Please ensure Javascript is enabled for purposes of website accessibility
municipio de odemira

O autor “descobriu a localização da casa da câmara” de Loulé, comprovou a ausência de espaços de desafogo dentro de portas e “mostrou a existência da judiaria dentro do tecido urbano, confrontando outras teorias existentes”, resumiu o professor José Eduardo Horta Correia, na apresentação do livro “A evolução urbana de Loulé: do período medieval ao fim da época moderna”, da autoria do investigador louletano Jorge Filipe Palma.

A obra foi apresentada a 27 de Novembro, na sala nobre do Palácio Gama Lobo, em Loulé, que foi pequena para acolher todos aqueles que acorreram à apresentação do livro. A sessão contou com a presença do autor, do professor José Eduardo Horta Correia e do editor Fernando Mão de Ferro, das Edições Colibri.

Horta Correia iniciou a sua intervenção demonstrando o orgulho sentido por estar em Loulé, que considerou “um exemplo de cultura”, a apresentar a obra de um discípulo seu, antigo aluno do mestrado em História do Algarve.

lagos eventos

Um aluno especial, dada a particularidade de ser licenciado em Engenharia do Ambiente, o que se reflete, na sua opinião, na “forma notável como concebeu e estruturou o texto”, muito bem apoiado na bibliografia existente, conjugada com elementos de arquivo e um aturado trabalho de campo.

 

Sul Informação

A obra, dividida em três partes, principia pela observação das condições físicas, geográficas e morfológicas do território e destaca as ligações territoriais, o que lhe confere, segundo o professor Horta Correia, um caráter de originalidade na conceção de tal abordagem.

A segunda parte debruça-se sobre a génese da urbe, com a peculiaridade de ter origem numa alcaria islâmica, sem qualquer urbanismo romano pré-existente, o que possibilitou o planeamento das muralhas, portas e vias principais e a estruturação de matriz islâmica, com a tipologia da casa-pátio.

A derradeira parte do livro percorre a evolução urbana entre as épocas medieval e moderna, indicando que “ocorreu uma continuidade e a permanência de muitas das infraestruturas primordiais após a reconquista cristã”, perdendo-se, contudo, o urbanismo islâmico, pela introdução de outra tipologia de casa.

Ocorreu também o “surgimento de pequenos núcleos de povoamento fora de portas”, que deram origem, já na época moderna, a bairros com quarteirões de tendência ortogonal.

Neste período histórico, Loulé, com um “termo extremamente importante do ponto de vista económico”, viu grande parte das muralhas, perdida a função defensiva, utilizadas como encosto das habitações.

Mas, se as muralhas desapareciam por entre o casario, novos templos surgiram na paisagem urbana, nomeadamente três capelas embutidas nas antigas portas da vila, um convento extramuros e outro intramuros. Foi uma época em que a praça ganhou uma importância acrescida do ponto de vista administrativo e a rua Ancha foi alvo de uma experiência de urbanismo barroco, já no século XVIII.

 

Sul Informação

Por sua vez, o editor Fernando Mão de Ferro parabenizou o autor e a sua família pelo trabalho “de grande qualidade” agora dado à estampa e destacou a “ligação muito forte do autor a Loulé”, comprovada pela plateia repleta de jovens.

Agradeceu o apoio do Município à edição e lembrou que “é sempre fundamental dar importância ao trabalho histórico e cultural, como forma de demonstrar que somos parte de um todo, pertencemos a uma comunidade que tem identidade própria”.

Por fim, Jorge Filipe Palma, o autor, após agradecer a diversas entidades e pessoas, referiu que o objetivo principal do trabalho foi “desvendar os espaços públicos e os elementos estruturantes, dinamizadores do crescimento da Loulé medieval e moderna, contribuindo para clarificar a imagem do espaço público louletano e evidenciar as metamorfoses por ele sofridas”.

Terminou a sua intervenção a lançar três desafios à Câmara Municipal, nomeadamente a continuação da publicação das atas de vereação do século XVI, a inventariação e preservação dos elementos da arquitetura civil manuelina que integram edifícios particulares e que transmitem informações relevantes para a história urbana e, por fim, deixou o repto para a aquisição dos diversos edifícios que confrontam com as ruínas da antiga igreja do convento da Graça, que integram importantes vestígios e permitiriam o estudo e salvaguarda de tão relevante elemento patrimonial.

Desafios que o presidente da Câmara Vítor Aleixo acolheu com interesse, mencionando que iria envidar todos os esforços, junto dos vários serviços municipais, para os concretizar.

Lembrou ainda que “Loulé é uma terra de pessoas com grande autoestima, orgulhosas do que são, do que transportam em si e daquilo que pretendem legar às gerações futuras”, o que tem permitido a preservação de um vasto património móvel e imóvel, de que são exemplo os documentos que constituem os extraordinários fundos do Arquivo Municipal.

Entre a assistência, encontravam-se, além do presidente Vítor Aleixo, o antigo presidente da autarquia José Mendes Bota, o presidente da Assembleia Municipal Carlos Silva Gomes, os vereadores Carlos Carmo e Marilyne Zacarias, os diretores municipais Dália Paulo e Júlio Sousa, representantes de outras entidades, familiares e amigos.

O livro, lançado pelas Edições Colibri, com o patrocínio da Câmara Municipal de Loulé, estará disponível em várias livrarias do país, bem como no sítio da internet da editora.

 

Fotos: Sul Informação

Sul Informação

 



festival do marisco de olhao
festival de caminhadas

Também poderá gostar

Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira

Museus são celebrados no Algarve até domingo com mais de uma dezena de eventos

Biblioteca de Loule_er

Livro “A Bíblia – em quadras” apresentado em Loulé

sergio leite conservatorio loule orgao sinfonico_ PL (2)

Silêncio que se vai construir o órgão sinfónico da Matriz de Loulé