Núcleo de Arte Islâmica do Museu de Mértola expõe Design Têxtil até 2 de Outubro

Exposição enquadra-se no projeto Desenhar a Terra Futura

A exposição “Superfícies Desenhadas: Cerâmica Islâmica de Mértola e Design Têxtil” pode ser vista no núcleo museológico de Arte Islâmica do Museu de Mértola, até 2 de Outubro próximo,

A mostra responde ao repto lançado pelo tema deste ano do Dia Internacional dos Museus (“O poder dos museus: como podem os museus tornar o mundo um lugar melhor?”), ao expor trabalhos de estudantes universitários.

O diálogo entre as civilizações Islâmica e Ocidental foi concretizado tendo a Arqueologia e o Design como panos de fundo. Os alunos do 2º ano da Licenciatura em Design de Moda da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa foram desafiados a explorar tecnologias têxteis para a obtenção de desenhos na superfície têxtil, a partir do estudo de peças de cerâmica do catálogo do Campo Arqueológico de Mértola, na Unidade Curricular de Materiais de Moda II, sob a orientação da professora Alexandra Cabral.

A exposição surge enquadrada pelo projeto Desenhar a Terra Futura, que pretende implementar um modelo sustentável de design na área da slow fashion, tendo como fim a criação de uma marca de moda baseada na cultura e património locais de Mértola, com impacto nas áreas da saúde, social, económica e ambiental.

Neste contexto, o contributo dos jovens estudantes «concretiza a transferência de conhecimento urbano/rural, no domínio do design participativo», explicam os promotores da exposição.

 

 

O projeto é promovido pela Associação Via Criativa – Design para o Desenvolvimento Local, sendo a Câmara Municipal de Mértola e a Junta de Freguesia de Alcaria Ruiva os principais parceiros.

Tem o apoio do Programa Bairros Saudáveis lançado em 2020, uma iniciativa de natureza participativa, promovida pelo Governo Português, para a melhoria da qualidade de vida em territórios vulneráveis.

«O virtuosismo do desenho da cerâmica islâmica a dialogar com a simbologia inerente aos motivos desenhados foi transportado para as superfícies têxteis, filtrado por processos de ultimação atuais; acrescentam os promotores da exposição.

«Foram desenvolvidas amostras tingidas e estampadas, com recurso a diversos materiais e técnicas, que influenciaram a obtenção de cores e texturas, numa leitura ocidental sobre uma representação gráfica da cultura ancestral e islâmica. Por isso, não é de estranhar que, em alguns casos, tenham sido a forma das peças e o desenho da cerâmica a ter destaque e, noutros, a sua simbologia, também ela alvo de estudo», dizem ainda.

«Enquanto reinterpretação cultural e identitária, o design é sustentável do ponto de vista social, preservando o olhar sobre o passado, apoiando-se em inspirações locais inteligíveis; mas também o é do ponto de vista ecológico, ao tirar partido de tingimentos naturais ou de métodos digitais aplicados à estamparia, processos mais amigos do ambiente».

 

 

Outros, «que exploram efeitos especiais proporcionados por materiais que reagem a estímulos, comportam uma segunda leitura, capaz de atrair novos olhares e alertar consciências. É esta mistura de adaptações criativas com processos técnicos e de ressignificação que enriquece o design, oferecendo possibilidades de inovação ao mesmo. Quanto ao Núcleo Museológico de Arte Islâmica, se foi tido enquanto fonte de inspiração para o processo criativo, é agora local de questionamento perante o modo como a antiguidade é trazida à contemporaneidade, pelo design têxtil».

Nesse diálogo entre passado e presente, com um vislumbre do futuro, o 1º piso do museu alberga a exposição de amostras têxteis, produzidas maioritariamente por processos manuais, num total de 160 obras, divididas por cinco áreas: amostras figurativas, constituída por cerca de 100 trabalhos, 2/3 da coleção; amostras abstratas; amostras reversíveis; amostras digitais, obtidas por meios digitais como a sublimação, a estampagem digital, o corte e o desgaste a laser; amostras dinâmicas, com efeitos especiais proporcionados, por exemplo, por elementos fotocrómicos, fotoluminescentes ou refletores, tendo ainda sido produzido um e-textile.

No início do 1º piso, antecedendo a exposição de amostras, são exibidos lenços com padrões das amostras digitais. São fruto do design colaborativo desenvolvido no âmbito do projeto Desenhar a Terra Futura, que, neste caso, incluiu os autores Ana Rita Baptista, Camila Freitas, Francisca Ribeiro, Leonor Carradas, Luísa Salvado, Pedro Leitão e Sabrina Nunes.

Os lenços foram impressos digitalmente, sobre voile de algodão e crepe de viscose e sugerem a possibilidade de aplicação dos padrões em exposição a produtos do design de moda, relacionados com o património islâmico.

 

 

 



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