Ambientalistas saúdam proibição da caça à rola decidida pelo ICNF, caçadores criticam

Esta proibição entrou em vigor na passada terça-feira, 3 de Agosto, e foi justificada pelo ICNF com «o decréscimo populacional» desta espécie

A associação ambientalista Zero concordou este domingo, 8 de Agosto, com a proibição de caça à rola-comum (streptopelia turtur), decretada pelo Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, mas, da parte das organizações de caça, há críticas à decisão do ICNF.

Esta proibição entrou em vigor na passada terça-feira, 3 de Agosto, e foi justificada pelo ICNF com «o decréscimo populacional» desta espécie que se encontra, inclusive, classificada com o estatuto de “Vulnerável” na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.

Ainda que seja uma medida «temporária», a associação Zero saudou este domingo, dia 8, a decisão do ICNF.

«Tendo em consideração que em Espanha foi estabelecida, desde início de Abril, uma moratória na caça à rola-comum (Streptopelia turtur), o Ministério do Ambiente e Ação Climática seguiu inevitavelmente, e bem, o exemplo do país vizinho», lê-se num comunicado.

Ainda assim, a Zero salienta que esta decisão «só peca por tardia».

«Não obstante a adoção desta medida ser mais do que sensata, foi infelizmente com um considerável atraso que o Ministério do Ambiente e Ação Climática viria a lidar com a necessidade urgente de proibir a caça à espécie antes da abertura da época venatória, uma vez que já se sabia desde início de Abril que as Comunidades Autónomas espanholas estavam a adotar a recomendação da Comissão Europeia», consideram os ambientalistas.

Palavras mais duras têm as organizações do setor da caça de primeiro nível que, em comunicado, criticam uma decisão tomada «sem qualquer consulta e discussão com as partes interessadas».

De acordo com estas organizações, esta medida «nunca poderia ter sido tomada unilateralmente, sem qualquer consulta e discussão com as partes interessadas».

Foram estas críticas que levaram o ICNF a emitir um esclarecimento público este domingo.

«Em 2019, e considerando a necessidade de preservação da espécie, foi equacionada a possibilidade de implementação imediata da proibição temporária da sua caça em Portugal, tendo a matéria sido amplamente discutida em conjunto com três organizações de caçadores, a saber, Associação Nacional de Proprietários e Produtores de Caça, Federação Portuguesa de Caça – FENCAÇA, Confederação Nacional dos Produtores de Caça e com a Coligação C6, composta por várias Organizações Não Governamentais de Ambiente», justifica o ICNF.

De resto, segundo esta entidade, a decisão de proibir a caça à rola não foi «adotada logo em 2019» por «não se encontrarem à data reunidas as condições», mas «foi consensual e reconhecido por todos que a inversão da diminuição das populações de rola-comum só se conseguiria com um esforço na melhoria e recuperação dos seus habitats, assim como através da implementação de uma gestão cinegética adaptativa, que teria de passar necessariamente por uma redução drástica dos períodos de jornadas da caça».

Além disso, de acordo com o ICNF, «as questões relacionadas com a preservação desta espécie têm vindo a ser abordadas em várias reuniões de trabalho organizadas pela Comissão Europeia (COM), para as quais foram convidadas e marcaram presença, algumas das organizações» de caça.

Segundo este instituto, «o longo período de discussão a que foi sujeita a proibição da caça à rola em Portugal, a diversidade de ocasiões em que foi possível colher as opiniões das entidades participantes e o consenso obtido entre todos torna inexplicável e inaceitável que qualquer destas organizações possa dizer que foi surpreendida».

«A decisão de proibição da caça à rola em Portugal foi consensualizada entre o ICNF, a ANPC, a FENCAÇA, a CNPC e as ONG de Ambiente integrantes do C6 desde 2019, tendo-se à data fixado as condições em que tal cenário seria possível, o que veio a ocorrer no passado mês de Julho, tendo-se desta forma concretizado a referida proibição», garante o ICNF.

Da parte das organizações de caça, são vincados os «investimentos avultadíssimos», feitos pelas zonas de caça.

Agora, o prejuízo «é algo pelo qual o Estado tem que se responsabilizar», concluem.

 

 



Comentários

pub