de barro, dos recipientes e utensílios, assim como, dos processos culturais que, atualmente, se constituem como património cultural e identitário daquelas comunidades».

Esta prática de vinificação, de acordo com dados de 2018-2019, mantém-se ativa nos concelhos de Aljustrel, Beja, Campo Maior, Cuba, Elvas, Estremoz, Marvão, Mora, Moura, Serpa e Vidigueira, e 134 produtores identificados.

 

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