Seca: CIM do Alentejo Litoral defende «reforço das ligações» ao Alqueva

«A situação é bastante preocupante»

Álvaro Beijinha, vice-presidente da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (CIMAL), defendeu hoje «o reforço das ligações a Alqueva» para minimizar o impacto da seca na agricultura e advertiu que a situação «é bastante preocupante» na região.

«A situação é bastante preocupante» no que diz respeito «às culturas de regadio, como o arroz, milho e tomate», mas também «nas culturas permanentes», nomeadamente «o olival e amendoal», porque «praticamente não choveu desde o início do ano», disse à agência Lusa o também presidente da Câmara de Santiago do Cacém (CDU).

Segundo o autarca, «as barragens da região estão com cotas muito baixas» de armazenamento de água, com Campilhas, no concelho de Santiago do Cacém, no distrito de Setúbal, «a pouco mais de 10%» e Monte da Rocha, no concelho de Ourique (Beja), «com uma cota muito parecida».

Só no concelho de Santiago do Cacém, «entre 2.500 e 3.000 hectares não vão ser regados este ano, devido à seca, com um impacto negativo na ordem dos 10 milhões de euros, o que é bastante significativo», precisou.

«Há já algum tempo que defendemos o reforço das ligações [da barragem] de Alqueva a Campilhas e Monte da Rocha» para minimizar o impacto dos efeitos de anos de seca consecutivos neste território, frisou.

No entanto, e apesar de considerar este investimento fundamental, o autarca vincou que o preço da água de Alqueva que é cobrado aos agricultores da região «é bastante elevado», tendo sofrido «um aumento de 35%».

«No caso da Associação de Regantes e Beneficiários de Campilhas e Alto Sado, o aumento é de 35%, uma percentagem bastante elevada que preocupa os agricultores e os produtores de gado que estão a vender os animais porque, sem água para regar os campos, não conseguem comportar os custos das rações», referiu.

Também «em algumas explorações os agricultores decidiram não produzir arroz porque o preço da água é tão caro que não se justifica avançar para o seu cultivo», acrescentou.

De acordo com o autarca, a região do litoral alentejano «ainda vive muito da agricultura», dando o exemplo dos concelhos de Alcácer do Sal e de Santiago do Cacém (Setúbal), «que são muito fortes em regadio», e de Odemira (Beja), «com as hortícolas» e «os problemas complexos da [barragem] de Santa Clara».

Perante uma situação que considerou «extremamente dramática», o vice-presidente da CIMAL, que engloba os municípios de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines, no distrito de Setúbal, e Odemira (Beja), pediu ao «Governo e à ministra da Agricultura» para «olhar para esta região de uma forma mais presente».

«Sentimos que os agricultores têm estado muito desacompanhados nesta matéria. Já convidámos por várias vezes a ministra [da Agricultura] a vir ao terreno, ver a realidade que é muito preocupante, mas sentimos que parece que não está muito preocupada com esta situação», reiterou.

Questionado sobre o abastecimento de água à população, tendo em conta o agravamento da situação de seca e a contínua falta de chuva na região, o autarca reconheceu que os problemas poderão vir a agravar-se se não houver um «maior investimento a nível nacional» em alternativas que garantam a retenção de água.

 



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