Máscaras de Lazarim descem até Ourique para o Carnaval

Mostra sublinha a «importância da identidade para a afirmação diferenciadora das comunidades e dos territórios, como acontece com Ourique e o Baixo Alentejo em diversas expressões das vivências comunitárias»

A exposição “Máscaras de Lazarim – Identidade de uma comunidade”, que decorrerá de 15 de Fevereiro a 15 de Março, na Biblioteca Municipal Jorge Sampaio, é a forma de a Câmara de Ourique assinalar a quadra do Carnaval.

A exposição apresentará diversos exemplares das máscaras em madeira de amieiro, utilizadas no Entrudo mais genuíno de Portugal.

Em Lazarim, no concelho de Lamego, o ciclo do Carnaval desdobra-se em dois momentos. Um primeiro que se inicia no quinto domingo antes do Domingo Gordo e um segundo que decorre entre o Domingo Gordo e a Quarta-Feira de Cinzas. O domingo é o dia que marca as várias celebrações que antecedem a grande festa carnavalesca.

O primeiro Domingo pertence aos Amigos, em que aparecem os primeiros mascarados ou caretos percorrendo a povoação. Durante essa semana, a ementa alimentar enriquece-se com todo o tipo de carnes, sobretudo de porco, que serão ritualmente servidas ao longo deste período, antecedendo a abstinência da Quaresma.

O Domingo seguinte é das Amigas e será sucedido pelo Domingo dos Compadres e pelo Domingo das Comadres. Durante este período, dá-se uma clara oposição dos grupos sexuais, com demonstrações de autoridade, num ambiente de permissividade e folia. É a subversão da ordem estabelecida característica do Carnaval, procurando um equilíbrio final no seio da comunidade.

Durante as cinco semanas, os compadres preparam as caretas e as comadres angariam fundos para pagar os manequins sacrificados, em fogueira pública, na Terça-Feira Gorda.

Nesse dia, a leitura do testamento carnavalesco, assume o papel principal, apresentando aspetos únicos no país. Uma rapariga lê o testamento do Compadre e um rapaz o da Comadre. O texto divide-se em três: no “princípio” nomeiam-se os testamenteiros, nas “deixadas” um burro é simbolicamente distribuído pelos Compadres e Comadres herdeiros e, depois do ajuste de contas, o “fim” em que se queima o Entrudo.

As máscaras de Lazarim são expressivas da divisão momentânea da comunidade. Por um lado, estão os Caretos e por outro lado as Senhorinhas, a versão feminina. Os dois papéis são, no entanto, desempenhados por homens, distinguidos pela indumentária e pela caricatura de certos tipos ou situações ridículas facilmente identificadas por todos. Além das máscaras habilmente talhadas em madeira, o careto usa um cacete com forma antropomórfica denominado roberto.

A exposição sublinha a «importância da identidade para a afirmação diferenciadora das comunidades e dos territórios, como acontece com Ourique e o Baixo Alentejo em diversas expressões das vivências comunitárias. Esta é uma oportunidade para visualizar outras realidades e tradições nacionais», explica a Câmara em nota de imprensa.

 

 

 



Comentários

pub