Projeto para restaurar produtividade agrícola e florestal em zonas semiáridas avança em Beja

O projeto é promovido pela Associação de Defesa do Património de Mértola e vai beneficiar 81,1 hectares nos municípios de Mértola, Beja e Barrancos

Uma associação está a dinamizar, em parceria com entidades académicas e governamentais, um projeto para “restaurar a produtividade agrícola e florestal” em zonas semiáridas de três concelhos do distrito de Beja.

O projeto REA Alentejo, que arrancou no mês passado, é promovido pela Associação de Defesa do Património de Mértola (ADPM) e vai beneficiar 81,1 hectares nos municípios de Mértola, Beja e Barrancos.

“Este projeto pretende incrementar, em larga escala, aquilo que tem vindo a ser o trabalho da ADPM no combate à desertificação e restauro dos habitats de montado”, explicou à agência Lusa a coordenadora do projeto Maria Bastídas.

O projeto REA Alentejo está a ser implementado no Centro de Estudos e Sensibilização Ambiental do Monte do Vento e Herdade de Vale Formoso (ambos no concelho de Mértola), no Parque Biológico de Cabeça Gorda (Beja) e no Perímetro Florestal de Barrancos.

Em comunicado enviado à Lusa, a ADPM adiantou que o objetivo é “restaurar a produtividade agrícola e florestal nas zonas semiáridas do sudeste de Portugal”.

O projeto ambiciona também «uma melhoria da saúde do solo, do funcionamento dos ecossistemas e, consequentemente, da qualidade de vida das comunidades rurais», acrescentou a mesma fonte.

Trata-se de «um projeto muito prático, que coloca o foco maior na preservação e proteção dos solos», reforçou Maria Bastídas, explicando que a iniciativa vai, «por um lado, melhorar o estado e a resiliência de algumas massas florestais e de montado que não estão em boas condições».

«Por outro lado, [vai] ajustar áreas cujas massas florestais não são adequadas à situação climática atual», acrescentou.

Para tal, «vamos implementar medidas que passam, por exemplo, pela conversão de eucaliptais em fim de produção em sistemas silvoagropastoris, ou outras medidas, em ambiente agrícola, que promovam uma melhor gestão que limite a erosão», continuou Maria.

A coordenadora do REA Alentejo acrescentou que «grande parte das ações relacionadas com a plantação [de árvores] vai decorrer no fim deste ano».

O REA Alentejo surgiu na sequência de outros programas dinamizados pela ADPM nesta área na região, tentando «implementar numa escala maior as ações que tem desenvolvido ao longo dos anos em diferentes projetos», explicou Maria Bastídas.

«Sendo um projeto profundamente prático, atuando no Baixo Alentejo, pretende, por um lado, a recuperação e a melhoria ambiental do território, mas também criar condições económicas aos proprietários, para dar uma sustentabilidade à região e combater a desertificação», acrescentou.

Além da ADPM, o REA Alentejo conta com a parceria da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, da Junta de Freguesia de Cabeça Gorda e da Câmara de Barrancos.

A iniciativa tem também a colaboração do Centro de Experimentação do Baixo Alentejo da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo.

A 17 de Março, no concelho de Beja, segundo a Lusa noticiou na altura, foi apresentado um estudo da Universidade Nova de Lisboa que concluiu que cerca de 94% do território do Baixo Alentejo “é suscetível à desertificação” devido às alterações climáticas e ao uso intensivo dos solos.

 



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