Festival Terras sem Sombra apresenta-se em Espanha com concerto do duo português Tessitori

Momento serve para apresentar, no país vizinho, da 19.ª temporada do Festival, este ano subordinada ao tema “O que fica do que passa: Um breviário de resistência musical”

Antiga capital de um reino de taifas, a cidade espanhola de Albarracín vai ser palco, a 26 de Agosto, da apresentação da 19.ª temporada do Festival Terras sem Sombra, este ano tendo como tema “O que fica do que passa: Um breviário de resistência musical”.

Albarracín mantém a sua feição islâmica e medieval. A localidade, defendida por um imponente recinto fortificado, impõe-se na paisagem montanhosa da província espanhola de Teruel, em pleno território de Aragão. A urbe está classificada como património nacional de Espanha e uma referência patrimonial de escala mundial, excelentemente preservada e com uma atividade cultural e turística exemplar.

A presença e apresentação do Festival Terras sem Sombra em Albarracín «sublinha o carácter internacional e a matriz ibérica da iniciativa, ali consolidada por um marco geográfico, mas também cultural e simbólico, comum aos dois países, dada a presença próxima da nascente do rio Tejo», explica a organização do Terras sem Sombra.

«Curso de água soberano, de escala internacional, o Tejo, conhecido como Tajo na vizinha Espanha, deambula por mais de 1000 quilómetros, assumindo-se como uma fronteira natural, mas também mental, do Além Tejo, dando o nome à mais vasta região portuguesa.

Será esse o pretexto para uma visita, a 26 de Agosto, às 11 horas, às proximidades da nascente do maior rio Ibérico, num local célebre: a Fuente de García.

A apresentação do Festival Terras sem Sombra na vizinha Espanha culmina num momento maior, às 19h00, no auditório da Fundación Santa María de Albarracín, instalado na igreja de Santa Maria de Albarracín, monumento nacional.

Será oportunidade para apresentar uma temporada musical que, no presente ano, contou com o seu início em Maio último, no concelho de Ferreira do Alentejo, para se prolongar até Dezembro próximo, num périplo cultural com intérpretes provenientes da Áustria, Bélgica, Espanha, Filipinas, Hungria, Itália, Polónia e República Checa, mas também de Portugal.

A 26 de Agosto, ao palco do auditório da Fundación Santa María de Albarracín vão subir dois músicos portugueses de exceção, a cujo talento a crítica especializada já se rendeu. Tessitori é um ensemble, dirigido por Isabel Pereira (violeta) e João Loureiro (guitarra), que tem vindo a projetar-se, um pouco por toda a Europa, a partir de Londres.

Premiados a nível nacional e internacional, os dois músicos conheceram-se enquanto estudantes na Royal Academy of Music, da capital britânica, onde firmaram a sua robusta parceria.

Cativados pela sonoridade única do ensemble de cordas, começaram a explorar as possibilidades do repertório, criando os seus próprios arranjos de obras celebradas, bem como peças originais e encomendas, em que transparecem as suas origens. Um sinal da “mudança de página” na música portuguesa que caracteriza o panorama artístico do nosso país ao longo da última década.

Em Albarracín, o Festival Terras sem Sombra apresenta um concerto subordinado ao tema “Cantos de España, desde Portugal”, numa viagem musical que se articula nas obras, entre outros, de Enrique Granados, Isaac Albéniz, Manuel de Falla, Pablo Casals e Joaquin Malats, numa perspetiva portuguesa de grandes referências da música espanhola da transição do século XIX para o XX.

Na apresentação do Festival Terras sem Sombra na vizinha Espanha, sublinhe-se a presença e participação de António Jiménez, diretor da Fundación Santa María de Albarracín, e Manuel Gracia Rivas, membro da Direção de Hispania Nostra e da Real Academia de la Historia, entidades com as quais o TSS vem a manter uma profícua colaboração.

O Festival Terras sem Sombra mantém uma colaboração regular, no plano musical, com instituições aragonesas de Saragoça e Teruel, há diversos anos, e realizou em 2022 o projeto “Sonotomia”, apoiado pelo programa Europa Criativa, da União Europeia, em que Albarracín teve papel de relevo. A iniciativa nesta cidade constitui uma consolidação desta presença e permite uma forte irradiação no âmbito espanhol.

A 19.ª temporada do Festival Terras sem Sombra prolonga-se de Maio a Dezembro, com uma programação que inclui os concelhos de Ferreira do Alentejo (13 e 14 de Maio), Castelo de Vide (27 e 28 de Maio), Mourão (24 e 25 de Junho), Beja (9 e 10 de Setembro), Santiago do Cacém (23 e 24 de Setembro), Odemira (14 e 15 de Outubro), Vidigueira (28 e 29 de Outubro), Arraiolos (11 e 12 de Novembro), Montemor-o-Novo (2 e 3 de Dezembro) e Sines (data a confirmar).

Criado em 2003, o Festival Terras sem Sombra é uma iniciativa da sociedade civil que pretende dar a conhecer a um público alargado um território, o Alentejo, que sobressai pelos valores ambientais, culturais e paisagísticos e apresenta, em termos gerais, um dos melhores índices de preservação da Europa.

Fiel aos valores e à missão que o guiam desde a sua génese, o Festival mantém o carácter itinerante, a tónica na descentralização cultural, a formação de novos públicos, a inclusão e a sustentabilidade.

A programação abrange concertos de música erudita, master classes, conferências, visitas ao património cultural e acções de salvaguarda da biodiversidade, todos de acesso gratuito.

Nas últimas temporadas, o carácter internacional do Festival tem-se consolidado com a participação de países convidados (v.g., Estados Unidos da América, Brasil, Espanha, Hungria, República Checa, Bélgica).

 

MÚSICA [Albarracín, 26 de Agosto, 19h00]
Local: Auditório da Fundación Santa María de Albarracín

TESSITORI
Violeta: Isabel Pereira
Guitarra clássica: João Loureiro

Programa – “Cantos de España, Desde Portugal”

TRADICIONAL/CASALS [1876-1973]
El Cant dels Ocells

ENRIQUE GRANADOS [1867-1916]
12 Tonadillas en stilo antíguo – Amor Y Odio – El Mirar de la Maja – La maja de Goya

ISAAC ALBÉNIZ [1860-1909]
Cantos de Espanha op. 232 – Prelúdio – Sous le Palmier – Córdoba

MANUEL DE FALLA [1876-1946]
Siete Canciones Populares Espanholas – Asturiana – El Paño Moruno – Jota – Nana

JOAQUIN MALATS [1872-1912]
Serenata Española

 

 

TESSITORI
Duo de Violeta e Guitarra Clássica formado por dois músicos portugueses, premiados a nível nacional e internacional, que se conheceram sendo estudantes na Royal Academy of Music, de Londres, onde criaram este ensemble.

Cativados pela sonoridade única do dispositivo, Isabel Pereira e João Loureiro começaram a explorar as possibilidades do repertório, criando os seus próprios arranjos de obras celebradas, bem como originais.

O repertório do duo inclui obras do período barroco, clássico/romântico, obras-primas de autores portugueses, espanhóis e argentinos e, ainda, peças mais invulgares de compositores brasileiros, como Gismonti e Gnatali.

Desde a sua formação, apresentou-se em concerto, no Reino Unido, na National Portrait Gallery (de salientar dois concertos integrados na exposição Picasso Portraits, em 2016), St. James’s, Picadilly (concerto integrado no Festival Echoes da ILAMS 2017), National Theatre-Southbank e Rosslyn Hill Chapel; e em Portugal, na Fundação Calouste Gulbenkian, de Lisboa, Convento de São Francisco, de Santarém, e Museu Abade Pedrosa, em Santo Tirso, entre outros.

Gravou em 2014 o primeiro disco, distinguido pela crítica da especialidade: “É evidente que estamos perante dois músicos de exceção, cuja filosofia – a de oferecer à música e ao público a liberdade de respirar –, é apresentada com convicção” (Classical Guitar Magazine); “Está gravado de forma vívida e apresentado de maneira elegante” (The Strad).

ISABEL PEREIRA Violeta
Intérprete galardoada nacional e internacionalmente, sobressai pela atividade orquestral como freelancer no Reino Unido e em Portugal. Liderou as violas de vários agrupamentos de referência, v.g., Royal Liverpool Philharmonic, Orquesta Sinfónica do Porto e Orquestra Sinfónica Portuguesa, de que é membro.

Colabora regularmente com diversas orquestras, v.g., Royal Opera House Philharmonia, Royal Philharmonic Orchestra, London Sinfonietta, tem trabalhado com Ricardo Mutti, Sir Colin Davis, Christoph Echenbach, Vladimir Jurovski, Gustavo Dudamel, a par de outros vultos. Atua amiúde a solo com orquestras e grupos de música de câmara.

Participou em inúmeras digressões, apresentando-se em salas como Carnegie Hall (Nova Iorque), Walt Disney Concert Hall (Los Angeles), Royal Albert Hall (Londres), Theatre des Champs Elysées (Paris), Musikverein (Viena) ou Suntory Hall (Tóquio).

Apresenta-se todos os anos nos Concertos Promenade BBC “Proms”, do Royal Albert Hall, e no Glyndebourne Opera Festival. Gravou dezenas de discos e bandas sonoras, cabendo referir, entre as mais conhecidas, The Hobbit e Iron Man.

JOÃO LOUREIRO Guitarra clássica
Formou-se com Silvestre Fonseca e Acácio Resende na Escola de Música de Santarém, partindo em 1997 para estudar com Shuko Shibata, em Londres. Obteve a licenciatura em Música no London College of Music and Media. Prosseguiu o aperfeiçoamento artístico na Royal Academy of Music, onde concluiu a pós-graduação, em 2003.

Na qualidade de solista, fez recitais em Portugal, Alemanha, Países Baixos e Reino Unido. Foi o representante português no 1.º Congresso Uníssono International, na Alemanha. Entre as atividades em que colaborou, cabe realçar espetáculos de poesia, música e dança, com o grupo A Phala, e teatro musical, ópera e participações com diversas orquestras, nomeadamente a BBC Philarmonic Orchestra.

Em 2009, apresentou-se com a Britten Sinfonia na estreia da ópera Yellow Sofa, de Julian Phillips, em Glyndebourne. Em 2007, lançou com Uno Guitar Duo o primeiro disco, que foi aclamado pela crítica.

Desenvolve atualmente um trabalho original para guitarra solo, intitulado Familiar Faces e inspirado nos heróis menos celebrados das nossas vidas, a família e os amigos.

 

 

 

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