Seca leva ministérios do Ambiente e Agricultura a suspender novas estufas no Sudoeste Alentejano

Na reunião da Comissão Permanente, foram tomadas ou mantidas medidas para a região sul, Alentejo e Algarve

Barragem de Santa Clara – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação (arquivo recente)

A suspensão de novas estufas no Sudoeste Alentejano, onde a escassez de água é já crítica devido ao baixo nível da barragem de Santa Clara, é uma das medidas anunciadas esta sexta-feira pelos ministros do Ambiente e da Agricultura, no final da reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca.

Citando dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), referentes a 15 de abril, os ministros Duarte Cordeiro e Maria do Céu Antunes disseram que 18,6% do país está já em seca severa e que 10,1% em seca extrema.

A seca severa afeta o sul do país e uma pequena parte no nordeste transmontano, e a seca extrema afeta o sul do país, alertou a ministra da Agricultura.

Na reunião da Comissão Permanente, explicou, foram tomadas ou mantidas medidas para a região sul, Alentejo e Algarve, uma delas a de, na zona do Mira, interditar novas instalações de culturas permanentes e de “estufas e afins”.

“Estamos a entrar num período de novo difícil”, estando a 15 de abril “com uma situação que já se faz antever de muito difícil”, avisou Maria do Céu Antunes.

Aliás, acrescentou, a perspetiva é que a situação se agrave.

Em relação às albufeiras, se a maioria permite com segurança garantir a campanha de rega deste ano, há várias a sul com contingências para abastecimento humano e agricultura.

Maria do Céu Antunes referiu-se aos aproveitamentos hidroagrícolas de Campilhas e Alto Sado (que inclui Campilhas, Fonte Cerne, Monte Gato e Monte da Rocha), no Alentejo, que estão “em situação mais difícil, com um plano de contingência” que pode levar nalguns casos à interdição do uso de água para rega.

Isso também irá acontecer no Mira, nomeadamente a partir da barragem de Santa Clara, e nos aproveitamentos hidroagrícolas que incluem Silves, Lagoa e Portimão (Arade/Funcho), e Alvor, a partir da Bravura.

No caso de Silves, Lagoa e Portimão, prevê-se uma transferência de água das albufeiras do Funcho para a do Arade e a aplicação do plano de contingência. Em Alvor, mantêm-se as duas captações recuperadas no ano passado, disse a ministra.

Com Campilhas e Alto Sado com restrições totais para agricultura, a ministra disse que, no Mira, com base num acordo entre os dois ministérios e os agricultores, decidiu baixar-se a cota de captação, associada a um “plano de contingência muito restritivo”.

A ministra acrescentou que hoje mesmo fez um despacho que, para já, vai interditar para as áreas beneficiadas a instalação de novas culturas permanentes, “assim como a instalação de novas estufas e afins”.

“E não vamos permitir regar nomeadamente as áreas que também não tiveram rega em 2022”, acrescentou.

No Mira, estão a ser feitos investimentos para, por exemplo, reabilitar o canal de rega, havendo também a intenção de construir uma dessalinizadora, a ser paga por privados.

Há investimentos também em Campilhas e Alto Sado, para serem concluídos até 2025, sem contar com investimentos já a serem feitos no Algarve (Alvor, Silves, Lagoa e Portimão).

Maria do Céu Antunes salientou que, após ser decretada a situação de seca, podem ser criadas medidas para ajudar os agricultores.

Num comunicado hoje divulgado sobre a situação a 15 de abril, o IPMA refere que a temperatura máxima do ar esteve quase sempre acima da média, que houve uma onda de calor de 2 a 11 de abril em metade das estações meteorológicas, e que os valores de precipitação foram “muito inferiores ao normal” em todo o território, sendo que no sul não choveu.

A 15 de abril, em termos de seca meteorológica, em 21,8% do território a situação era normal, em 28,3% era de seca fraca, em 21,2% de seca moderada, em 18,6% de seca severa, e em 10,1 de seca extrema.

 

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