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Sul Informação - Pagadores de promessas…ou tudo pelo Portimonense

Pagadores de promessas…ou tudo pelo Portimonense

Estava eu posto em sossego, sentadinho a ler um livro, quando recebo uma chamada. Olho para o telemóvel e vejo “SofiaPSC”. Atendi e fui convocado: sábado, dia 23 de Setembro, 6 da manhã, na porta do Portimão Estádio.

Já é uma tradição, iniciada pelo José Manuel Proença, antigo massagista do Portimonense que, quando o clube fica na 1ª Divisão do Campeonato Nacional de Futebol, alguns adeptos vão, estilo pagadores de promessas, a pé, repito, a pé, desde o estádio até ao alto da Fóia. Esse mesmo, o local mais alto do Algarve, na serra de Monchique, a 32 quilómetros de distância.

À hora combinada lá estávamos, e, depois de esperarmos por uns sócios que vieram de propósito de Setúbal para participar nesta loucura, metemos pernas ao caminho.

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Tínhamos um “infiltrado” do Atlético Mineiro, de Belo Horizonte, mas, coincidência, a camisola é igual à do Portimonense. Ele também tinha feito a promessa de ir à Fóia caso o seu clube fosse campeão… e foi, em 2021. Mas promessa é promessa e é para cumprir, seja quando for. Foi dois em um, juntou a promessa brasileira à portimonense.

Éramos cerca de uma dezena, entre os 19 e os 68 anos, homens e mulheres, e lá fomos, enquanto o sol não rompia. Um de nós levava uma camisola do Cadorin, um antigo jogador do clube e esse moço é uma autêntica enciclopédia viva do Portimonense. Jogos, resultados, classificações, nomes de jogadores, histórias, isso é com ele.

 

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E, por falar em histórias, conta a lenda que, quando o clube foi fundado, os diretores eram sportinguistas. Por isso, somos Portimonense Sporting Clube. Mas parece que (tal como hoje?) a maioria dos sócios eram benfiquistas – e daí a águia em cima do emblema.

E, para mim e para muitos, enquanto este emblema estiver nas camisolas, seremos sempre e com “orgulhe” Portimonenses, independentemente das voltas que o clube dê ou das desculpas que se queiram arranjar para justificar o alheamento que atualmente existe entre as partes. Como diria o outro, vocês sabem do que eu estou a falar.

Já agora, a impressão que tenho é que grande parte dos sócios são estrangeiros. Na bancada à minha frente, tenho as irredutíveis portimonenses (não sei se vocês já leram o Astérix), mas, à minha volta, também tenho, além de mais portugueses, suecos, belgas, moldavos e sul-africanos, muitos usando orgulhosamente o equipamento e os cachecóis do clube.

Acho que isto tem muito a ver com o sentimento do “clube da terra” que aos estrangeiros diz muito, enquanto aqui a malta é adepta dos três grandes – e só depois vem o Portimonense.
F
omos palmilhando quilómetros, enquanto recebíamos algumas mensagens de incentivo de atuais e antigos jogadores do clube.

Destaco aqui a mais distante, do Fabrício, antigo jogador, que nos enviou uma mensagem em vídeo… da China!!!

É interessante a dinâmica que fica entre os atletas e estes sócios, que vão mostrando as cores do Portimonense ao longo da estrada, e que, depois de chegar à Fóia, não têm/tiveram qualquer apoio para voltar cá para baixo. Minto: houve um ano em que foi a Câmara de Monchique a disponibilizar um autocarro para voltarmos.

Mas, como mais faz quem quer do que quem pode, tivemos um carro de uma família destes loucos a dar um apoio inestimável.

 

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Desculpem se esta parte parece que não tem nada a ver com a subida, mas tem: como fomos sempre pela estrada de alcatrão, é incrível a quantidade de lixo que se encontra nas bermas. De tudo, garrafas de plástico, papéis, embalagens, restos das coisas mais incríveis, tudo foi e, infelizmente, continua a ir lá parar. Será que custa muito a quem vai de carro não deitar o lixo pela janela fora? Pronto, já desabafei…

O calor começou a apertar, mas fomos recebendo os cumprimentos dos (muitos) ciclistas que iam passando a caminho da Fóia, uns, e de Monchique, outros.

Precisamente aqui, fizemos uma paragem estratégica, a receção de mais dois sócios que vieram de Lisboa, fotos e reabastecimento de minis e bifanas. Garanto que souberam muito bem, mas promessa é promessa, e tivemos que abalar para a parte mais difícil.

 

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Já com muitos quilómetros nas pernas, o calor a castigar e quase sem sombras, a subida final da vila até a Fóia não foi nada fácil. Ainda por cima é tudo às curvas e, quando pensamos que já estamos a chegar, lá vem mais uma curva, e outra, e outra…

Mas, sete horas depois, chegámos à Fóia!!! Saiu-nos do corpinho, mas chegámos aos 902 metros de altitude, gravados na rocha junto à estátua do ciclista.

Devidamente comemoradas com medronho e bolos, lá tiramos as fotos da praxe. Esperamos que, para o ano, haja mais, sinal que o Portimonense continua entre os grandes.

Nota: no dia a seguir, houve jogo e lá estávamos todos. Podíamos ainda sofrer de dores nas perninhas, mas tínhamos nas caras os sorrisos da missão cumprida.

 

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