Em Beja, com um génio húngaro do piano, um moinho e o pão

Sob o signo das viagens, as musicais, mas também as que proporcionam as dimensões patrimonial e natural

Um recital do pianista Valentin Magyar, um génio húngaro do piano, uma visita ao Moinho Grande de Beja, um dos mais completos de todo o Alentejo, e ainda uma manhã de domingo dedicada aos rituais do pão. São estas as propostas de mais um fim de semana do Festival Terras sem Sombra, desta vez em Beja.

Sob o signo das viagens, as musicais, mas também as que proporcionam as dimensões patrimonial e natural, decorrerá mais um fim-de-semana do Festival Terras sem Sombra (FTSS), em parceria com o Município de Beja e outras instituições emblemáticas da terra.

O quarto momento da 18.ª temporada, tendo por epicentro a capital do Baixo Alentejo, reserva três atividades neste concelho, incluindo um périplo em torno da música do Centro da Europa e, de olhos postos num horizonte mais próximo, a proposta de um reencontro com labores e saberes em torno do pão, alimento que é vida, história e sociedade.

A noite de sábado, 18 de Junho (21h30), será um momento de comunhão com a grande música europeia. O palco do Teatro Municipal Pax Julia acolherá Valentin Magyar, um dos mais notáveis pianistas europeus da atualidade, que encetará uma “Viagem Musical ao Centro da Europa: Hungria, Polónia, República Checa e Eslováquia (Séculos XIX-XX)”.

Será, garante o Terras sem Sombra, «um inesquecível serão bejense que, entre outras, contará com a interpretação de peças de nomes como Béla Bartók, Antonín Dvořák, Frédéric Chopin e Franz Liszt».

 

Valentin Magyar obteve, em 2013, o primeiro reconhecimento profissional ao vencer o 13.º Concurso Nacional de Piano da Hungria. Entre 2013 e 2015, foi aluno de Gábor Eckhardt na Tóth Aladár Zeneiskola AMI, em Budapeste. Naquele último ano, ingressou na prestigiada School for Exceptional Young Talents, da Zeneakadémia (Academia Liszt), viveiro dos mais extraordinários talentos do mundo, onde estudou sob a orientação de Gábor Eckhardt, Imre Hargitai e Rita Wágner. Prosseguiu os estudos pianísticos, a partir de 2016, nesta instituição, tendo por mentores, entre outros mestres reputados, Attila Némethy e Balázs Szokolay.

Valentin Magyar atua com regularidade em palcos nacionais e estrangeiros. Estreou-se na sala principal da Academia Liszt, em 2018, com o Concerto para Piano em Ré menor, de W. A. Mozart – para o qual escreveu as suas próprias cadências –, com a Orquestra Anima Musicae, obtendo um triunfo absoluto.

O intérprete tem sido distinguido em vários concursos internacionais de piano, entre eles, o de Jovens Talentos na Música Clássica, em Nova Iorque, onde arrebatou o 1.º Prémio.

 

Sagrado e louvado seja o pão

De olhos postos num outro horizonte, a tarde de sábado, 18 de Julho (15h00), propõe uma visita ao património sobre o tema “De Velas Desfraldadas na Planície: O Moinho Grande”.

Será uma oportunidade para conhecer «um edifício absolutamente emblemático nas suas diferentes dimensões, mormente a social, a arquitetónica e a simbólica», explica o Festival.

O Moinho Grande, nos arredores de Beja, remontará ao ano de 1872, sendo que o “monte” onde está instalado data da década de 1930, assim como o forno e anexos à habitação. Esta estrutura teve a sua maior expansão de atividade no período desde 1950 até ao início da década de 1970, para, depois, enfrentar o declínio.

Dado o seu interesse patrimonial, este notável moinho foi alvo de um projeto de recuperação e reativação, com vista à dinamização do espaço, demonstração de uma atividade tradicional intimamente ligada à base económica da região, a produção cerealífera de trigo.

Trata-se de uma iniciativa exemplar e que contou com o cuidado de Francisco Dias Soares, desenhador de Arquitetura, filho do anterior moleiro e proprietário do monumental edifício. A visita será orientada por Francisco Soares (moleiro), Carlos Pedro (antropólogo) e José Matias (técnico de Património).

Tendo como mote o alimento que é embrionário à civilização, a manhã de domingo, 19 de Junho (09h30), convida a uma jornada até Vale de Rocins.

“Deus te Acrescente: Rituais do Pão em Terras de Salvada” dá o mote a uma atividade, no Monte da Malhadinha, que aproximará os participantes de gestos e labores intemporais, através do processo de fabrico artesanal do pão, os seus segredos, os conhecimentos técnicos necessários, mas também as inovações.

Será uma visita «de deleite gastronómico e de deslumbramento com a paisagem, feita de campos onde se podem ainda observar traços da outrora dominante produção cerealífera e a lugares onde ainda se confeciona – e degusta – o pão cuidado com técnicas ancestrais».

A atividade contará com a presença de dois grandes conhecedores do mundo do pão, Olga Amaral, professora da Escola Superior Agrária, do Instituto Politécnico de Beja, Carlos Pedro, antropólogo, técnico da Direção Regional de Cultura do Alentejo, Maria José Mestre e João Carlos Picado.

 

Próximos destinos do Terras sem Sombra

O próximo destino Terras sem Sombra é Alter do Chão, a 2 e 3 de Julho. No Cineteatro, apresentar-se-á em palco a soprano Carla Caramujo, acompanhada ao piano de Lígia Madeira, num concerto intitulado “O Triunfo da Primavera: Canções de Debussy, Poulenc, Fragoso, Lacerda, Schubert e Wolf”.

Fazem ainda parte do programa a atividade patrimonial, “Identidade e Património: A Vila e a Freguesia de Seda”, e uma outra direcionada para a Biodiversidade: “Economia, Sociedade e Biodiversidade: O Mel”.

Nesta edição, a temporada estende-se até Outubro e tem ainda passagem marcada pelos concelhos alentejanos de Alter do Chão (2 e 3 de Julho), Mértola (16 e 17 de Julho), Arraiolos (22 de Julho), Mourão (30 e 31 de Julho), Odemira (3 e 4 de Setembro), Montemor-o-Novo (18 e 19 de Setembro) e Sines (22 e 23 de Outubro). Os eventos ocorrem aos fins-de-semana e são todos de acesso livre.

O Festival Terras sem Sombra é uma estrutura apoiada pela Direção-Geral das Artes.

 

 

 



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