A gestão da água, a requalificação das estradas, municipais ou nacionais, a intervenção integrada nos espaços urbanos, o aumento da atratividade do concelho para os jovens, através de programas de habitação, ou investindo em ecossistemas criativos e culturais, e uma maior centralidade para o património cultural. Estas são, em resumo, algumas das principais prioridades de Helder Guerreiro, novo presidente da Câmara Municipal de Odemira, enunciadas no seu discurso de posse.
Mas o novo edil destacou ainda o revés que atingiu o Clube Fluvial Odemirense, cujas instalações e equipamentos foram destruídas no sábado por um fogo criminoso. Hélder Guerreiro, logo no início da sua intervenção na cerimónia de instalação dos novos órgãos autárquicos, frisou que «este é o momento em que a comunidade de Odemira irá demonstrar a solidariedade que nos caracteriza e fará desta tragédia o princípio de um novo futuro para o CFO». Ontem mesmo, anunciou, logo após a cerimónia, o novo executivo teve «uma reunião com a direção do CFO».
«Isto representa também o trabalho de proximidade que teremos com todas as coletividades do nosso concelho», salientou.
E porque se trata do início de um novo ciclo autárquico, Helder Guerreiro fez questão de recordar o trabalho dos autarcas que o antecederam. «Tento imaginar como se terão sentido, neste mesmo dia, o Justino Santos, o Cláudio Percheiro, o António Camilo e o José Alberto Guerreiro. Imagino que tenham sentido este mesmo entusiasmo que resulta do medo de tudo querer fazer e por todo o lado querer começar».
«Suceder ao José Alberto Guerreiro significa suceder a um amigo, alguém com quem partilhei muitos dias da minha vida, muitas horas difíceis», acrescentou, com alguma emoção.
O autarca cessante, que falara antes, já tinha deixado «votos para que, ao novo presidente da Câmara e à sua equipa, não falte o mesmo apoio e a inspiração necessária para continuar a fazer do nosso concelho um “concelho Odemirável”, com elevada qualidade de vida para os residentes e cada vez mais atrativa para os investidores e visitantes».
«Ao longo destes mais de 23 anos na Câmara Municipal, muitas foram as soluções encontradas para inúmeros problemas, mas foram também muitos os que não se conseguiram resolver. Assim foi e assim será, num mundo que vive permanentemente em enormes tormentas e desafios, a que Odemira não é alheio», acrescentou José Alberto Guerreiro, que chegou ao fim do seu terceiro mandato consecutivo como presidente da autarquia, mas que já antes integrara o executivo presidido por António Camilo.
«Odemira é um território singular de enorme riqueza de recursos e pessoas, de diversidade ímpar, de oportunidades e desafios sem fim. Cabe ao novo presidente eleito liderar e motivar a equipa que escolheu para a missão que abraçou, com a dedicação, empenho e responsabilidade que a função exige, na defesa dos nossos interesses coletivos, enfrentando adversidades e desafios, tantos quantos surjam, elevando Odemira ao pódio da região», disse ainda o edil cessante José Alberto Guerreiro.
E não são poucos os «desafios» que esperam o novo executivo municipal liderado por Helder Guerreiro.
Numa cerimónia de tomada de posse que teve lugar ao ar livre, no Jardim Sousa Prado, junto ao Cineteatro Camacho Costa, com a plateia cheia e dezenas de pessoas a assistir, à sombra, o novo presidente da Câmara de Odemira começou por falar da «construção participada de um Fórum do Território», órgão consultivo que «será o espaço para experimentarmos novos modelos de governança, com base nos objetivos do desenvolvimento sustentável e com base na participação informada das pessoas».
E será nesse «espaço, onde todos podem participar, que procuraremos chegar a consenso sobre o uso sustentável do nosso mais relevante bem comum, a água».
«Sobre este tema, mesmo que pareça difícil o acordo entre utilizadores e mesmo que o cenário futuro, em termos de precipitações, não seja animador, estamos destinados a chegar a um consenso que implique a salvaguarda das nossas reservas futuras de água», defendeu o autarca, que avisou que iria defender a água «de forma intransigente».
Quanto às estradas, neste que é o maior concelho do país, sejam elas municipais ou nacionais, a «preocupação será na continuada melhoria das vias existentes, permitindo assim uma mobilidade interna, com mais segurança e conforto».
Outro desafio é «a intervenção integrada nos nossos espaços urbanos, onde, para além de requalificar, importa revitalizar», ou seja, «dar vida económica, social e cultural às nossas vilas e aldeias, tornando-as espaços de bem estar».
É que, anunciou, «queremos fomentar a coesão territorial com equidade, puxando pelo valor diferenciado de cada lugar, olhando e intervindo de forma diferente sobre o que é diferente». «É neste modelo que devemos assumir, com cada Junta de Freguesia, o reforço de uma parceria bilateral».
O novo executivo irá ainda promover a «atratividade de Odemira para os nossos jovens», investindo «em modelos e formas de promoção de habitação, que permitam a sua autonomia sem que, com isso, hipotequem o seu futuro».
Nesse âmbito, acrescentou Helder Guerreiro, será feita também uma aposta «em modelos de apoio à concretização de projetos de vida, onde o receio do risco e a realidade de falhar se constituam apenas como um processo de aprendizagem para uma nova tentativa».
Isso passará, por exemplo, por «investir em ecossistemas criativos e culturais, onde os jovens participem e sintam realização social, sintam que é aqui que querem viver e trabalhar».
Mas a Câmara de Odemira irá dar ainda uma nova «centralidade» ao património. Haverá a revitalização do «programa de exposições definido no projeto o Museu Somos Todos», ao mesmo tempo que será integrada «a programação cultural num modelo transversal», para «todos os públicos e todas as expressões artísticas».
Em 2022, prometeu o novo edil, será construída, «de forma participada, uma estratégia local de valorização do património cultural, que nos permita uma ação de médio e longo prazo».
Mas, já no corrente ano de 2021, começará a ser pensado o «processo de renovação do programa do Abril em Odemira», bem como o «processo crescente de valorização do Feriado Municipal, como um evento à escala de todo o concelho».
Salientando que «o poder autárquico é aquele que mais impacto tem na vida das pessoas», Helder Guerreiro deixou ainda um «profundo agradecimento pelo legado que [os autarcas anteriores] foram capazes de nos deixar». Com José Alberto Guerreiro e António Camilo na plateia, este agradecimento do novo presidente arrancou uma prolongada salva de palmas entre os restantes eleitos, convidados e demais cidadãos que assistiam à cerimónia.
Quanto ao seu mandato, que ontem se iniciou, o presidente da Câmara Helder Guerreiro concluiu: «não podemos deixar ninguém para trás, porque não podem existir pessoas invisíveis. Todos e todas contam, todos e todas contarão!»
Os trabalhos de instalação dos novos órgãos autárquicos foram dirigidos de forma expedita por Ana Aleixo, presidente cessante da Assembleia Municipal, que viria a ser reeleita para o mesmo cargo pouco depois, durante a primeira reunião da nova AM. Como 1ª secretária foi eleita Maria Manuela Moreira e como 2º secretário Amâncio da Piedade, ambos do PS.
Na Câmara Municipal de Odemira, tomaram posse o presidente Hélder Guerreiro (PS), bem como os vereadores Ricardo Cardoso (PS), Raquel Domingos (PS), Pedro Ramos (PS) e Isabel Raposo (PS), e ainda Sara Marcelino (CDU) e Luís Cardoso (CDU).
Na Assembleia Municipal de Odemira, tomaram posse os 21 deputados eleitos diretamente (11 do PS, 6 da CDU, 2 da Coligação PPD/PSD-CDS/PP, um do Bloco de Esquerda e um da Iniciativa Liberal) e os 13 presidentes das Juntas de Freguesia.
Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação
Os cidadãos eleitos para o quadriénio 2021/2025 no Município de Odemira são:
Para a Câmara Municipal
PS: 5 mandatos | CDU: 2 mandatos
1º Mandato: Hélder António Guerreiro (PS)
2º Mandato: Sara Cristina Ramos Marcelino (CDU)
3º Mandato: Ricardo Filipe Nobre de Campos Marreiros Cardoso (PS)
4º Mandato: Raquel Alexandra Lourenço Vicente e Silva Domingos (PS)
5º Mandato: Luís Carlos Lima Cardoso (CDU)
6º Mandato: Pedro Miguel Viana Rebelo Ramos (PS)
7º Mandato: Isabel Vieira da Silva Palma Raposo (PS)
Para a Assembleia Municipal
PS : 11 mandatos | CDU: 6 mandatos | Coligação PPD/PSD-CDS/PP: 2 mandatos | BE: 1 mandato | IL: 1
1º Mandato: Ana Maria de Oliveira Aleixo (PS)
2º Mandato: Nuno Góis da Costa Nogueira (CDU)
3º Mandato: António Manuel Viana Afonso (PS)
4º Mandato: Maria Manuela Gonçalves Moreira (PS)
5º Mandato: João Palma Quaresma (CDU)
6º Mandato: Miguel Forte Prista Monteiro (PS)
7º Mandato: Ana Clara Guerreiro Gonçalves Silva de Oliveira (PS)
8º Mandato: Vera Lúcia Montes Raposo (CDU)
9º Mandato: Manuel Pedro Gonzalez Fontinhas Lameira Serralha (PPD/PSD-CDS/PP)
10º Mandato: António Paulo Correia Maeiro (PS)
11º Mandato: Ventura José Crujo Ramalho (BE)
12º Mandato: Ricardo Jorge Ruas Cesário (CDU)
13º Mandato: Joana da Silva Guerreiro Gregório (PS)
14º Mandato: Ana Paula Marques Pereira (IL)
15º Mandato: Amâncio Francisco Mendes da Piedade (PS)
16º Mandato: João Pedro da Silva Cruz (CDU)
17º Mandato: Sofia Marisa da Costa Ferreira (PS)
18º Mandato: Marcelo do Carmo Pacheco da Silva (PS)
19º Mandato: Maria Luísa Vilão Palma (CDU)
20º Mandato: Fernanda Isabel Ramos Guerreiro de Almeida (PPD/PSD-CDS/PP)
21º Mandato: Tânia Cristina Guerreiro Neves (PS)
Presidentes de Junta de Freguesia (membros da Assembleia Municipal por inerência):
– Boavista dos Pinheiros » Miguel Lourenço (PS)
– Colos » Manuel Penedo (PS)
– Longueira/Almograve » Maria da Glória Pacheco (PS)
– Luzianes-Gare » Teresa Bernardino (CDU)
– Relíquias » Daniel Balinhas (CDU)
– Sabóia » Fernando Guerreiro (PS)
– Santa Clara-a-Velha » Fernando Peixeiro (PS)
– S. Luís » Manuel Campos(CDU)
– S. Martinho das Amoreiras » Nuno Duarte (PS)
– S. Salvador e Santa Maria » Mário Santa Bárbara (CDU)
– S. Teotónio » Dário Guerreiro (PS)
– Vale de Santiago » Inês Hilário (PS)
– Vila Nova de Milfontes » Francisco Lampreia (PS)
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