Agricultores do Baixo Alentejo apreensivos com consequências “dramáticas” provocadas pelo preço dos combustíveis

Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo apela à intervenção da tutela

Rui Garrido, presidente da FAABA

«Tendo em conta o aumento brutal que grande parte dos fatores de produção tem vindo a sofrer, em especial neste último ano, pensamos que chegou a altura de alertar o Ministério da Agricultura, que muitas vezes não se apercebe do que se passa no terreno, bem como a população em geral, nomeadamente a urbana», disse Rui Garrido, presidente da Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA).

 

 

A Federação alertou, em comunicado, para os “aumentos dos combustíveis” que diz fazerem “disparar os custos de fatores de produção para a agricultura”.

A FAABA considera que “está a ser observada uma escassez generalizada na oferta de produtos e matérias-primas que estão a provocar uma escalada generalizada de aumentos de preços de que não há memória recente, e sem um fim à vista”.

“Sem querer criar alarmismo”, a Federação mostra-se “preocupada com as consequências desta realidade tanto na produção, como pelo facto de a mesma poder acarretar consequências, também, para os consumidores.

Nesse sentido, apela “às estruturas governativas e políticas nacionais para que sejam tomadas medidas que mitiguem os efeitos do aumento dos custos de produção e da eventual perturbação da oferta”.

Segundo a FAABA, com o aumento do preço dos combustíveis, “o gasóleo agrícola sofreu um agravamento de 44% entre outubro de 2020 (0,66€/l) e outubro de 2021 (0,95€/l)”.

Em relação à última campanha (desta época de Outono/Inverno), os adubos utilizados nas sementeiras tiveram aumentos “absolutamente proibitivos e asfixiantes”, situando-se entre 82% e 126%, sublinha o comunicado.

Esta estrutura federativa do Baixo Alentejo frisa, ainda, que “o impacto na cultura do trigo é um exemplo paradigmático. Enquanto na campanha do ano passado, os encargos com a cultura rondavam os 540€/ha, este ano, as contas apontam para um valor na ordem dos 815€/ha, o que inviabiliza esta cultura, especialmente em sequeiro”.

“As culturas permanentes e de Primavera/Verão já foram afetadas na presente campanha agrícola”, realça.

“No caso do olival, e considerando só os combustíveis, fertilizantes e agroquímicos, ocorreu um aumento de aproximadamente 300€/ha nos custos de produção, o que corresponde a um incremento de 13%”.

“Se nada acontecer para contrariar esta tendência, prevê-se que, na próxima campanha, estes aumentos sejam superiores a 500€/ha, ou seja, um agravamento dos custos dos fatores de produção sempre superior a 20%”, alerta a FAABA.

 



Comentários

pub