Central solar flutuante piloto está prestes a ser concluída na albufeira do Alqueva

Alqueva é a albufeira com maior capacidade para instalação deste tipo de energia solar, com 80 a 100 hectares disponíveis

A instalação de uma nova central solar fotovoltaica flutuante piloto está prestes a ser concluída na albufeira do Alqueva. Segundo o Ministério do Ambiente e Ação Climática, a estrutura estará pronta «previsivelmente no final deste ano».

Será a segunda instalação do género a entrar em funcionamento em Portugal, depois do projeto-piloto na albufeira do Alto Rabagão, em Montalegre. Esta unidade-piloto foi construída em 2016 e tem testado com sucesso a complementaridade entre a energia solar e a hídrica, bem como as vantagens ambientais e económicas desta nova tecnologia. Dados os bons resultados no Alto Rabagão, está agora a ser concluída a nova central solar fotovoltaica flutuante piloto na albufeira do Alqueva (1 MW) numa escala superior à do piloto do Alto Rabagão (0,22 MW).

A capacidade de instalação de solar flutuante nas albufeiras do país foi mapeada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), estando agora a decorrer o prazo para pedidos de esclarecimento relacionados com o leilão solar flutuante. A albufeira com maior capacidade para instalação deste tipo de energia solar é, precisamente, a de Alqueva, no Alentejo, com 80 a 100 hectares disponíveis.

O Ministério do Ambiente e Ação Climática explica que, tratando-se de águas inseridas no domínio hídrico do Estado, a delimitação e mapeamento das áreas de implantação foi efetuada pela APA, enquanto Autoridade Nacional da Água.

«Na definição dessas áreas foram salvaguardados e compatibilizados os diferentes usos associados às albufeiras, desde a captação de água para consumo humano e regadio, à navegação e desportos náuticos até à recolha de água para combate a incêndios florestais por meios aéreos (áreas de scooping)», garante aquele Ministério.

Assim, a capacidade total a disponibilizar, neste primeiro leilão solar flutuante, será de 263 MVA nas albufeiras de Alqueva, Castelo de Bode, Cabril, Alto Rabagão, Paradela, Salamonde e Tabuaço.

A ocupação da superfície da água das albufeiras encontra-se com mais detalhe descrita na tabela seguinte:

O Ministério do Ambiente salienta que, «este ano, serão colocadas a concurso superfícies não-convencionais: planos de água dos aproveitamentos hídricos, dando impulso ao solar flutuante».

Esta solução permite «otimizar o aproveitamento dos nossos recursos renováveis endógenos, ao mesmo tempo que minora os impactes paisagísticos das centrais no território. É uma solução que comporta ainda externalidades ambientais positivas nas albufeiras: redução da evaporação e aumento da qualidade da água, pela redução do crescimento de algas».

«Os estudos de avaliação de impacto ambiental, como acontece sempre, são devidos, nos termos da legislação aplicável, aquando da apresentação e licenciamento dos projetos concretos que decorram do leilão», esclarece o Ministério do Ambiente..

Existem exemplos internacionais com bons resultados, nos Países Baixos e em Singapura. Em Singapura, por exemplo, já existem (por exemplo, a central de Tengeh, com 60 MW) e estão planeadas várias centrais solares fotovoltaicas flutuantes em reservatórios de água para consumo humano, «não tendo sido registada qualquer mudança negativa ​​na qualidade da água e nenhum impacto negativo significativo sobre a vida selvagem».

O Ministério do Ambiente recorda que o objetivo nacional do Plano Nacional Energia Clima (PNEC) de atingir, até 2030, 47% de fontes renováveis no consumo final de energia, «implica duplicar a capacidade instalada em tecnologias renováveis para a produção elétrica por volta do ano de 2027, altura em que a tecnologia solar contribuirá com cerca de 8,1 a 9,9 GW (em 2030)».

Apesar da energia solar ser uma das fontes endógenas renováveis mais abundantes em Portugal, «esta tem uma expressividade extremamente reduzida, quando se compara com outros países europeus com condições de exposição solar manifestamente inferiores», acrescenta., dando os exemplos dos casos da Alemanha e do Reino Unido que têm, respetivamente, 54 e 15 vezes mais capacidade solar fotovoltaica instalada do que Portugal (Fonte: Eurostat, dados relativos a 2019).

A penetração da energia solar no Sistema Elétrico Nacional tem sido lenta: entre 2016 e 2019, apenas 386 MW de novas centrais fotovoltaicas foram efetivamente instalados (dados relativos a centrais, não inclui a pequena produção).

Em 2021 (até setembro), a capacidade instalada de solar fotovoltaico em Portugal rondava 1,3 GW, enquanto a produção anual estava nos 2,0 GWh (6% da produção total renovável).

Para desenvolver o potencial solar do país, que «estava objetivamente subaproveitado», foram lançados leilões: O primeiro, em 2019, alocou 1.292 MW de capacidade solar, incluindo o lote, à altura, com a tarifa mais baixa de todo o mundo (14,76 €/MWh).

Em 2020, entre os 670 MW alocados, incluiu-se o lote com a tarifa mais baixa a nível mundial (11,14 €/MWh), valor recentemente batido por leilão realizado na Arábia Saudita.

Com os leilões do solar flutuante, que também terá expressão na barragem de Alqueva, entra-se assim numa nova fase.

 

 

 
 



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