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A Plataforma Água Sustentável (PAS), que junta entidades como a Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Quercus, Associação Almargem ou Glocal Faro, está contra o alargamento da área de regadio no Algarve, na consulta pública relativa ao Regadio2030 que terminou este sábado, 15 de Janeiro. 

Da PAS também fazem parte as associações a Rocha Portugal, Civis, Faro 1540, Probaal, Regenerarte e movimentos de cidadãos como “Água é Vida” e “FALA – Fórum do Ambiente do Litoral Alentejano”.

Numa posição enviada às redações, todas estas entidades consideram que «as propostas para o alargamento do regadio não têm quaisquer dados de base que as suportem».

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«Não há informação sobre os recursos hídricos existentes e previsíveis, nem em quantidade, nem em qualidade, sobre os consumos estimados e sobre a área máxima que será possível regar, tendo em linha de conta os consumos previsíveis da atividade agrícola, a garantia de caudais ecológicos e a constituição de uma reserva estratégica que garanta no futuro água potável em quantidade e qualidade para o consumo humano», acrescenta.

De acordo com o que se lê no estudo “Regadio 2030”, que tem a particularidade de ter como entidade coordenadora a EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, no Algarve «as intervenções a realizar, no que diz respeito à implementação de novos regadios, passam sobretudo pela integração de regadios privados existentes, abastecidos por origens subterrâneas, em regadios coletivos abastecidos por origens de superfície, de modo a preservar os recursos hidrogeológicos, numa região particularmente suscetível à intrusão salina».

Para a Plataforma Água Sustentável, a «intenção é boa: no entanto, peca por informação deficiente».

«A intrusão salina de que se fala decorre da utilização de volumes excessivos de água subterrânea pela agricultura, mas essa é só uma parte dos danos que a atividade provoca nos aquíferos. Complementarmente ao problema da intrusão salina, todos os aquíferos da região estão poluídos com contaminantes (fertilizantes e pesticidas de síntese) oriundos da atividade agrícola e as mobilizações de solos que a agricultura intensiva pratica destroem os pontos de recarga dos aquíferos acrescentando ao problema da falta de pluviosidade o problema da falta de recarga que se verifica na região já há vários anos», acrescenta.

Quanto à instalação de pequenos açudes móveis para retirar a pressão sobre os aquíferos subterrâneos «parece uma boa iniciativa».

Só que, defendem os ambientalistas, «com a crescente escassez de pluviosidade a eficácia da intervenção é duvidosa e a utilização prevista para essa água maximiza a pressão sobre o recurso. De facto, transformar regadios privados em públicos implica uma obrigatoriedade de fornecimento de água que atualmente não existe e expandir as áreas de regadio aumenta igualmente a pressão sobre o recurso o que não é razoável no atual cenário de alterações climáticas».

«Outro aspeto que não se compreende é a sobreposição das intervenções propostas com a intervenção prevista no âmbito do PRR (e que, a propósito, também era suposto ser incluída nos investimentos contabilizados no presente documento) de fazer uma captação de água no Guadiana a jusante de Alqueva, sobretudo porque os novos regadios propostos se situam no sistema Beliche-Odeleite que supostamente será reforçado por água oriunda dessa captação», diz a PAS.

«Não concordámos igualmente com essa obra prevista no PRR, nomeadamente pelos seus impactos ambientais, e o documento que agora apresentam vem reforçar a nossa argumentação já que no Regadio 2020 incluem uma “Proposta de implementação de origens de água, nos afluentes do Guadiana a jusante de Alqueva, para serviços de ecossistema – de modo aumentar a garantia de caudal ecológico no rio Guadiana, sobretudo no semestre seco de forma a diminuir a pressão sobre os volumes armazenados em Alqueva”. Obviamente, a realização da obra de captação de água no Guadiana comprometeria ainda mais a disponibilização dos caudais ecológicos necessários para o normal funcionamento dos ecossistemas a jusante do Alqueva», acrescenta.

«Não concordamos com as intervenções propostas para o Algarve porque dispomos já de capacidade instalada de captação de água em barragens. Acontece é que devido à escassez de pluviosidade essas barragens têm todas baixo nível de captação», conclui.

De acordo com os últimos dados, relativos a Dezembro de 2021, nenhuma das barragens algarvias apresenta níveis tranquilizadores. De resto, todo o Algarve está em situação de seca.

 

Sul Informação

 



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