Basílica de Castro Verde reclassificada como monumento nacional

Igreja tem vindo a ser sujeita a campanhas de restauro e requalificação

Basílica Real de Castro Verde – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

A igreja matriz de Castro Verde foi ontem reclassificada como monumento nacional, passando a ser denominada Basílica Real.

A reclassificação do templo, que até agora estava classificado como Monumento de Interesse Público, foi aprovada na reunião do Conselho de Ministros, que decorreu na manhã de ontem em Évora, no âmbito da iniciativa “Governo + Próximo”.

A proposta de reclassificação da Basílica Real de Castro Verde como monumento de interesse nacional foi apresentada, em 2021, pela Direção Regional de Cultura do Alentejo à Direção Geral do Património Cultural.

A igreja reabriu ao público e ao culto religioso no passado mês de Março, depois de vários meses fechada para obras de restauro e requalificação.

Desde 2017, em colaboração com a Fábrica da Igreja Paroquial, a Câmara Municipal de Castro Verde promoveu um processo de requalificação e manutenção da Basílica Real, contando igualmente com a colaboração da Direção Regional de Cultura do Alentejo e o mecenato da empresa mineira Somincor.

Numa primeira fase, foi possível proceder à pintura integral do exterior do monumento, limpeza e tratamento do telhado, portas e janelas. Seguiu-se a conservação e restauro da pintura do coro alto e do nártex e, depois, o mural dos tímpanos e o teto pintado.

A reabilitação da Basílica Real de Castro Verde representa um investimento de mais de 446 mil euros, verba comparticipada em 85% por fundos comunitários, através do Programa Operacional Regional Alentejo 2020.

Os restantes 15% do valor da empreitada, referentes à comparticipação nacional, foram assumidos pela empresa Somincor, concessionária das minas de Neves-Corvo (Castro Verde), ao abrigo da Lei do Mecenato.

Antes, em 2019, tiveram lugar trabalhos de limpeza manual do telhado, arranjo de portas e janelas, e pintura total do edifício, investimento superior a 65 mil euros comparticipado pela Câmara de Castro Verde, pela União de Freguesias de Castro Verde e Casével e pelo programa BEM – Beneficiação de Equipamentos Municipais, do Governo.

As obras de requalificação da Basílica Real de Castro Verde incluíram ainda a recuperação do coro alto e do nártex no interior do imóvel, que custou cerca de 50 mil euros.

O Conselho de Ministros de ontem determinou ainda a classificação dos Banhos Islâmicos de Loulé como Monumento Nacional, tal como o Sul Informação ontem noticiou em primeira mão.

 

Basílica Real de Castro Verde – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

A Basílica Real de Castro Verde foi mandada construir pelo rei D. Sebastião em 1573, em homenagem à Batalha de Ourique, tendo substituído uma igreja anterior.De acordo com os documentos das Visitações da Ordem de Santiago, a Basílica Real foi instalada no local de uma igreja dedicada a Santa Maria, igualmente conhecida como de Nossa Senhora da Conceição, que terá sido a primeira igreja matriz da vila.

Não se sabe ao certo qual foi a data de fundação da igreja original, embora o registo da visitação de 1510 indique que algumas partes do imóvel, então denominado de Igreja de Santa Maria, estavam em más condições de conservação, pelo que poderá ter sido construído durante o período quatrocentista.

Após 1573, ano em que o rei D. Sebastião passou por Castro Verde, a igreja foi demolida, encontrando-se nessa altura já muito arruinada. No seu lugar foi construído um novo templo, que pretendia homenagear a vitória portuguesa na Batalha de Ourique,que segundo a tradição foi travada em 25 de Julho de 1139, nas imediações da vila de Castro Verde.

A igreja original foi descrita como tendo paredes com dezasseis palmos de espessura, uma torre, duas sacristias com acesso à capela-mor, e uma cobertura em forma de abóbada.] O edifício possuía um órgão, e estava ricamente decorada com revestimentos em mármore e madeira do Brasil. A basílica poderá ter sido o ponto central de Castro Verde, a partir do qual se desenvolveu o tecido urbano da vila.

Durante a primeira metade do século XVIII, a basílica foi alvo de um novo programa de reconstrução, passando a ter a configuração pela qual é conhecida. Os trabalhos terão começado em 1713, sabendo-se que ainda decorriam em 1718. Esta intervenção foi feita com a iniciativa e apoio financeiro do rei D. João V, como mestre da Ordem de Santiago, que queria igualmente prestar homenagem à lendária Batalha de Ourique.

Além das mudanças estruturais, também foi enriquecido o recheio do edifício, com várias encomendas feitas pelo próprio monarca, do qual recebeu a categoria de basílica real em 1735. O novo edifício foi desenhado por João Antunes, que se destacou pela sua obra religiosa barroca em Portugal, falecido em 1712, pelo que não terá assistido às obras.

A cobertura da nave foi pintada entre 1728 e 1731.]Segundo a documentação da confraria de São Miguel, recolhida pelo investigador Abílio Pereira de Carvalho na sua obra História de uma Confraria (1677-1855), o relógio da basílica foi encomendado em 1784 a Diodactus Lambinon, na cidade de Faro, por quinhentos mil réis, tendo sido entregue em 1785.

É composta por um edifício de grandes dimensões, que se destaca facilmente da malha urbana da vila, sendo visível a uma grande distância. A sua fachada é marcada por duas imponentes torres sineiras. O seu interior está organizado numa só nave, com altar-mor. O edifício é rodeado por um adro em calçada, que é limitado por um miradouro, a Rua D. Afonso I e o conjunto dos Paços do Concelho.

A sobriedade exterior do edifício contrasta com a riqueza decorativa no seu interior, com cerca de sessenta mil azulejos num estilo típico dos artesãos lisboetas de 1730, que contam a história de D. Afonso Henriques e o Milagre de Ourique. Este milagre constitui numa aparição de Jesus Cristo a D. Afonso Henriques, tendo-lhe prometido que a batalha seria a génese de uma nova nação, que depois iria difundir a religião cristã pelo mundo.

Destacam-se igualmente a talha dourada e policromada nos altares, principalmente a do altar-mor, e várias imagens marianas. A cobertura do edifício, em madeira, é um exemplo da marcenaria do Século XVIII, com uma grande pintura que representa igualmente o milagre da Batalha de Ourique.

 

Fonte: Site da Câmara Municipal de Castro Verde

 

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