Expedição internacional estuda Paleoclima frente à Costa Alentejana e Vicentina

A escolha da margem Ibérica deve-se ao facto desta ser «uma zona única, em que os sedimentos debaixo do fundo oceânico registam de forma fidedigna as condições climáticas observadas nos gelos polares da Gronelândia e da Antártica

A expedição “Paleoclima da Margem Ibérica”, que parte de Lisboa a bordo do navio de furação Joides Resolution no dia 13 de Outubro, realiza-se no âmbito do Programa Internacional para a Descoberta do Oceano – IODP, decorrendo até 11 de Dezembro.

A expedição é liderada por David Hodell, da Universidade de Cambridge (UK) e Fátima Abrantes, investigadora principal com agregação do IPMA, e colaboradora do CCMAR da Universidade do Algarve.

«O objetivo da expedição é reconstruir o clima dos últimos 3 milhões de anos, com particular atenção para os períodos mais quentes e com níveis atmosféricos de CO2 similares aos valores esperados para 2030», explica o IPMA.

Estes estudos serão «uma importante fonte de novos dados que permitirão estimar de forma mais precisa potenciais mudanças de circulação oceânica e de clima num futuro próximo».

Nas palavras de Fátima Abrantes, «é maravilhoso ter esta oportunidade de – antes de me reformar – concretizar um sonho que começou nos primeiros anos da minha carreira. Considero que esta expedição será uma das mais importantes para futuros estudos de paleoclima».

A escolha da margem Ibérica, em especial da zona frente às costas Alentejana e Vicentina, deve-se ao facto desta ser «uma zona única, em que os sedimentos debaixo do fundo oceânico registam de forma fidedigna as condições climáticas observadas nos gelos polares da Gronelândia e da Antártica, permitindo assim, comparações inter-hemisféricas num único local».

Por outro lado, «a elevada taxa de sedimentação possibilita uma resolução temporal na ordem das centenas de anos, enquanto a proximidade da costa ajuda a obter informação sobre o clima no continente». A variabilidade batimétrica das montanhas dos Príncipes de Avis, o local a amostrar, facilita ainda o estudo da evolução das diferentes massas de água que ocupam o interior do Atlântico Norte.

Na expedição, participa uma equipa multidisciplinar de 26 investigadores de dez países (China, Japão, Austrália, Índia, USA, Alemanha, Espanha, França, Portugal, UK) e técnicos da IODP, os quais trabalham em turnos de 12 horas para analisarem simultaneamente vários parâmetros dos sedimentos que vão sendo recolhidos.

Este programa permite o contacto com o público através de ligações ao navio durante a expedição (escolas, grupos organizados, comunicação social ou outros), ou ainda de visitas de investigadores às escolas. Para mais informações deve contactar: [email protected]

 

 



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