Regantes apostam em projeto-piloto de bombagem fotovoltaica no concelho de Aljustrel

FENAREG e ABROXO querem criar primeira Comunidade de Energia Renovável na área agrícola em Portugal

A Federação Nacional de Regantes de Portugal (FENAREG) e a Associação de Beneficiários do Roxo (ABROXO) têm em curso um projeto-piloto para criar, no Baixo Alentejo, a primeira Comunidade de Energia Renovável na área agrícola em Portugal, em Montes Velhos, no concelho de Aljustrel.

Recentemente, a Federação promoveu um seminário na vila mineira, sobre as oportunidades de investimento, soluções e boas práticas de bombagem fotovoltaica no regadio coletivo.

«No regadio coletivo nacional, há muitos e bons exemplos de eficiência hídrica e o setor está a iniciar o caminho para a eficiência energética e descarbonização através da utilização de energias limpas, é um percurso que vamos continuar a incentivar», garantiu Rogério Ferreira, diretor-geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, na sessão de abertura do seminário.

De acordo com a FENAREG, “a escalada do preço da energia no mercado ibérico obriga as associações de regantes a encontrar alternativas para ter fontes de energia mais barata”.

«O preço da energia, em 2021, rondava os 60 euros/megawatt e, este ano, já está em 500 euros/megawatt, é um custo incomportável. Felizmente que apostámos na energia solar», afirmou António Parreira, presidente da ABROXO.

Em 2018, esta associação de regantes instalou painéis fotovoltaicos para bombear água da barragem do Roxo e conseguiu poupar em média 26% na fatura da eletricidade e reduzir as emissões de carbono em 235 toneladas de CO2 equivalente/ano.

«O nosso objetivo é produzir energia limpa para fornecer água aos agricultores a um preço competitivo e compatível com os seus custos de produção cada vez mais elevados. No regadio do Roxo estamos a falar de energia fotovoltaica, mas também hídrica, e poderão surgir outras. Precisamos de fontes de energia alternativas mais baratas e mais amigas do ambiente», explicou o dirigente associativo.

Perante este quadro, a FENAREG e a ABROXO decidiram unir esforços e vão “avançar, experimentalmente, com uma comunidade de energia, envolvendo uma agroindústria e aproveitando a capacidade excedentária de produção de energia da ABROXO”.

Um projeto «com vantagens para ambas (as partes), a indústria comprará a energia mais barata e a ABROXO venderá a energia excedentária que produz neste sistema de painéis solares a preço mais elevado», revelou José Núncio, presidente da FENAREG, acrescentando que a Federação de regantes pretende replicar este modelo em perímetros de rega noutras regiões do país.

As associações de regantes, que gerem 40% da área de regadio em Portugal, podem recorrer a apoios públicos para instalação de painéis fotovoltaicos nos aproveitamentos hidroagrícolas, através de financiamento do PDR2020.

A taxa de apoio é de 40% do valor do investimento, com um montante máximo elegível de 500 mil euros, e um valor máximo elegível de 1,35 euros/watt.

A dotação orçamental do concurso é de 6 milhões de euros e as candidaturas decorrem até dia 22 de abril, conforme explicou Vítor Cordeiro, coordenador da área de investimento e riscos da Autoridade de Gestão do PDR2020.

 

 



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