Sou uma privilegiada porque sou designer!
E sou duplamente privilegiada porque todos os dias ensino futuros designers a desenvolver competências que são essenciais para o futuro.
E sou triplamente privilegiada porque ao trabalhar nesta área, com equipas multidisciplinares, estou constantemente a atuar em diversos problemas/soluções que respondem aos desafios de hoje, mas com impacto no amanhã.
O design é uma ciência que pode ajudar a transformar o mundo a curto, médio e longo prazo e já não serve exclusivamente os fatores estéticos e estilísticos. Na realidade, vai muito mais além do que exercitar a criatividade, os designers utilizam competências sociais e empáticas, são capazes de identificar problemas, de caracterizar necessidades, de encontrar soluções e de persuadir outros para visões maiores.
Sobretudo, são capazes de contaminar os outros com visões orientadas para a construção de sociedades mais heterogéneas e equitativas, capazes de adotar comportamentos mais ecossistémicos, de fazer escolhas mais conscientes para os consumidores e fundamentalmente, orientar a sociedade para a preservação do nosso planeta e dos seus recursos.
Claro que estamos a falar de processos que instrumentalizam a criatividade, mas que também estruturam o pensamento, que invocam a participação de outros, que identificam as razões, que questionam as várias possibilidades, que operacionalizam os fundamentos e tangibilizam as ideias.
Relembrar sempre os princípios…como o designer Dieter Rams defende, existem “dez princípios de um bom design”: ser inovador, tornar um produto útil, ser estético, tornar um produto compreensível, ser discreto, ser honesto, ser duradouro, ser minucioso até o último detalhe, ser ecologicamente correto e envolver o mínimo de design possível.
É desta forma que o design (enquanto disciplina de organização do pensamento) tem vindo a crescer, atuando nas mais diversas áreas económicas e sociais, com atributos de “agregador e facilitador” através do desenho de processos que nos levam às mais diversas soluções físicas e digitais.
Por isso, podemos encontrar cada vez mais designers em determinadas áreas profissionais, em equipas inter e transdisciplinares, que atuam em áreas como saúde e bem-estar, gestão e inovação, social e cultural, entre outras.
Atualmente, as empresas com grande sucesso são orientadas pelo design: exemplos como Airbnb, Uber, Siemens, entre muitas mais; e desenham sobretudo experiências, sensações e emoções.
Também há cada vez mais designers a tornarem-se empreendedores, capazes de implementar as suas ideias, guiados por uma contínua vontade de transformar e inovar. A capacidade de fazer mudanças, de ambicionar viver num mundo diferente, de olhar para os outros como coletivo, de compreender as necessidades e desafios impostos pela própria evolução do mundo e principalmente, pensar na urgência dos nossos dias, a regeneração do planeta.
O Design é cada vez mais orientado para o desenho do pensamento, desenvolvimento de processos e para a resolução de problemas reais da sociedade e orientados para as pessoas.
No futuro muito próximo, todas as empresas terão um designer na sua equipa estratégica, só desta forma poderão ser visionários e inovar continuamente os seus produtos, serviços, experiências, plataformas digitais, atendimento ao cliente, comunicação e principalmente, a sua marca.
Autora: Susana Leonor, Phd Design, diretora da Licenciatura de Design de Comunicação – ISMAT