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O jornalista António Vianagre, que foi delegado do Diário de Notícias no Algarve, nos anos 80 e 90, morreu este sábado, depois de alguns dias internado no Hospital de Portimão. 

António Lança Vinagre, de 77 anos, era alentejano de nascimento. Nasceu em Cuba, no Alentejo, o que aliás, como ele contava aos amigos, quase lhe causou um ligeiro dissabor quando, como jornalista da ANOP, acompanhou a visita do então Presidente da República Ramalho Eanes ao Brasil. Este país vivia então a ditadura dos generais, de direita, e não tinha relações com o governo cubano. Por isso, alguém nascido em Cuba não era bem vindo. Foi preciso explicar que era Cuba, mas do Alentejo, em Portugal…

António Vinagre, depois de ter feito o liceu no seminário de Évora, estudou Filosofia e Teologia em Lisboa, onde começou a trabalhar, na revista Flama. Trabalhou ainda no vespertino A Capital e na ANOP (Agência Noticiosa de Portugal).

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Mais tarde, nos anos 80, veio para o Algarve, primeiro como delegado da ANOP, depois como delegado do Diário de Notícias em Portimão, onde fundou a delegação em 1989. Mais tarde, com a extinção da delegação do DN em Portimão, passou a chefiar a delegação desse jornal nacional em Faro.

Ao longo da sua carreira, António Vinagre ganhou diversos prémios de jornalismo e inspirou vários jovens jornalistas.

Além da sua paixão pelo jornalismo, do qual saiu desencantado, sobretudo pela forma como foi tratado pelo Diário de Notícias nos últimos anos da sua carreira, António Vinagre era um apaixonado pela música, sobretudo pelo fado de Coimbra, que cantava como poucos.

Nesse âmbito, fez parte do grupo Ecos de Coimbra, que, no Algarve, se dedicava ao fado da cidade do Mondego.

José Maria Oliveira, seu amigo e que com ele fazia parte dos Ecos de Coimbra, recorda hoje, na sua página de Facebook, que Vinagre «vivia esta sua paixão de forma intensa e esclarecida. Sempre disponível para cantar em qualquer parte nunca regateou cachés, nem locais.. o prazer dele era cantar..».

«Era à sombra duma guitarra de Coimbra que ele soltava a sua alma inquieta e se deixava elevar de forma quase mística, nos acordes duma balada (talvez tendência dos seus conhecimentos musicais adquiridos no seminário)», acrescenta José Maria Oliveira.

Mais tarde, em Portimão, concelho onde sempre viveu desde que se radicou cá pelo Sul, fundou o Grupo Coral de Portimão, que era composto por cerca de 30 elementos, entre cantores e instrumentistas.

Com esse grupo, gravou dois CD, o primeiro sobre música popular portuguesa em geral e o segundo exclusivamente preenchido com canções dedicadas ao Algarve, com letras de poetas algarvios e músicas de António Vinagre.

Dedicou-se ainda ao teatro, sobretudo nos seus anos de juventude.

Vivia nos últimos 25 anos em Montes de Alvor, perto do Aeródromo, numa casa que construiu de raiz e que foi desenhada pelo seu amigo José Afonso Duarte, então cônsul honorário de Cabo Verde no Algarve. Nessa sua casa, dedicou-se também a outro dos seus hóbis, a horta.

Lutando com problemas de saúde desde há alguns anos, estava retirado quer da música, quer do jornalismo.

Sul Informação
Caricatura de António Vinagre, na sua faceta de cantor da balada de Coimbra, da autoria do seu amigo Zé Maria Oliveira

 

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