Igreja de S. Cucufate recebe o esplendor da polifonia sacra portuguesa do Renascimento e do Maneirismo

Concerto de música sacra pelo grupo Cupertinos, sob a direção de Luís Toscano

O Festival Terras sem Sombra apresenta, na igreja de S. Cucufate, em Vila de Frades (14 de Maio, 21h30), com entrada gratuita, um concerto pelo aclamado ensemble português Cupertinos.

Intitulado “Mater Amabilis: O Culto de Maria na Polifonia Portuguesa dos Séculos XVI e XVII”, o programa reúne obras de música sacra de compositores portugueses de renome mundial, como Duarte Lobo, Fr. Manuel Cardoso, João Lourenço Rebelo ou D. Pedro de Cristo.

A igreja de São Cucufate, notável exemplo da arquitetura religiosa do reinado de D. Pedro II, traduzida com invulgar magnificência, revela-se um palco privilegiado para acolher um grande momento de polifonia renascentista e maneirista.

Este monumento possui excecionais condições acústicas para a interpretação da música vocal e tem acolhido alguns dos mais importantes concertos do festival ibérico, promovido pela Pedra Angular – Associação de Salvaguarda do Património do Alentejo.

Nascido no seio da Fundação Cupertino de Miranda, de Vila Nova de Famalicão, em 2009, o grupo Cupertinos, com direção de Luís Toscano, dedica-se quase em exclusivo à música portuguesa dos séculos XVI e XVII.

Verdadeiro embaixador da Polifonia nacional, o grupo tem participado em conceituados festivais de música e foi distinguido, em 2019, com o reputado prémio, na categoria de Música Antiga, dos Gramophone Classical Music Awards.

 

Frutos da natureza: o vinho de talha, as vinhas e o montado na Serra do Mendro

Além do concerto de Cupertinos, que interpretam obras dedicadas ao culto mariano, também as atividades do Património Cultural e de Biodiversidade celebram, simbolicamente, a vida.

A fertilidade das terras de Vidigueira – imortalizada por Fialho de Almeida (nascido em Vila de Frades em 1857 e falecido em Cuba em 1911) na sua obra País das Uvas – está bem patente na rica produção vitivinícola e no ecossistema do montado, que são o pano de fundo das propostas para este segundo fim-de-semana da temporada de 2022 do Festival Terras sem Sombra

Assim, na tarde de sábado (14 de Maio) o encontro está marcado para as 15h00, no Centro de Interpretação do Vinho de Talha, em Vila de Frades. “Do Saber-Fazer ao Saber-Provar: O Vinho de Talha, Património Cultural da Humanidade” é o mote para descobrir a milenar cultura do vinho de talha, um processo de vinificação desenvolvido pelos romanos e que tem, neste concelho alentejano, um dos mais ativos e prominentes guardiões.

A necessidade de preservar e salvaguardar a herança cultural e patrimonial ligada ao processo de vinificação artesanal do vinho de talha – incluindo as adegas, talhas, utensílios e artefactos –, levou ao processo de candidatura à classificação de Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), projeto liderado pelo município da Vidigueira e que envolve 22 municípios e sete entidades.

A técnica de fermentação na talha (recipiente de barro, doliae) tem passado de geração em geração, de forma quase imutável. Porém, existem interessantes variações regionais e, até, locais, como se poderá constatar na prova de vinhos a culminar o evento.

Guiados por peritos e vitivinicultores, esta constitui uma privilegiada oportunidade para se perceber a razão pela qual o vinho de talha, herança da Antiguidade, é, cada vez mais, uma tendência contemporânea.

 

Foto: Herdade Aldeia de Cima

Entre dois Alentejos: explorar a biodiversidade do montado e da vinha na Serra do Mendro

Na manhã de domingo (15 de Maio, 9h30), com partida da Praça 5 de Outubro, em Vidigueira, o destino é a Serra do Mendro. Inserido na unidade geomorfológica mais antiga da Península Ibérica, localizado entre Vidigueira e Portel, este conjunto de elevações bastante significativas separa o Baixo do Alto Alentejo, sendo prolongada pela Serra de Portel.

Fortemente arborizada, a serra atinge a altitude máxima de 412 metros na Vigia. Conforme descreve o geólogo Galopim de Carvalho, a Serra do Mendro, rodeada de extensas áreas aplanadas, corresponde a uma elevação pontual, soerguida como se tratasse de uma tecla de piano mais alta do que as restantes (designada por horst), ladeada a sul pela falha da Vidigueira.

Orientados por José Falé (engenheiro agrónomo), Dinis Cortes (fotógrafo de Natureza) e Manuel Carvalho (artista plástico), entre outros guias locais, os participantes, para além da oportunidade de fruírem dos amplos horizontes que se divisam do Mendro, poderão conhecer alguns aspetos notáveis da sua geomorfologia, fauna e flora, bem como a biodiversidade no montado e na vinha, recentemente cultivada em patamares, à imagem do que se faz no Douro.

 

Próximos destinos

O próximo destino Terras sem Sombra é Castelo de Vide (28 e 29 de Maio), onde terá lugar, na igreja matriz de Santa Maria da Devesa, um concerto pelo Ensemble Bonne Corde, agrupamento português de Música Antiga, dedicado à Interpretação historicamente informada com instrumentos originais.

Fazem ainda parte do programa uma visita guiada ao Centro de Interpretação Garcia de Orta e uma ação de salvaguarda da Biodiversidade, esta tendo a avifauna da Barragem de Póvoa e Meadas na mira.

Os eventos, aos fins-de-semana e de acesso livre, incluem concertos de música erudita com agrupamentos oriundos das mais diversas geografias, visitas ao património cultural do território e ações de salvaguarda da biodiversidade, envolvendo a população e agentes locais. A qualidade da programação contribui para colocar o Alentejo na agenda cultural europeia e fomenta o conhecimento e a memória do território.

Nesta edição, a temporada estende-se até Outubro próximo e tem ainda passagem marcada pelos concelhos alentejanos de Santiago do Cacém (11 e 12 de Junho), Beja (18 e 19 de Junho), Alter do Chão (2 e 3 de Julho), Mértola (16 e 17 de Julho), Arraiolos (22 de Julho), Mourão (30 e 31 de Julho), Odemira (3 e 4 de Setembro), Montemor-o-Novo (18 e 19 de Setembro) e Sines (22 e 23 de Outubro).

O Festival Terras sem Sombra é uma estrutura financiada pela Direção-Geral das Artes.

 

 

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