«Tudo ainda é incerto», mas o Algarve está com «reservas muito elevadas em carteira» para a Páscoa e o Verão, revelou João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), à margem da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) que decorre até domingo, 20 de Março.
Este responsável fez uma apresentação sobre as novidades e apostas do Turismo do Algarve para este ano que passam por um destino mais digital e sustentável.
Em declarações aos jornalistas, João Fernandes disse que o «primeiro grande exercício» a fazer este ano passa por «retomar a atividade» depois de dois anos de pandemia.
«Temos já dois valores certos que conseguimos garantir mesmo em crise: a notoriedade e o facto de não termos de baixar os preços pela primeira vez em crise», acrescentou.
Segundo João Fernandes, apesar de haver a expetativa de, em 2023, se chegar a patamares «semelhantes a 2019», o Algarve já está com «reservas muito elevadas em carteira».
Essas reservas são tanto «para o golfe, de Março a Maio», como para a «Páscoa e para o Verão». Há, ainda, as boas notícias de haver seis novas rotas, a partir do Aeroporto de Faro.
Este Verão estima-se, de resto, que 88% dos destinos para Faro serão recuperados face a 2019.
Só que, relembrou este responsável, há também uma «nuvem de incerteza que paira na Europa» devido à guerra na Ucrânia.
«Ainda temos dificuldade em estimar os impactos: qual vai ser o efeito em mercados como a Finlândia, Suécia, Polónia ou Alemanha? Haverá desvios de fluxos porque nós estamos no extremo oposto da Europa em relação ao conflito? Até que ponto irá o aumento de preços de bens e serviços na cadeia do turismo? Quão mais caras ficarão as viagens?», disse o presidente da RTA.
Um dos grandes problemas – «o nó gordio» – que há pela frente é mesmo «o recrutamento de recursos humanos», uma dificuldade «estrutural».
A Região de Turismo do Algarve quer, de resto, «ajudar» a integrar refugiados ucranianos.
«Nós fomos dos primeiros a trabalhar com a Segurança Social e o Instituto do Emprego e Formação Profissional para direcionar ofertas para refugiados. Estão a crescer as ofertas, estamos a trabalhar com o setor para saber qual o perfil, mas temos de nos lembrar que, quem foge de uma guerra, precisa de segurança e legalização. À cabeça disso, estão o Alto Comissariado para as Migrações, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e a Segurança Social», explicou João Fernandes.
Em relação aos impactos nos mercados concorrentes, como Turquia e Grécia, apesar de ainda não se sentirem «os desvios de fluxos», o presidente da RTA adiantou que ambos os países estão «a enfrentar dificuldades pela proximidade com o conflito».
«Mas também não sabemos qual é o impacto económico que a guerra terá nos nossos mercados emissores», concluiu.
Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação