Lei que reconhece o Barranquenho como língua aprovada por unanimidade pelo Parlamento

Ainda falta publicar e regulamentar a lei

Barrancos – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

A Assembleia da República aprovou por unanimidade na sexta-feira, dia 26, último dia desta legislatura, a lei que reconhece «o Barranquenho e estabelece medidas para a sua proteção, promoção e valorização e da cultura que o enforma».

A Câmara Municipal de Barrancos já se congratulou publicamente com esta aprovação. Numa publicação na página de Facebook do Município, a autarquia recorda que este é «um processo legislativo cuja génese data de 24 de junho de 2008, quando a Assembleia Municipal de Barrancos, sob proposta da Câmara Municipal, aprovou a classificação do “Barranquenho como Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal”».

Trata-se de «uma língua (dialeto) com tradição oral, estudada por vários linguistas e investigadores, com destaque para o Prof. Leite de Vasconcelos, nos anos 1930, e mais recentemente, desde 1981, a Profª Maria Victória Navas, Lindley Cintra, Manuel Joaquim Delgado e ainda, o contributo importante da Universidade de Évora/CIDEHUS», acrescenta a autarquia.

A lei entra em vigor 30 dias após a sua publicação, mas ainda carece de regulamentação, que deve ocorrer nos 180 dias seguintes.

De acordo com o texto da nova lei, «o Estado Português reconhece o direito a cultivar e promover o Barranquenho, enquanto veículo de transmissão do património cultural imaterial, instrumento de comunicação e elemento de reforço de identidade da população de Barrancos».

Abre também portas ao ensino do Barranquenho nas escolas locais, jã que é «reconhecido o direito à aprendizagem do Barranquenho nas escolas, em articulação com a autarquia local e o agrupamento de escolas, em termos a regulamentar pelo Ministério da Educação».

O Barranquenho, enquanto língua, poderá ainda ser utilizado nos documentos oficiais, pelas «instituições públicas localizadas ou sediadas no concelho de Barrancos», que «podem emitir os seus documentos acompanhados de uma versão em Barranquenho».

É, finalmente, «reconhecido o direito a apoio científico e educativo, tendo em vista, designadamente, a investigação académica, a promoção da constituição de centros de estudo e documentação, o desenvolvimento de uma convenção ortográfica e a formação de professores de Barranquenho e da cultura local, em termos a regulamentar».

O Barranquenho, falado pelos habitantes de Barrancos, concelho situado na margem esquerda do Guadiana, paredes meias com Espanha, é usado no dia a dia por quase todos os cerca de 1300 habitantes da pequena vila e das aldeias e montes ali à volta.

Falam essa língua, que é uma mistura de Português mais arcaico, com um Espanhol dotado do sotaque cantado da Andaluzia, desde as crianças pequenas até aos mais velhos.

 

Oiça e veja aqui como se canta e se fala em Barranquenho:

 



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