Assembleia Municipal de Serpa contra fecho de madrugada das urgências do hospital

Urgências do Hospital de São Paulo vão fechar, entre as 00h00 e as 8h00, a partir de segunda-feira, por dificuldades em garantir médicos para assegurar as escalas

A Assembleia Municipal de Serpa criticou esta quinta-feira, 30 de Dezembro, o fecho das urgências do hospital local durante a madrugada, a partir de segunda-feira, porque «coloca em causa o apoio às populações», sobretudo em tempo de pandemia.

«Nos últimos dias foram veiculadas notícias relatando as dificuldades na manutenção do serviço de urgência 24 horas por dia. Uma situação que coloca em causa o apoio as populações, ainda mais nestes tempos de crise pandémica», diz a assembleia municipal, em comunicado enviado à agencia Lusa.

A posição consta de uma moção apresentada pelos eleitos da CDU e aprovada na mais recente sessão da Assembleia Municipal de Serpa, na quarta-feira, com os votos a favor dos deputados comunistas e socialistas e os votos contra do Chega e da coligação PSD/CDS-PP.

Na moção, intitulada “Em defesa do Hospital de São Paulo”, os eleitos afirmam que não podem «ficar indiferentes» ao que se passa nesta unidade e consideram que «a indefinição quanto ao futuro» do hospital, em especial das urgências, «causa a maior das preocupações entre a população».

O hospital, sublinham, é «fundamental», atendendo a que Serpa é «um dos maiores» concelhos do país em área e «o terceiro mais populoso» do Baixo Alentejo, a que se junta o facto de ser «deficiente cobertura de serviços de saúde nos territórios que constituem a margem esquerda do Guadiana».

No documento, os eleitos defendem que o Hospital de São Paulo «deve, de imediato, retornar ao âmbito direto do Serviço Nacional de Saúde», de onde «nunca deveria ter saído».

A transferência da gestão desta unidade hospitalar para a Santa Casa da Misericórdia de Serpa (SCMS), fruto de um acordo de cedência assinado em 2014, foi feita «sem acautelar, minimamente, o serviço público e as necessidades dos utentes», pode ler-se na moção.

Além disso, processou-se «à revelia de todos os pareceres e tomadas de posição contrárias» por parte da câmara, assembleia municipal e comissão de utentes, acrescenta.

O documento vai ser enviado ao Presidente da República, ao primeiro-ministro, à ministra da Saúde, aos grupos parlamentares na Assembleia da República e à Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo.

As urgências do Hospital de São Paulo vão fechar, entre as 00h00 e as 8h00, a partir de segunda-feira, por dificuldades em garantir médicos para assegurar as escalas, devido à pandemia de covid-19, explicou à Lusa o provedor da SCMS, António Sargento, na quarta-feira.

O provedor disse não ser possível prever por quanto tempo as urgências irão permanecer fechadas durante a madrugada, mas frisou que a SCMS e o conselho de administração do hospital «farão todos os esforços para inverter o mais rápido possível a situação» e reabrir o serviço naquele período.

António Sargento disse que a SCMS, a administração do hospital e o Estado português, que «é parceiro», através do Ministério da Saúde e da ULSBA, tentaram «encontrar uma solução para a escala médica» da madrugada, mas não conseguiram «porque não há médicos».

 



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