Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos contesta cortes no bloco de rega, Câmara apoia agricultores

Cooperativa «insta a EDIA, o Ministério da Agricultura e o Ministério das Finanças a considerar os argumentos expostos, e a procurar uma solução justa para os agricultores da região»

A Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos contesta os cortes que a EDIA pretende fazer nos blocos de rega de Moura, alegando que isso trará graves prejuízos aos agricultores do concelho. A Câmara Municipal já manifestou o seu apoio às pretensões dos agricultores.

Em comunicado, a Cooperativa revela que «teve conhecimento da intenção da EDIA em reduzir para cerca de 7.000 hectares a área de implantação do bloco em questão, com a justificação de que a subida de custos associados à construção civil não permitirá a construção da área inicialmente prevista de 10.000 hectares».

«Dado o facto de a área inicialmente prevista abranger em toda a extensão sobretudo pequenas explorações, que constituem tecido essencial no contexto socioeconómico e produtivo da região», a Cooperativa Agrícola manifesta o seu «total desacordo com a solução encontrada para um problema que apenas pode ser imputado aos sucessivos atrasos que a obra em questão sofreu, que resultou numa desatualização dos orçamentos considerados».

A Cooperativa questiona ainda «se, no futuro, novas subidas dos custos referidos resultarão em novos cortes nas áreas previstas».

Também a Câmara Municipal de Moura já veio a público manifestar a sua «total solidariedade para com os agricultores do concelho», bem como com «toda a população afetada por esta decisão».

Cooperativa e Município recordam o processo dos blocos de rega de Moura, desde que a sua criação foi anunciada, em Setembro de 2018, pelo então ministro da Agricultura Capoula dos Santos, numa visita à feira da cidade.

«A agricultura, e em particular a olivicultura, constitui a principal atividade socioeconómica do concelho. A Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos é, por sua vez, o maior e mais representativo agente nesta atividade», salienta esta entidade.

«A construção do Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva resultou em numerosas expropriações e impactou significativamente o território do concelho de Moura», e constituiu «um fator de competitividade para diversos concelhos do Alentejo», tendo o de Moura ficado sempre de fora.

Os últimos blocos de rega previstos para a área de abrangência do Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva obtiveram financiamento do Banco Europeu de Investimento em 2017. Capoulas Santos anunciou, em 2018, a construção de um bloco de 10.000 hectares no concelho de Moura, com data prevista de conclusão em 2021.

Ora, recorda a Cooperativa, «os anúncios oficiais motivaram a região e os agricultores, tendo sido realizados investimentos com base na informação oficial fornecida em 2018 pelo Governo» e que, agora, «se provarão ruinosos na eventualidade da não concretização total do bloco».

Por tudo isso, a Cooperativa «insta a EDIA, o Ministério da Agricultura e o Ministério das Finanças a considerar os argumentos expostos, e a procurar uma solução justa para os agricultores da região». É que, salienta, «este projeto é essencial para a sustentabilidade do território e consequente inversão da tendência de desertificação através da fixação de população».

Também a Câmara de Moura, em comunicado assinado pelo seu presidente, o socialista Álvaro Azedo, manifesta igualmente o propósito de instar o Governo a «rever esta situação de enorme injustiça para o nosso território e apoiar os agricultores do concelho em todas as ações que reputem convenientes no sentido de dar força às suas legítimas aspirações».

 

 
 



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