Setor corticeiro exprime «profunda preocupação» com abate de sobreiros em Sines para parque eólico da EDP

APCOR: «Danos de curto prazo serão difíceis de compensar, visto serem árvores adultas»

A APCOR – Associação Portuguesa da Cortiça expressou hoje a sua «profunda preocupação» com o abate autorizado de 1821 sobreiros, tendo em vista a construção do Parque Eólico de Morgavel, no concelho de Sines, para o qual o Governo português declarou a “imprescindível utilidade pública” do projeto de instalação deste parque.

De acordo com a associação patronal do setor corticeiro, a decisão de autorizar o abate de 1821 sobreiros «causa grande apreensão entre os agentes da fileira, devido ao impacto direto e indireto que terá sobre o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, mas sobretudo porque os danos de curto prazo serão difíceis de compensar, visto serem árvores adultas».

Para a APCOR, «a preocupação é ainda maior pois esta é mais uma decisão que aumenta o número de sobreiros abatidos em Portugal, número que pode ascender a mais de 35 mil, desde o ano de 2011, preocupação esta que foi sendo transmitida em diversos momentos».

«Sem colocar em causa o cumprimento de todos os procedimentos e a consequente enquadramento da decisão», a APCOR revela ter solicitado ao Governo «uma reflexão para que sejam avaliados possíveis equilíbrios ou alternativas entre a construção da infraestrutura e a preservação destes povoamentos de sobreiros, podendo desta forma reverter a decisão ora tomada».

«A existência de um objetivo nacional assumido, de preservação do sobreiro como árvore símbolo nacional, dos montados, pelo seu potencial atual e futuro no alinhamento com a estratégia nacional de neutralidade carbónica, conservação da biodiversidade, preservação de espécies autóctones, combate à desertificação e por último, um país social, económico e ambientalmente mais coeso, são razões adicionais para a surpresa e preocupação desta tomada de decisão», explica João Rui Ferreira, secretário-geral da APCOR.

A APCOR recorda que, no ano de 2022, Portugal reforçou a sua posição de liderança mundial na transformação e exportação de produtos em cortiça, atingindo valores históricos de exportação para mais de 100 países, num valor total que ultrapassa os 1.200 milhões de euros.

Além do valor absoluto, a fileira da cortiça reforçou o enorme valor acrescentado para o país, onde por cada euro exportado mais de 80% é retido em Portugal. Números reforçados no 1º semestre de 2023 onde se ultrapassou um novo recorde do valor das exportações.

A APCOR acrescenta, no seu comunicado, que tem «trabalhado arduamente para manter esta posição única ada fileira da cortiça nacional, procurando diversificar produtos e mercados, com base na preferência incontestável de consumidores e profissionais em diversos continentes, de forma a permitir ao setor atingir, no final da década, a meta de 1.500 mil milhões de euros de exportações».

«A preservação do nosso património ambiental e a contínua liderança mundial que o setor tem desde Portugal para o mundo são objetivos que a APCOR pretende alcançar em harmonia com o desenvolvimento sustentável do país, em linha aliás com os objetivos nacionais, e para isto é fundamental proteger a base da nossa cadeia de valor», conclui João Rui Ferreira.

 

 



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