Terras sem Sombra ruma a Viena para estreitar laços com a Áustria

Um dos principais momentos será o do recital com duas figuras destacadas da grande música nacional, a soprano Carla Caramujo e o pianista Pedro Costa

Foto: Ana Castro

O Festival Terras sem Sombra (TSS) vai rumar a Viena, de 29 de Setembro, a 2 de Outubro, para promover a sua temporada musical e estreitar laços com o país (Áustria) que é convidado desta edição. 

No ano em que celebra a sua 19ª temporada, subordinada ao tema “O que fica do que passa: Um breviário de resistência musical”, o Terras sem Sombra tem como país convidado a Áustria.

Daqui, decorre um destacado leque de concertos em vários pontos dos quatro distritos do Alentejo com a presença de intérpretes de grande envergadura, como Johannes Fleischmann (violinista), Sabina Hasanova (pianista), Jörg Ulrich Krah (violoncelo) e Bernhard Parz (piano).

De resto, a ligação entre Portugal e Áustria, nos palcos do Festival, firma-se desde a temporada passada do TSS, quando o Trio Klavis se apresentou, em Ferreira do Alentejo.

Nesta visita à capital austríaca participarão autarcas alentejanos, entidades ligadas à cultura e órgãos de comunicação social, entre outras áreas da sociedade civil.

Da agenda do Festival em Viena, a organização destaca «a oportunidade para, no coração da Europa Central, evidenciar o carácter singular do TSS, dada a sua tríplice dimensão, nas áreas da Música, Património e Biodiversidade, estabelecer pontes e aprofundar parcerias».

Um dos principais momentos será o do recital com duas figuras destacadas da grande música nacional, a soprano Carla Caramujo e o pianista Pedro Costa.

Este será um programa na cidade musical por excelência – onde brilharam nomes maiores como Mozart, Haydn, Beethoven, Schubert, Brahms ou Gustav Mahler – que conta com o apoio da Embaixada de Portugal em Viena.

Na urbe tocada pelo Danúbio e pela arquitetura, patenteada na catedral de Santo Estêvão e no palácio de Schönbrunn, o TSS apresenta num edifício muito emblemático da vida cultural e social austríaca, a Haus der Musik, o recital “Ao Encontro da Alegria: A Música Portuguesa no Contexto da Música Europeia (Séculos XIX-XXI)”.

Trata-se da oportunidade para revisitar obras, por exemplo, de Franz Schreker, Lili Boulanger, António Fragoso, Francisco de Lacerda, Fernando Obradors, Richard Strauss e Fernando C. Lapa.

Carla Caramujo, uma das mais aclamadas sopranos portuguesas da actualidade, venceu os Concursos Nacional Luísa Todi, Musikförderpreis der Hans-Sachs-Loge (Alemanha), Dewar Awards, Chevron Excellence e Ye Cronies Awards (Reino Unido).

É diplomada pelas Guildhall School of Music and Drama (Londres) e Royal Conservatoire of Scotland (Glasgow). O interesse pelo repertório contemporâneo levou-a a criar o papel de Salomé, na estreia de “O Sonho”, de Pedro Amaral. Interpretou “La Princesse” na estreia de Orphée, de Philip Glass, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, “Flight Controller” em Flight, de Jonathon Dove em Glasgow, “Soprano” em Lady Sarashina, de Peter Eötvös, e a estreia mundial de “Vida e Milagres de D. Isabel”, de Alexandre Delgado.

Gravou “Requiem Inês de Castro”, de Pedro Camacho, finalista das nomeações aos Grammy 2019,” Integral das Canções” de António Fragoso, com João Paulo Santos (Framart, 2018), “Il Mondo della Luna”, de Pedro António Avondano, com “Os Músicos do Tejo” (Naxos, 2020) e “Domitila”, de Ripper, com Toy Ensemble (MPMP, 2020).

Especializado no acompanhamento de canto e música de câmara, Pedro Costa é um pianista português radicado em Viena e, desde 2017, ensina na Universidade de Música e Artes Performativas de Graz.

Foi o vencedor de importantes certames, como o Concurso de Interpretação do Estoril, o Prémio Helena Sá e Costa, o Concurso Louis Spohr (Alemanha) ou o Concurso New Tenuto (Bélgica). Tem atuado, na qualidade de solista, com a Orquestra Sinfónica Portuguesa, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Orkest der Lage Landen e a Koninklijke Muziekkapel van de Gidsen.

Já se apresentou em salas como Wigmore Hall (Londres), MusikVerein (Viena), Große Saal Mozarteum (Salzburgo), Casa da Música, CCB, Teatro S. Carlos e Fundação Gulbenkian. Juntamente com o oboísta Guilherme Sousa e o fagotista Paulo Ferreira, fundou o Perspective. Mantém intensa atividade com o Trio à la Joie, ao lado da soprano Marina Pacheco e do barítono Tiago Matos.

De resto, é este visto como um ano «paradoxal» para o Terras sem Sombra que, apesar deste triunfo fora de portas e das parcerias internacionais, foi preterido nos últimos concursos da Direção-Geral das Artes, à semelhança de muitas iniciativas artísticas situadas fora de Lisboa ou do Porto.

«O Alentejo está em risco de perder a sua única temporada de música erudita; ainda há, em Portugal, quem entenda que um residente no interior não deve ter as mesmas oportunidades de acesso à cultura do que quem vive nas grandes áreas metropolitanas», critica Sara Fonseca, diretora executiva do Festival.

E acrescenta: «o equilíbrio que se tinha conseguido nos últimos anos vê-se agora posto em causa, mas não vamos cruzar os braços, temos que procurar fora do país a viabilidade que se nega, entre nós, a um festival alentejano com vinte anos de currículo».

Após a apresentação em Viena, o TSS retoma a sua programação no território alentejano com um novo fim-de-semana de atividades, a 14 e 15 de Outubro no concelho de Odemira, seguido de Vidigueira (28 e 29 de Outubro), Arraiolos (11 e 12 de Novembro), Montemor-o-Novo (2 e 3 de Dezembro), Sines (16 de Dezembro) e Évora (data a confirmar).

 

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