O Festival Terras sem Sombra apresenta-se, no próximo fim de semana de 27 e 28 de Maio, na sua tríplice dimensão de atividades – Música, o Património e a Biodiversidade – no concelho norte alentejano de Castelo de Vide.
Num programa excecional, com a parceria do município local e de instituições da Hungria, há a destacar, no sábado, o concerto para dois violinos, que percorre um repertório musical de cinco séculos, a visita às fontes de água da vila alentejana, berços de vida e de histórias e ainda, no domingo, o périplo a uma quinta agrícola com origens no século XIX, um exemplar modelo de desenvolvimento local.

“Diálogos Infinitos: Um Repertório para Dois Violinos” é o título do concerto que leva os intérpretes provenientes de Budapeste, Vilmos Szabadi e Boglárka Farkas, à igreja do convento de S. Francisco, magnífico templo cujas origens remontam ao século XVI.
Na noite castelo-vidense de 27 de Maio (21h30), a dupla de violinistas interpreta, entre outras, peças de Jean-Maria Leclair, Ignaz Josef Pleyel e Alexander Rolla, num repertório que se estende do século XVII ao século XXI, com destaque para compositores consagrados húngaros, como György Ligeti ou o virtuoso do violino Franz von Vecsey.
Artista de Mérito da República da Hungria, o violinista Vilmos Szabadi granjeou os Prémios Liszt, Bartók, Pásztory, Príma, Hungaraton, e duas vezes o Prémio do Festival MIDEM de Cannes. É professor do Departamento de Violino da Academia de Música Ferenc Liszt de Budapeste.
Numa carreira iniciada na década de 1988, já se apresentou, entre outras, com a Orquestra Filarmónica Real Britânica, a Orquestra Filarmónica da BBC e a Orquestra dos Concertos da Irlanda.
Em 1995, tocou o violino Stradivari da Família Real de Espanha no palco do Auditório Nacional em Madrid. Até hoje, foram lançadas seis dezenas de CD/LP/CDV com o seu nome.
O seu instrumento é um violino de Cremona, construído pelo luthier Laurentius Storioni no ano 1778, cujo trabalho foi influenciado por mestres anteriores como Giovanni Battista Guadagnini e Tommaso Balestrieri. Trata-se de um instrumento da coleção do Estado Húngaro.
Nascida em 1998, a violinista húngara Boglárka Farkas está a concluir a formação, no mais alto grau, na Academia de Música Ferenc Liszt, de Budapeste, com a especialização em Música de Câmara.
Já tocou em contextos tão significativos como a série “Artistas viajantes pelo mundo”, da Rádio Bartók, assim como em programas de música clássica de outras emissoras. Participou também na série de concertos jubilares de Vilmos Szabadi.

A anteceder o concerto, a tarde de sábado, 27 de Maio (15h00), reserva a todos quantos se juntarem à atividade do Património, um singular périplo. “Fons Vitae: O Património Aquático de Castelo de Vide”, com ponto de encontro no Jardim Grande, leva à descoberta do riquíssimo conjunto de fontes da vila e envolvente, numa prova dos recursos hídricos da localidade.
Uma riqueza patenteada em estruturas monumentais, algumas de elevado valor artístico, como a Fonte da Mealhada, a Fonte do Martinho, a Fonte Nova e a incontornável Fonte da Vila, cujo papel no planeamento urbano da antiga judiaria é inegável, estando toda a envolvência desenvolvida em sua função; dela partem cinco ruas e cinco ruas a ela vão ter.
O périplo pelo património hídrico castelo-vidense inclui a visita à exploração da Vitalis, cujas águas brotam de maciços quartzíticos, circulando numa intricada rede de fraturas na rocha.

O segundo fim-de-semana da presente temporada do Festival Terras sem Sombra tem o epílogo na jornada da manhã de domingo, 28 de Maio (9h30).
“Da Agricultura à Biodiversidade: A Granja do Prado e o Legado de João José Le Coq” é o título da visita com ponto de encontro no Jardim Grande.
A atividade evoca a vida e obra de João José Le Coq (1798-1879), comendador da Ordem de Cristo, diretor da Litografia Régia, diretor e professor da Escola Normal que, em 1838, adquiriu propriedades em Castelo de Vide.
Entre estas destacava-se a vastíssima Quinta do Prado, tornada modelo de lavoura. A fama desta propriedade atraiu altas personalidades, que lhe teciam os maiores elogios face ao aproveitamento daquelas terras, nomeadamente a captação de água para a rega de novas culturas instaladas e modelo de envolvimento dos trabalhadores rurais. Da Quinta do Prado, diz-se ter sido palco para a produção do primeiro espumante feito em Portugal.
O Festival Terras sem Sombra agenda o seu momento seguinte a 24 e 25 de Junho, com as atividades programadas para o concelho de Mourão. Desta forma, a 24 de Junho (15h00), a visita faz-se à Aldeia da Luz, sob o tema “Pretérito Passado: O Museu da Luz e a Memória”.
Nesse mesmo dia, às 21h30, a igreja matriz de Nossa Senhora das Candeias acolhe um dos nomes maiores da pianística internacional, o filipino Raul Sunico, num concerto intitulado “A Choice: Páginas para Piano no Oriente e no Ocidente”.
A manhã de domingo, 25 de Junho (9h30) reserva uma visita sob o tema “Uma Agricultura Exigente: A Produção de Ervas Aromáticas”.
A programação da 19.ª temporada do Festival retoma em Setembro do presente ano, para se prolongar até Dezembro, com eventos em Beja (9 e 10 de Setembro), Santiago do Cacém (23 e 24 de Setembro), Odemira (14 e 15 de Outubro), Vidigueira (28 e 29 de Outubro), Arraiolos (11 e 12 de Novembro), Montemor-o-Novo (2 e 3 de Dezembro) e Sines (data a confirmar).
MÚSICA
Castelo de Vide
27 de Maio, 21h30
Local: Igreja do Convento de S. Francisco
Violino VILMOS SZABADI
Violino BOGLÁRKA FARKAS
Programa
“Diálogos Infinitos: Um Repertório para Dois Violinos”
Jean Marie Leclair [1697-1764]
Sonata para Dois Violinos, op. 3, n.º 2, em Lá maior
Ignaz Josef Pleyel [1757-1831]
Duo para Dois Violinos, op. 23, n.º 4, em Fá maior
György Ligeti [1923-2006]
Baladă și Joc (Balada e Dança)
Franz Von Vecsey [1893-1935]
Prelúdio e Fuga para Violino Solo
(Dedicado a Jenő Hubay)
Alexander Rolla [1757-1841]
Duetti per Due Violini, n.º 3
PATRIMÓNIO CULTURAL
Castelo de Vide, 27 de Maio, 15h00
Ponto de encontro: Jardim Grande
Atividade orientada por: Rui Bengala (geólogo)
“Fons Vitae: O Património Aquático de Castelo de Vide”
BIODIVERSIDADE
Castelo de Vide, 28 de Maio, 9h30
Ponto de encontro: Jardim Grande
Atividade orientada por: Gonçalo Elias (ornitólogo) e Dinis Cortes (fotógrafo de natureza)
“Da Agricultura à Biodiversidade: A Granja do Prado e o Legado de João José Le Coq”
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