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Para quem não conhece, a FTX é (ainda) um Exchange de ativos digitais e derivados. Até há três semanas era a quarta maior no mundo, com investidores de renome, e figuras públicas como Kevin O’Leary, também chamado de “Mr. Wonderful” que é como ficou famoso pelo programa televisivo Shark Tank.

Porque é que este acontecimento é importante? Vamos por partes.

A FTX declarou falência no dia 11 de Novembro. No dia 9 de Novembro, o CEO Sam Bankman-Fried anunciou que precisava de mais dinheiro para evitar a bancarrota, numa tentativa de persuadir os investidores a injetar liquidez.

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Era até há três semanas a quarta maior Exchange de ativos digitais e seus derivados, com um tamanho colossal de 32 mil milhões de Dólares Americanos ($32 mil milhões USD).

Antes da sua queda, procurava cobrir um buraco no seu balanço de $8 mil milhões USD,tendo o colosso concorrente Binance (que é a maior do mundo no que toca a ativos transacionados diariamente) chegando a iniciar diligências para uma possível aquisição da FTX mas que terminaram precocemente durante o período de “Due Dilligence” (que é quando analisam a empresa de A a Z ) por motivos não divulgados.

Colossos financeiros ditos tradicionais como a BlackRock, Sequoia Capital, Tiger Global e a Lux Capital estão investidos na FTX e, por conseguinte, estão a ela expostos.

A Sequoia Capital já anunciou que avaliou em $0 USD o seu investimento na FTX que rondava os $200 Milhões USD. Perda total.

A BlackRock gere uma carteira de ativos (a maior a nível mundial) na ordem dos $10 Triliões de USD, no entanto não divulgou quanto havia investido na FTX.
Além disso, há entre $1 mil milhões USD e $2 mil milhões USD de fundos de clientes que desapareceram da Exchange. Simplesmente esfumaram-se, pelo que decorrem investigações para averiguar o sucedido.

Que consequências podemos esperar no curto prazo?

Em situações de bancarrota declarada, o que qualquer pessoa ou empresa pretende efetuar é liquidar os seus investimentos.

Contudo, nem sempre conseguem reaver a totalidade dos montantes, pelo que o movimento lógico seguinte é liquidar outros ativos na tentativa de cobrir o buraco deixado por dinheiro perdido no investimento (neste caso a falência da FTX).

Este movimento de liquidação é promovido por um sentimento de venda. Quando temos muito volume do que quer que seja a ser vendido dentro do mesmo período temporal, os preços descem, cotações descem, entrando-se numa espiral recessiva.

Nos mercados de ativos digitais, vive-se um clima negro, sendo que a Bitcoin já desvalorizou nos últimos 30 dias cerca de 19,31%: na sexta-feira, dia 4 de Novembro, transacionava a $21 179,09 USD e, na quarta-feira, dia 9, que foi precisamente quando tudo se começou a desmoronar, a Bitcoin fechou a $15 726,47 USD.

Isto é, o grosso da desvalorização dos últimos 30 dias aconteceu no momento que marcou o início da queda da FTX.

Ora, com colossos internacionais como a BlackRock, assim como até mesmo o sistema bancário tradicional, estão expostos a esta bancarrota, o sentimento que se gera é de desconfiança e incerteza, dado que estamos a falar de gigantes que, quando se movimentam, definem preços e tendências de mercado, devido ao seu enorme tamanho e volumes transacionados nos mercados.

Isto quer dizer que esta crise no sistema de ativos digitais pode e vai transbordar para os mercados tradicionais.

A dimensão dela, vamos ter de esperar para ver, já que isto é algo novo e não há dados históricos para tentar perceber sem fazer futurologia.

Será que os ativos digitais vão desaparecer?

Não vão desaparecer. Este é um acontecimento que estou convicto vai servir de catalisador para o mercado internacional e vai acelerar a regulação do sistema, no sentido de implementar medidas de controlo e supervisão para evitar que as empresas ligadas a este mundo fiquem super alavancadas, à imagem do que aconteceu com o sistema bancário em 2008.

Vão ser implementadas medidas para evitar catástrofes, o que vai dar mais confiança ao mercado e a investidores para potenciarem o desenvolvimento dos ativos digitais.

Para os investidores em ativos digitais, a palavra de ordem é atenção, limitar a exposição, por agora, a ativos digitais e esperar que o mercado atinja o ponto de inflexão que marca a efetiva “época de saldos”, e, por seu turno, o inverter da tendência.

Estamos a viver um clima tenso de momento, contudo estou extremamente otimista para o futuro. Venham os saldos!

 

Autor: Luis da Ponte é membro efetivo da Ordem dos Economistas.
É licenciado em Gestão de Empresas e Pós-Graduado em Finanças Empresariais pela Universidade do Algarve e licenciado em Administração Pública pela Universidade do Minho.
Profissionalmente, é proprietário das empresas “VDP – Consultoria | Seguros”e “TSE Industrial”.

 

Nota: artigo publicado ao abrigo do protocolo entre o Sul Informação e a Delegação do Algarve da Ordem dos Economistas

 



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