Clarinet Factory leva Sines ao sabor da corrente até às Terras sem Sombra

Ensemble checo Clarinet Factory apresenta no Centro de Artes de Sines uma original viagem pelo universo de ritmos, géneros e estilos contemporâneos musicais

O Festival Terras sem Sombra regressa a Sines, no fim de semana de 21 e 22 de Agosto, para apresentar, no Centro de Artes, um concerto pelos talentosos clarinetistas checos do ensemble Clarinet Factory.

Este ano sob o signo do mar, as propostas do festival para a capital atlântica do Alentejo incluem ainda uma atividade em torno da pesca e do património cultural a ela associado (21 de Agosto, 15h00) e uma ação de salvaguarda da biodiversidade que incide na riqueza do pescado da região (22 de Agosto, 9h30).

Em Sines, o mar vai ser o elemento omnipresente nas ações de património e de salvaguarda da biodiversidade e, também, evocado no título do concerto pelo Clarinet Factory: “Ao Sabor da Corrente: Um Itinerário Musical do Século XXI”.

O quarteto checo de clarinete e voz – formado por Jindřich Pavliš, Luděk Boura, Petr Valášek e Vojtěch Nýdl – move-se nas fronteiras entre a música clássica e a contemporânea, o jazz, a world music, a música eletrónica e os projetos interdisciplinares de marcado carácter inovador, num percurso singular que lhe tem granjeado reconhecimento internacional e a presença nas mais importantes salas da Europa. Tendo recebido diversas distinções, o currículo do ensemble inclui ainda a concepção e produção de música para filmes, peças de teatro e dança.

A proposta musical que o Clarinet Factory traz ao Alentejo abrange um repertório que, nas palavras de um dos membros do ensemble, também celebrado solista, Jindřich Pavliš, “narra uma história imaginária em torno da eterna procura que caracteriza o nosso percurso, trazendo a lume um pouco do que vislumbrámos e do que nos tocou, de um modo mais penetrante, ao longo das viagens do ensemble pelas quatro partidas do mundo”.

Nas composições e improvisações do quarteto, refletem-se assim, uma reflexão artística acerca da sua própria experiência que brota do conhecimento de povos, culturas, paisagens, gastronomias e, evidentemente, tradições musicais.

Conforme descreve o músico: “Amamos a música popular da Chéquia e da Morávia. Amamos Smetana e Dvořák pela sua paixão, Debussy pelo seu colorido, e Bach pela sua estrutura intemporal. Amamos Stravinsky, Janáček e Messiaen pelas suas experiências com os sons da natureza e da palavra e Gershwin pelo seu encontro com o jazz”.

Dessa paixão resulta um encontro original de géneros, estilos e autores que promete cativar e entusiasmar a audiência.

 

 

No mar, em defesa do património e da biodiversidade

A anteceder a viagem musical ao sabor da corrente do Clarinet Factory, o Festival Terras sem Sombra lança um olhar ao mar que se espraia sem fim no horizonte de Sines.

A ação de património está marcada para a tarde de sábado, às 15h00. Sob a orientação, entre outros peritos locais, de Ricardo Estevam Pereira (arquiteto) e Francisco Chainho (pescador), traça uma panorâmica da pesca, atividade profundamente enraizada na história da localidade e do seu concelho, tendo como pano de fundo a vida e a faina, os usos e os costumes dos pescadores, com destaque para o património cultural, que lhe está associado. O foco da iniciativa incide no conhecimento das artes e embarcações tradicionais de pesca utilizadas ao longo da costa sineense.

Na manhã de domingo (9h30), o mar volta a estar no centro das atenções. A ação de Salvaguarda da Biodiversidade, orientada por especialistas do Laboratório de Ciências do Mar, da Universidade de Évora, incide sobre os peixes, moluscos e crustáceos extraídos na região de Sines, com vista a conhecer o seu nome vulgar, modo de vida e de reprodução, distribuição e abundância, métodos de captura e interesse comercial.

Dirigem esta etapa do Terras sem Sombra os biólogos João Castro, Teresa Cruz, Teresa Silva, Susana Celestino, Cristina Espírito Santo, Paula Coelho e André Costa.

São também analisadas questões relativas à exploração e conservação dos recursos pesqueiros e a sobrevivência de espécies ameaçadas pelo incremento da actividade humana ou pelas mudanças climáticas.

O Festival Terras sem Sombra é uma temporada cultural que, em itinerância por diversos concelhos do Alentejo, propõe um programa que abarca a música erudita, o património e a salvaguarda da biodiversidade.

As atividades acontecem aos fins-de-semana e são de entrada livre, sujeitas às regras sanitárias em vigor decorrentes da atual situação pandémica.

O próximo destino Terras sem Sombra é Ferreira do Alentejo (4 e 5 de Setembro), onde terá lugar um concerto pelo pianista Laurence Aliganga, que interpretará sonatas de nomes maiores da música mundial, como Scarlatti, Beethoven ou Liszt. A 17ª temporada do Festival prossegue em Viana do Alentejo (11 e 12 de Setembro) e Odemira (18 e 19 de Setembro).

O Festival Terras sem Sombra é uma estrutura financiada pela Direção-Geral das Artes.

 

PATRIMÓNIO
Sines, 21 de Agosto, 15h00
Ponto de encontro: Centro de Artes de Sines
Atividade orientada por Ricardo Estevam Pereira (arquiteto) e Francisco Chainho (pescador)

O Homem e o Mar: Artes Tradicionais da Pesca
A pesca constitui uma atividade profundamente enraizada na história de Sines. Com a criação do complexo portuário e industrial, esse sector, outrora determinante na vida local, passou a ocupar uma posição secundária, mas não desapareceu.
A grande custo, conseguiu também sobreviver ao desmantelamento forçado pela política económica europeia, aproveitando a oportunidade para se renovar. Entre a tradição e a inovação, a pesca continua a ser uma força viva e, à semelhança do que sucedeu noutros tempos, a comunidade sineense mantém uma relação ambivalente com o Atlântico, que é simultaneamente – assinalou-o já Diogo Vilhena – o adversário a enfrentar e a figura paternal que dá o sustento.
Nesta iniciativa, traça-se uma panorâmica de um âmbito económico e social em rápida transformação, tendo como pano de fundo a vida e a faina, os usos e os costumes dos pescadores, e chama-se a atenção para o património cultural, que lhe está associado, com realce para as artes tradicionais da pesca e as embarcações utilizadas nesta faina.

SALVAGUARDA DA BIODIVERSIDADE
Sines, 22 de Agosto, 9h30
Ponto de encontro: Laboratório de Ciências do Mar, Univ. de Évora (Praia Vasco da Gama)
Atividade orientada por João Castro, Teresa Cruz, Teresa Silva, Susana Celestino, Cristina Espírito Santo, Paula Coelho e André Costa (biólogos)

O que o Mar Dá: Peixes, Moluscos e Crustáceos da Costa Alentejana
A pesca comercial na costa alentejana envolve geralmente embarcações e explora sobretudo ambientes subtidais, fazendo-se quase sempre a primeira venda do pescado numa lota.
Exceções: a apanha de percebe e outros mariscos, bem como a pesca à linha, cujo pescado raramente se transacciona nesse âmbito. Mais de 90% (em peso) do pescado comercializado nas lotas alentejanas descarrega no porto de Sines. As embarcações pesqueiras, essencialmente das frotas local e costeira, servem na pesca de cerco, de arrasto ou polivalente (usando sobretudo aparelhos de anzol, redes de emalhar e armadilhas).
Ao cerco corresponde a maior quantidade de pescado, nomeadamente pequenos peixes pelágicos, com realce para a sardinha. Porém, a pesca polivalente tem obtido preços mais elevados, devido ao valor comercial das principais espécies capturadas.
Esta atividade incide sobre peixes, moluscos e crustáceos extraídos na região de Sines, com vista a conhecer o seu nome vulgar, modo de vida e de reprodução, distribuição e abundância, métodos de captura e interesse comercial. São também observadas artes e embarcações e analisadas questões relativas à exploração e conservação dos recursos pesqueiros.

 

MÚSICA
Sines, 21 de Agosto, 21h30
Local: Centro de Artes de Sines

Clarinet Factory
Clarinete, voz Jindřich Pavliš, Luděk Boura, Petr Valášek, Vojtěch Nýdl

Programa “Ao Sabor da Corrente: Um Itinerário Musical do Século XXI”

Star track*
B-A-C-H*
Traincid*
Vltava (Sylvain Chauveau Remix)*
Luda’s Dance***
Naftalíh*
Glass Story**
Out of Home**
Jordan*
L’ Amour**
Wild Goose**
Hikari*

* Clarinet Factory
* Clarinet Factory e Alan Vitouš
*** Clarinet Factory e Joe Acheson

BIOGRAFIA

CLARINET FACTORY
Constituído há vinte anos, este quarteto de clarinetistas move-se nas fronteiras entre a música clássica e a contemporânea, o jazz, a world music, a música eletrónica e os projetos interdisciplinares de marcado carácter inovador, traçando um percurso singular que lhe tem granjeado reconhecimento internacional.
Do seu vasto currículo fazem parte as distinções obtidas nos Classic Prague Awards e na American International Songwriting Competition, a par de atuações em programas da BBC, em concertos com Bobby McFerrin e em colaborações com as principais orquestras checas.
O ensemble tem concebido e produzido música para filmes, peças de teatro e dança. Trabalha regularmente com o percussionista Alan Vitouš, as cantoras Lenka Dusilová, Iva Bittová e Jana Koubková, e com o artista plástico e escritor Petr Nikl, entre outros.
Jindřich Pavliš iniciou a carreira artística no Conservatório de Pardubice, aprofundou os estudos na Academia das Artes Performativas (AMU) de Praga e estagiou no Conservatório Nacional Superior de Paris. É membro da Filarmonia de Praga e ensina Clarinete no Conservatório de Pilsen.
Luděk Boura formou-se no Conservatório de Pardubice e na Academia das Artes Performativas de Praga, concluindo a especialização na Universidade das Artes de Utreque. Integra a Orquestra da Ópera Nacional de Praga.
Petr Valášek, também formado no Conservatório de Pardubice e na Academia das Artes Performativas de Praga, é um experiente intérprete de jazz, destacando-se pela capacidade improvisativa e pela habilidade multi-instrumental. Ensina Saxofone no Conservatório de Pilsen.
Vojtěch Nýdl associou aos estudos no Conservatório de Pardubice e na Academia das Artes Performativas de Praga o mestrado no Conservatório de Vevey e o estágio no Conservatório Nacional Superior de Paris. Pertence à Filarmonia de Praga e à Orquestra Sinfónica da Rádio Checa. Ensina Clarinete no Conservatório de Pilsen.

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