Beja é a sexta paragem da 17ª edição do Festival Terras sem Sombra

Música barroca checa, panorâmica da história da cidade a partir do Castelo e produção artesanal da cal vão estar em destaque

O Festival Terras sem Sombra continua a percorrer o território alentejano, nesta 17ª edição. No próximo fim-de-semana, o evento que pretende construir pontes entre o património edificado religioso e a música, ao mesmo tempo que divulga os aspetos mais interessantes e genuínos da paisagem e biodiversidade, visita a capital do Baixo Alentejo: Beja.

O Sul Informação esteve à conversa com António José Falcão, diretor-geral do Terras sem Sombra, que, além de apresentar aquilo que está preparado em termos de programação para o próximo fim-de-semana, faz um balanço das iniciativas realizadas até ao momento, que já aconteceram em cinco localidades: Barrancos, Alter do Chão, Arraiolos, Santiago do Cacém e Castelo de Vide.

Oiça aqui a conversa na íntegra:

Relativamente à passagem do Festival por Beja, José António Falcão frisa que “vão ser três dias de atividade que se iniciam na manhã de sexta-feira, dia 6, com “A Flauta Deambulante do Flautista de Hamelin: Uma História da Flauta, contada por ela mesma e pelo Eufónio”.

A iniciativa pretende apresentar de maneira didática, construindo novos públicos, a música erudita, vulgarmente designada de música clássica.

O concerto, de entrada livre e vocacionado para todos os públicos, insere-se na programação “Onde a Vida Acontece”, projeto co-financiado pelo Alentejo 2020, Portugal 2020 e União Europeia, através do FEDER numa parceria entre a Câmara Municipal de Beja e a entidade promotora, a Pedra Angular.

É no Jardim Público da capital baixo-alentejana que este evento, com um cunho “divertido” e “didático” irá realizar-se, num momento definido pelo responsável como “bastante interessante”, na medida em que irá proporcionar ao público, um diálogo entre um flautista (Simão Correia) e um pastor (João Rosário).

 

Como é apanágio do Festival Terras sem Sombra, que cumpre, este ano, a sua 17ª edição, a programação de sábado arranca, dando a conhecer “um aspeto menos divulgado da história local”.

Em Beja, o destaque será dado àquele que é o monumento emblemático da cidade: o Castelo, numa visita guiada pelo próprio diretor do evento, historiador de arte que investiga, há longos anos, o património artístico da cidade.

Trata-se de uma fortaleza gótica, cuja construção teve início no século XIII, após a conquista cristã, prolongando-se pelos séculos XIV e, possivelmente, XV. A imponente torre de menagem, com quase 40 metros de altura, é considerada como uma obra-prima da arquitetura militar gótica europeia e é, talvez, o mais emblemático monumento pacense.

José António Falcão refere que se trata de “uma espécie de lição viva sobre a história local”, uma vez que, “nós não conseguimos compreender a história de Beja, se não utilizarmos de alguma maneira, a referência sistemática a esta fortaleza na planície”.

É na noite de sábado, que a partir das 20 horas, o Festival Terras sem Sombra apresenta, no Teatro Pax Julia – com entrada livre, mediante reserva – aquele que José António Falcão considera ser “o grande momento da programação do fim-semana”.

Um concerto único, em Portugal, protagonizado pela Orquestra de Câmara Música Florea, um dos mais reputados ensembles europeus no campo da interpretação estilisticamente informada, que interpretará um programa notável de música barroca checa, “muito adaptado à identidade de Beja”.

 

O seu repertório abarca a música de câmara, as peças sacras e seculares de carácter instrumental e vocal, os concertos orquestrais e as obras monumentais de género sinfónico, operático e oratório, dos primórdios do Barroco ao século XX.

Trata-se, de acordo com o responsável, de um concerto preparado com muita atenção, que leva a Beja o melhor agrupamento checo dentro daquele género musical, a que se junta a soprano Anna Hlavenková, sob a direcção musical de Marek Štrynclum.

“Deus, Pátria, Rei: A Música da Era Barroca em Praga” é o título do programa que promete o esplendor e a exuberância, vocal e instrumental, da música checa daquele período histórico.

No domingo de manhã, pelas 9h30, o Festival prossegue na freguesia de Trigaches, onde está ainda viva uma velha tradição de fabrico da cal em fornos, aproveitando os resíduos do mármore do mesmo nome, material que aí abunda e tem alimentado a construção da cidade e da região de Beja, ao longo dos tempos.

O objetivo é dar a conhecer uma prática ancestral e sensibilizar para a salvaguarda de um produto alentejano de excelência, numa visita guiada pela técnica municipal e investigadora Maria Goreti Margalha, doutorada em Engenharia Civil e docente no Instituto Superior Técnico.

 

 

Depois de Beja, o próximo destino Terras sem Sombra é Sines (21 e 22 de agosto) onde terá lugar o muito aguardado concerto dos checos do Clarinet Factory, um quarteto de clarinetistas que se move nas fronteiras entre a música clássica e a contemporânea, o jazz, a world music, a música eletrónica e os projectos interdisciplinares de marcado carácter inovador.

A 17.ª temporada do Festival prossegue em Ferreira do Alentejo (4 e 5 de setembro), Viana do Alentejo (11 e 12 de setembro) e Odemira (18 e 19 de setembro).

 

 

 

 
 



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