Há uma nova Variante a caminho de Olhão e cada vez se sabe mais sobre ela. Desta vez, não nos referimos a uma nova estirpe, mas sim à futura Variante à EN125 de Olhão, cuja proposta de traçado já foi apresentada à Câmara olhanense.
Pelo que se pode perceber, para já, esta será uma Variante boa, já que não vai obrigar a qualquer demolição, procurará cortar «ao mínimo» o atravessamento de terrenos agrícolas e terá faixas dedicadas a moradores, de modo a que não haja entradas diretas para a via, promovendo a segurança rodoviária.
«A Infraestruturas de Portugal (IP) veio-nos apresentar, com a equipa a quem adjudicou o projeto de execução, a proposta de traçado da variante, já com algum nível de pormenor», explicou ao Sul Informação António Miguel Pina, presidente da Câmara de Olhão.
Neste caso, a autarquia, apesar de ser uma parte interessada e de estar a ser envolvida no processo, como prova a apresentação promovida pela IP, não será a dona da obra, que será paga, na íntegra, com os fundos da chamada “bazuca” europeia, consubstanciada no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Como já se sabe há muito, esta via circular vai começar junto ao restaurante Barretão e terminará na rotunda de acesso à A22, que também serve a nova zona industrial, através de uma nova estrada que passará a norte da cidade de Olhão.
O projeto já foi sujeito a um Estudo de Impacto Ambiental, que foi alvo de consulta pública, e já recebeu luz verde das autoridades do Ambiente.
O traçado escolhido «leva a que não seja necessária nenhuma demolição de habitações e tenta atravessar o mínimo possível as explorações agrícolas».
«Uma boa parte do traçado tem quatro faixas, duas de rodagem, uma em cada sentido, e as outras duas, uma de cada lado, para dar acesso às habitações. Desta forma não há entradas diretamente para a via», segundo António Pina.
A nova infraestrutura terá um percurso com cerca de seis quilómetros e incluirá seis rotundas.
O trajeto ocupará, «sobretudo, terrenos baldios» e «permitirá libertar a cidade da poluição, insegurança e congestionamento provocados por milhares de carros que atravessam diariamente a Av. D. João VI (antiga EN125) rumo a outras cidades do sotavento algarvio», segundo a Câmara de Olhão.
Esta é uma obra que está prevista há mais de uma década e que não foi bem recebida por todos, apesar de há muito a população e a Câmara exigirem uma solução que permita tirar a pressão do trânsito da EN125 de dentro da cidade.
Num primeiro momento, moradores da zona para onde a estrada estava projetada uniram-se para contestar o traçado original.
Entretanto, a empreitada, que chegou a ser incluída na concessão Rotas do Algarve Litoral, de requalificação da EN125, foi deixada cair quando o governo PSD de Passos Coelho renegociou a Parceria Público Privada e retirou as obras entre Olhão e Vila Real de Santo António da concessão.
A obra havia de ser “ressuscitada” pelo primeiro Governo do socialista António Costa e foi agora incluída no PRR.
No que toca às polémicas do passado, o presidente da Câmara de Olhão diz que, «tanto quanto sabemos, uma comissão de moradores que se tinha constituído há alguns anos, tem conhecimento do traçado e não se opõe ao desenho».
Agora que a elaboração do projeto de execução já foi adjudicada, os projetistas «têm 250 dias para o elaborar».
«Isso faz com que, até ao final do primeiro semestre do próximo ano, o projeto execução tenha de estar terminado, para que a obra seja posta a concurso», disse.
«Com certeza que estará feita até 2026, pois isto será pago, integralmente, pelos fundos da “bazuca”. Todo o trabalho que foi sendo feito ao longo dos últimos quatro anos, permite estarmos, agora, em condições de aproveitar este dinheiro. Esta é a última oportunidade que temos e sei que vamos conseguir», rematou António Pina.
Fotos: Câmara de Olhão