Rui Silva quer mostrar que é possível criar animais «com respeito»

Criador da Raça Bovina Limousine tem Certificação Welfair de Bem-estar Animal

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

«Desde que sou criador com algum profissionalismo que venho à FACECO porque acho que tenho de mostrar o que nós andamos aqui a fazer, aos meus colegas e ao público em geral: mostrar que nós respeitamos estes animais», frisa Rui Silva, médico veterinário e criador há 20 anos da Raça Bovina Limousine em São Teotónio, no concelho de Odemira. 

Na Feira das Atividades Culturais e Económicas do Concelho de Odemira, já é habitual que se realize o concurso desta raça bovina – e este ano não foi exceção. Os produtores que lá se encontravam eram vários, mas Rui Silva distingue-se pela Certificação Welfair de Bem-Estar Animal (algo que nem todos têm).

Ao Sul Informação, o produtor explica que o que diferencia esta raça de outras é a «qualidade da carne» e o facto de se tratar de uma raça que se produz «em função daquilo que a pastagem nos dá».

«Não há cá suplementos. Quando estamos na força da pastagem, na Primavera, damos aquilo que está na pastagem. Quando o tempo fica mais seco, e continuam a necessitar da mesma energia, e de proteína, damos suplementos em termos de ervas que guardamos, produtos naturais, da terra», explica.

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Esta foi, aliás, uma dificuldade motivada pela seca.

«Este ano, devido à seca, as pessoas que têm mais reservas vão buscá-las, as outras têm de comprar alimentos a preços que, por vezes, são proibitivos, mas não podem parar com a sua vida, que é a produção de animais. A verdade é que estamos a passar momentos mais difíceis, uns mais,outros menos, porque o custo de produção aumentou muito», diz, referindo que a Guerra na Ucrânia aumentou também os custos com o combustível necessário para alimentar os animais.

Em entrevista ao Sul Informação, Rui Silva mostra-se muito preocupado com as dificuldades que a seca trará no futuro, «com a falta de alimento e, para algumas pessoas, a carência de água».

«A água é fundamental e desperdiçá-la para atividades como piscinas e lavar carros não faz sentido nenhum. Dentro da agricultura, é preciso também escolher atividades que sejam amigas da poupança de água», diz.

Rui Silva cria os seus animais no Brejão, em São Teotónio, num espaço «onde eles se sintam livres». E é também esse um dos pontos que lhe permite ter a Certificação de Bem-Estar Animal.

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Questionado sobre o que é necessário para atingir este certificado, o criador responde da seguinte forma: «há vários critérios a cumprir no papel, mas qualquer criador que se preze, que é o responsável e guardador do animal, não precisa que lhe expliquem que o animal tem que se sentir feliz para produzir: é como nós nos nossos trabalhos».

Para isso, é preciso que as vacas tenham acesso «a uma boa alimentação, boa água e espaço para poderem exercitar e ter uma boa relação social», continua.

Rui Silva afirma ter sido sempre um apaixonado por bovinos e refere ser esse o incentivo para se dedicar à criação da raça. Além disso, o produtor acredita ser necessário perceber que «todas as atividades têm lados bons e lados maus e quando analisamos temos de ver todas as partes».

«O que se pretende, e o criador tem de fazer, é respeitar toda a sua unidade de produção e a sua unidade de produção é o animal. Hoje estamos no tempo do fundamentalismo em tudo: dos que querem carne e dos que não querem. Respeito a ideia de que se come em excesso carne – essa ideia está correta – basta olharmos paraa roda dos alimentos e vermos que não é para comermos a roda toda de carne, é uma pequena percentagem, porque os diferentes tipos de alimentos dão-nos diferentes coisas», remata Rui Silva, defendendo o «equilíbrio».

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

 



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